“Extended Mind”: Crítica Genética, Narrativa Cognitiva e uma Nova Compreensão da Mente Modernista |
Faz exatos 35 anos, neste ano de 2014, que o crítico Louis Hay impulsionou o uso do termo “crítica genética” ao empregá-lo no título da coletânea Essais de Critique Génétique. Caracterizava, assim, um conjunto de estudos que se manifestavam desde meados dos anos 1960 e que potencializaram a formação de uma nova área. Desde então, a crítica genética conheceu vários desdobramentos na luta pela delimitação de seus objetos de estudo e pelo reconhecimento da área, uma vez que tradicionalmente a finalidade dos estudos de manuscritos era perceber melhor determinados aspectos do texto editado criticamente “sans varietur”. Ou seja, estavam subordinados à crítica textual, para a qual o único texto a que se deveria, de fato, atribuir valor literário seria o texto publicado (a versão tida como “original”).
A crítica textual era entendida na tradição acadêmica como sinônimo de filologia, sendo assim o único modelo filológico reconhecido. Por isso, a crítica genética, em seu início, muitas vezes acabou por ser confundida ou mesmo acusada de, ao invés de realmente se estabelecer como um novo campo de estudos, ser apenas uma reformulação (ou um “avatar moderno da filologia”, como chama Jean-Louis Lebrave) da “crítica de gênese”, que, como referimos, estava inserida numa consumada tradição filológica. Também sofreu certa resistência do meio acadêmico pelo fato de exortar em sua metodologia o domínio de práticas que envolviam a manipulação de novas tecnologias, desde o uso de equipamentos no escaneamento e mapeamento dos manuscritos ao conhecimento de softwares e programas computacionais que apareceram a partir dos anos 1980.
Cerca de quatro décadas depois das primícias da crítica genética, surge Modern Manuscripts: The Extended Mind and Creative Undoing from Darwin to Beckett and Beyond. Lançado no início deste ano,o livro já é em si uma prova não só de como a crítica genética conseguiu se firmar nos estudos literários, bem como uma demonstração das marcas deixadas pelos caminhos percorridos até agora na fundamentação da área. Uma das destacáveis mais-valias da obra é que ela aponta para potenciais linhas de investigação que ainda foram pouco exploradas, essencialmente no que tange a empregar a crítica genética não apenas como um fim de investigação – com a comparação entre edições de uma obra ou o confronto dela com os manuscritos, ou mesmo a análise metodológica de edições críticas, utilizadas em operações de recensão, estemática e correção ou fixação de texto –, mas em perceber como os estudos de gênese podem fornecer instrumentos que ajudam a averiguar hipóteses que se levantam na construção de uma tese, como veremos mais adiante.
Nesta obra, Dirk Van Hulle, professor de Literatura Inglesa da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, traz-nos dez extraordinários capítulos (distribuídos em duas partes) que não estão vocacionados somente ao âmbito dos fundamentos teóricos da área nem são dedicados exclusivamente ao trabalho pragmático dos estudos genéticos. Trata-se de um instigante livro que nos permite observar a aplicabilidade teórica da crítica genética em case studies. O autor demonstra uma apurada capacidade de síntese, com perspicácia para conjugar informações e exortar o comparatismo entre obras e métodos de escrita, entre distintas visões teóricas sobre um mesmo tema e entre áreas, promovendo sobretudo a interface entre crítica genética e narratologia cognitiva.
Modern Manuscripts nasce de uma conjectura teórica que vai sendo desvendada à medida que se avança na investigação dos estudos de caso. Apesar de ser um livro que circunscreve problemáticas assentidas por distintas obras e autores, fato é que todas elas estão ligadas ao fio condutor que se torna a ideia de “extended mind” ao longo da obra. No entanto, essa estratégia de desenvolvimento do argumento, se por um lado permite investigá-lo sob os mais diversificados ângulos, por outro acaba por criar demasiados nichos de investigação (sempre ligados ao eixo central) que são articulados por uma conspícua revisão da literatura, mas que por vezes não apresentam o aprofundamento do ponto de vista do autor.
A primeira parte de Modern Manuscripts, portanto do primeiro ao quinto capítulo, é pautada na investigação sobre o processo de elaboração de On the Origin of Species, publicado em 1859 por Charles Darwin. Dirk Van Hulle justifica que esta obra é central no desenvolvimento do argumento do seu livro porque – assim como para importantes pensadores como Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Sigmund Freud e Ferdinand de Saussure – concebe Charles Darwin como um dos intelectuais precursores do modernismo. Segundo o autor, as perspectivas instauradas pela noção de evolução apresentada pelo cientista inglês no século XIX foram cruciais para a preparação da atmosfera intelectual que deu origem ao período do modernismo. E dentre as ideias de Darwin que patenteiam a experiência da modernidade pela qual atravessariam os autores do século XX destaca-se a noção de processo, não propriamente no sentido restritivo positivista de progresso mas enquanto “going on”.
