As valas abertas
Álvaro Seiça
Resumo
as valas abertas ++ des fossés ouverts ++ open ditches é um poema composto por 40 linhas com o máximo de 80 caracteres por linha. O poema explora regras de composição e temas presentes no conto “A Biblioteca de Babel” (1941) de Jorge Luis Borges. O poema foi criado como resposta a um desafio, Langlibabex (2014), uma peça de poesia simultânea multilíngue desenvolvida em colaboração com Claire Donato e Luc Dall’Armellina.
Em as valas abertas ++ des fossés ouverts ++ open ditches coexistem níveis e funções plurais de modos de leitura, visto que o navegador e a voz humana reproduzem a leitura do código fonte com uma saída visual e emissão sonora distintas. A voz humana apresenta uma leitura literal do código HTML, enquanto que a leitura do navegador omite certas passagens que estão inseridas dentro de marcadores HTML inventados e não-estandardizados, que se relacionam com o corpo humano dentro do marcador <body>. Os vários corpos realçam fricções e tensões entre agentes humanos e não-humanos na sua relação com a linguagem e o código: as linguagens ditas “naturais” e as linguagens de programação.
Na altura em que o poema foi escrito, corpos vivos cavavam inúmeras valas abertas na Ucrânia, que estavam já destinadas a futuros corpos mortos, mas desconhecidos. O poema entrelaça este facto com os factos ficcionais de Borges. Foi composto e gravado em Paris, em Novembro de 2014, em português, inglês, francês e HTML. O poema e o ficheiro mp3 podem ser descarregados em http://alvaroseica.net/works/as-valas-abertas.html
Abstract
as valas abertas ++ des fossés ouverts ++ open ditches is a poem constrained by 40 lines with a maximum of 80 characters per line. The poem draws from constraints and themes addressed by Jorge Luis Borges’s short story “The Library of Babel” (1941). It has been created for Langlibabex (2014), a multilingual and simultaneous poetry piece developed in collaboration with Claire Donato and Luc Dall’Armellina.
In as valas abertas ++ des fossés ouverts ++ open ditches different levels and functions of reading co-exist, given that when the browser and human voice reproduce the reading of its source code the visual and sound outputs differ. The human voice provides a literal reading of the HTML code, whereas the browser’s output omits certain sections that are contained within invented—non-standardized—HTML tags relating to the human body, inside the tag <body>. The various bodies highlight frictions and tensions among human and non-human agents in relation to language and code: the so-called “natural” languages and programming languages.
At the time of the writing process, alive bodies were digging uncountable open ditches in Ukraine for soon-to-be, yet unknown, dead bodies. The poem weaves this fact with Borges’s fictional facts. It was composed and recorded in Paris in November 2014, in Portuguese, English, French, and HTML. The poem and the source mp3 file can be downloaded at http://alvaroseica.net/works/as-valas-abertas.html
© 2017 Álvaro Seiça.
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