Neste âmbito, convém também mencionar que Dirk Van Hulle não desconsidera que o período da modernidade é bastante problematizado em termos de definições e recortes periodológicos, pelo que é preciso fazer uma distinção entre a modernidade como um projeto transversal a toda a sociedade e a modernidade enquanto programa estético. O primeiro seria oriundo de uma narrativa do Iluminismo, que mobilizou o poder da razão, o foco no progresso e a emancipação do pensamento (em que o centro do universo humano deixa de ser Deus e passa a ser o próprio homem), e que não obstante viria a culminar no programa estético da modernidade. Este, por sua vez, caracteriza-se por obras centradas na multiplicidade, na velocidade, na volatilidade e na vida urbana, sendo pautado por uma consciência temporal focada no presente. Para o autor, a corroborar a ideia de Matei Calinescu, o programa estético da modernidade tem várias faces, dentre as quais se inclui movimentos como o Modernismo, a Avant-Garde, o Decadentismo e o Pós-modernismo.
Em Modern Manuscripts, Dirk Van Hulle trabalha com uma definição de modernidade que abrange 150 anos, investigando sobretudo como as publicações dos ensaios de Baudelaire ajudaram a fundamentar o programa estético do modernismo. Também não prescinde da experiência do projeto da modernidade que envolve a sociedade como um todo, para além da figuração artístico-literária, incluindo neste domínio o desenvolvimento de novas pesquisas (no âmbito das ciências biológicas, médicas e sociais, por exemplo) a respeito de On the Origin of Species. É preciso ainda que se diga, nesta perspectiva, que com Modern Manuscripts pela primeira vez aquela obra de Darwin é analisada num trabalho de crítica genética que parte do ponto de vista dos estudos estéticos, cingindo-se ao campo das Humanidades, e não às esferas das ciências biológicas ou das interfaces entre ciências biológicas e ciências sociais.
Além disso, de forma inédita On the Origin of Species é estudado como um “avant-texte”, isto é, uma obra considerada não somente em sua versão finalizada mas como resultado de todo um processo de composição de que nos dá conta a documentação genética. Segundo a tipologia cartografada por Pierre-Marc de Biasi e utilizada por Dirk Van Hulle, essa documentação abrange cadernos, notas na marginália de livros, notas de leitura e notas de pesquisa, fragmentos exploratórios de escrita, planos de trabalho e compo-sições inacabadas, atualização de notas sobre projetos e anotação de ideias, esboços, esquemas, recapitulação de resumos, correção de provas.
O trabalho com um avant-texte, portanto, debruça-se sobre a análise crítica desses “manuscritos”, como é chamado o material genético que compõe o entourage do texto, o conjunto documental/arquivístico que funciona como um protocolo para a formulação da obra, na conceptualização de Daniel Ferrer adotada por Van Hulle. Nesse sentido, o avant-texte permite a reconstrução cronológica da escrita e pode funcionar, segundo Gérard Genette, como um paratexto, levando-se ainda em consideração que toda obra é uma complexa mediação entre autor, editor e leitor.
Dirk Van Hulle, que em seu livro analisa sobretudo os cadernos e as notas de leitura de Charles Darwin, chega à conclusão de que um dos mais importantes contributos do trabalho darwinista é o aspecto “dysteleological” de seu pensamento, uma vez que Darwin não concebe o presente como uma meta progressiva e não privilegia a espécie humana no quadro mais amplo da evolução. Quer dizer, a espécie humana não está obrigatoriamente sempre a se tornar melhor numa linha contínua de desenvolvimento, pelo que essa linha retilínea, uniforme e progressiva, nesta perspectiva, nem sequer existe – trata-se de uma noção do positivismo que confundiu progresso com evolução. Assim como ocorre com as demais espécies, o homem também está dependente do acaso que determina as combinações genéticas, cujos resultados tangíveis ao fenótipo, ou características observáveis de um organismo, serão determinantes no processo de seleção natural, onde só permanecem as espécies mais bem adaptadas ao ecossistema em que vivem.
Portanto, Charles Darwin, deste modo, contribuiu para a desestabilização da noção de um tempo fundamentado por relações sequenciais, vindo a exortar o surgimento de uma outra noção de tempo que povoará a mente modernista, então um tempo firmado por relações simultâneas que substituem a posição teleológica pela contingência de mundo. Van Hulle argumenta que o pensamento “dysteleological” darwinista, como precursor do moderno naturalismo filosófico que vê a existência como não tendo nenhum objetivo inerente ou causa final ou proposital, é imprescindível na compreensão do tempo plurilinear, concebido como um presente que, fixo em si enquanto se move adiante, é atingido por várias linhas de eventos com sentidos e direções diferentes.
A introdução dessas noções elaboradas por Darwin veio, então, a potencializar novos perspectivismos à literatura, facultando a criação de novas formas literárias e maneiras inovadoras de evocar a mente ficcional. Dentre elas, destaca-se o surgimento de construções literárias com múltiplas perspectivas ou focos, de escritores a explorarem as suas vivências e de mundos fenomenais concebidos a partir da interação entre os indivíduos e as suas circunstâncias culturais e materiais. Características estas, aliás, que seriam a progénie das narrativas heterodiegéticas com uma experimental e impressionista ênfase na subjetividade, nos estados de consciência, na fragmentação e na descontinuidade, pelo que vieram a se tornar transversais a muitos romances modernistas.
É assim que, segundo argumenta Dirk Van Hulle, a biologia acabou por desempenhar um papel importante na transição do realismo para o modernismo. Entre esses desdobramentos do pensamento darwinista, também é distinguida a concepção de David Herman de que há uma pujante concatenação entre as “storyworlds” e a construção Umwelt do mundo. Esta teoria se apropria de fundamentos das ciências biológicas para propor que o funcionamento do universo seja entendido com base no modelo de organização estrutural de um organismo. O mundo e a mente, portanto, sob essa perspectiva, são inseparáveis, uma vez que não podem ser concebidos senão como um só porque é a mente que interpreta o mundo para o organismo.
Não obstante, o estado progressivo da mente é o fio condutor de toda a investigação de Dirk Van Hulle. Para ele, o “looking within” utilizado na afirmação do modernismo foi criado pelos próprios escritores modernistas em resposta ao realismo, marcando uma tomada distinta de posição para contrastar com os escritores da geração anterior. Assim, alega que, ao invés de se continuar a reiterar essa dicotomia de que os realistas se concentraram no mundo externo enquanto o projeto modernista é apresentado como uma tentativa de entrar na mente das personagens, é preciso entender o modernismo por uma nova via, a da “extended mind”.
Esta noção, trazida à tona primazmente por Andy Clark e David J. Chalmers em 1998, questiona, com base na ciência cognitiva, o modelo inside/outside da mente, afirmando que os processos cognitivos não resultam de conexões exclusivamente “in the head” mas da interação constante do indivíduo com o ambiente externo, daí a noção de mente estendida. É neste ponto que Dirk Van Hulle alia o pensamento de Charles Darwin e o trabalho de crítica genética desenvolvido em On the Origin of Species à narratologia cognitiva.
Na perspectiva deste paradigma pós-cartesiano, a estrutura do texto reflete a maneira interativa com que a mente negocia oportunidades de interação com o ambiente. Os manuscritos, desse modo, seriam parte da “extended mind”, pois muitos escritores modernistas, de forma consciente ou intuitiva, exploraram a interação com os seus manuscritos de tal forma que não se pode desconsiderá-los como parte fundamental do processo cognitivo de criação. Para mais, um dos fatores que revelam como houve o crescimento dessa consciência dos escritores sobre a importância dos manuscritos é o fato de o século XX ser a “gold age of the contemporary manuscripts”, em que nunca se viu tantos escritores a terem o cuidado de preservar o material que depois veio a ser classificado como documentação genética. A tomada de consciência sobre esse mecanismo pelos escritores modernistas, baseando-se nas suas próprias experiências como “thinkers on paper”, por conseguinte, acaba por refletir o próprio ponto de vista desses autores a respeito da mente humana e desempenha um papel importante na evocação do funcionamento da mente das personagens nas narrativas.
Para Dirk Van Hulle, o paradigma da “extended mind” implica a reavaliação de muitos trabalhos críticos e teóricos sobre o modernismo. Seria preciso, conforme enuncia, que essas investigações passassem a considerar como premissa a preocupação dos modernistas com o processo criativo (do qual são provas os vestígios materiais) e os métodos utilizados pelos romancistas para evocar o funcionamento da mente ficcional. Na medida em que os manuscritos refletem o processo de pensamento e de escrita, argumenta-se que há uma conexão entre o ato de preservar os traços de produção das narrativas e os métodos de evocar a consciência das personagens. Pressupõe-se, assim, uma nova observação sobre o que os autores modernistas chamaram de “inward turn” para mostrar como a análise do funcionamento da mente do escritor pode conceder importantes informações à análise do funcionamento da mente das personagens.
É este aspecto de que trata, em suma, a segunda parte de Modern Manuscripts, simétrica em relação à primeira quanto à organização estrutural (cada parte tem cinco capítulos, sequenciados em “Prologue”, “Exogenesis”, “Endogenesis”, “Epigenesis” e “Epilogue”), mas centrada em casos de escritores modernistas que vão sendo investigados a partir de situações específicas, em vez de se centrar num só autor, como o faz a primeira parte.
O “prologue” da segunda parte traz referencialmente as obras de Joseph Conrad, Franz Kafka e Virginia Woolf num estudo que investiga a importância que a Psicanálise, criada por Sigmund Freud no final do século XIX, desempenhou na mente modernista ao fazer um apelo à introspecção, o que culminou na já mencionada “inward turn”. Na “exogenesis”, que compreende a análise de fontes externas consultadas no processo gradual de composição do texto, evoca as obras de James Joyce, Flann O’Brien e Samuel Beckett para estudar as relação dos escritores com as suas bibliotecas, enquanto na “endogenesis” investiga como traços de processos mentais tendem a ser arranjados ou rearranjados em vários projetos, considerando que o ato de reescrita serve como uma forma de pensar sobre o papel, de tentar organizar o pensamento através do ato de escrever.
O autor de Modern Manuscripts destaca no processo endogenético de escrita os momentos de dúvida, hesitação e decisão manifestados em vestígios de criação, como cancelamentos, omissões, cortes, revisões. Esta noção de incompletude contínua é sobretudo trabalhada em Paul Valéry e em Samuel Beckett, que, segundo argumenta, apresentaram uma nova imagem do escritor como sendo aquele que não dava por finalizadas as obras mesmo ao publicá-las e que continuava a trabalhá-las após a publicação.
É assim que Dirk Van Hulle, por fim, entra no domínio da “epigenesis”, com a análise, na literatura do século XX, de casos de continuação da gênesis mesmo depois da publicação. A obra de Samuel Beckett é investigada como uma das ocorrências mais intrigantes, pois Beckett, para além de fazer várias traduções (e introduzir alterações) de suas obras do Inglês para o Francês e vice-versa, estava constantemente a modificar os seus textos não propriamente enquanto escritor mas na qualidade de diretor de suas próprias peças.
Outros casos, ainda, dão conta de quando a gênese da obra de um escritor, incluindo o seu processo de desfazer criativo, é continuado por outro autor. Nesse sentido, Van Hulle analisa o livro Tree of Codes, lançado em 2010 por Jonathan Safran Foer, que resulta de recortes/apagamentos não apenas como condição metafórica mas como realidade material. Cada página possui um die-cut diferente que vai modificando o texto de The Street of Crocodiles, uma coleção de contos publicada em 1934 pelo escritor polaco Bruno Schulz. A conclusão a que se chega, assim, é que o desfazer criativo deixou várias cicatrizes textuais e que exigem métodos editoriais adequados de investigação, para os quais as correntes edições digitais podem oferecer soluções inovadoras. É com essa perspectiva que se caminha para o “epilogue”, que traz uma breve discussão de como tem sido concebida a crítica genética na era digital e o impacto do computador na construção do pensamento e na elaboração da escrita.
O autor alega que, se muito se discutiu que a era digital prejudicava a nossa preocupação com a durabilidade e que a crítica genética perderia, desse modo, o seu objeto de estudo, o que tem acontecido é justamente o oposto. Para Dirk Van Hulle, ao contrário do que os “prophets of doom in the 1980s” tendiam a afirmar, o uso de processadores de texto e dos demais recursos tecnológicos não levou à negligência ou extinção de versões iniciais, e sim à melhoria da consciência de que o texto publicado é apenas uma entre várias versões ou instâncias de uma obra.
Se com os textos impressos temos cabal controle sobre o material, no que tange ao mundo dos écrans (muitas vezes visto em função de uma “efemeridade” da informação) não seria tão diferente assim. O progresso computacional não só tem facultado salvaguardar os dados das mais distintas maneiras, como suscitado o desenvolvimento de programas que permitem “see every step you took” para versões escritas diretamente no computador. Tem permitido também novas formas de reagrupamento textual que fazem com que o encontro com a literatura (seja o texto escrito originalmente em papel ou no computador) passe a ser cada vez mais online. É de se fazer notar que não somente os textos escritos diretamente no computador é que circulam em rede, pelo que hoje há numerosos textos de progénie impressa que são digitalizados e coabitam o universo online. Nesse processo, ganham cada vez mais importância as imagens, com a possibilidade de se fazer fac-símiles digitais de manuscritos ou livros impressos e mapeamentos iconográficos das bibliotecas pessoais dos escritores. Não obstante, cresce o número de escritores que posta na Web versões de seus textos, compar-tilhando esses arquivos com o seu público.
Assim, se mais uma vez houve quem se preocupasse em desvanecer os alicerces da crítica genética, Modern Manuscripts revela como a área tem mostrado uma notável “adaptive capacity” (como vimos, uma das mais importantes noções introduzidas por Darwin), não só aclimatando os seus objetos de estudo aos novos meios, mas considerando as próprias mediações digitais como parte fundamentalmente integrada aos objetos de estudo que interessam às suas esferas de trabalho.
© 2014 Manaíra Aires Athayde.