Revista de Estudos Literários https://impactum-journals.uc.pt/rel <p>A <em>Revista de Estudos Literários</em> é uma publicação anual da Imprensa da Universidade de Coimbra e do Centro de Literatura Portuguesa (CLP), unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Incidindo sobretudo nos domínios da crítica e da teoria literárias, integrará, em cada número, uma secção temática e procurará acompanhar o movimento editorial consagrado ao ensaísmo literário em Português.</p> pt-PT <p>Os autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a&nbsp;<a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" target="_new">Licença Creative Commons Attribution</a>&nbsp;que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.</p> clp@ci.uc.pt (Centro de Literatura Portuguesa) clp@ci.uc.pt (Centro de Literatura Portuguesa) Sex, 26 Set 2025 10:58:43 +0100 OJS 3.2.1.1 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 NENHUMA MULHER É UMA ILHA ISOLADA: UMA LEITURA FEMINISTA PÓS-COLONIAL DE DINA SALÚSTIO E DE ANA PAULA TAVARES https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17735 <p>Situado no cruzamento entre os estudos de insularidade, o feminismo pós-colonial e as literaturas africanas de língua portuguesa, este artigo propõe uma leitura comparativa inédita da insularidade enquanto categoria feminista vivencial e solidária nas crónicas de Dina Salústio e Ana Paula Tavares. Articulando insularidade literal e simbólica, este trabalho desloca a metáfora da ilha de um paradigma de isolamento, periferia e confinamento, convencionalmente definido pelo olhar ocidental e continental, para um espaço de produção de solidariedade feminista transnacional. A partir da análise de crónicas selecionadas de <em>Mornas Eram as Noites</em> (1999) e <em>A Cabeça de Salomé</em> (2004), o artigo examina de que modo as experiências de violência, precariedade, memória traumática e confinamento, em termos doméstico, social e histórico, atravessam a vida das mulheres cabo-verdianas e angolanas no período pós-colonial. Demonstra-se que, longe de se limitar a uma condição de marginalização, a insularidade configura-se como um dispositivo narrativo e ideológico de resistência, de reinscrição da memória e de articulação coletiva das experiências das mulheres africanas, abrindo caminho para uma epistemologia feminista do Sul Global.</p> Peilin Yu Direitos de Autor (c) https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17735 Cabo Verde: o Novo Mundo que não saiu de África https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17734 <p>Nesta entrevista com o poeta cabo-verdiano José Luís Hopffer Almada (*1960), conduzida a 24 de novembro de 2025, nos espaços da Associação Caboverdeana (ACV), em Lisboa, guiamo-nos pelo intuito de criar um testemunho autobiográfico, em que a insularidade ocupa o ponto de partida de uma reflexão que começa na infância e que se ramifica numa ampla variedade de temas relacionados com as particularidades geográficas, culturais e literárias do arquipélago de Cabo Verde, e a relação pessoal do poeta com o seu pedaço de terra delimitado e o mar.</p> Doris Wieser, Beatriz Andrade Castanheira Direitos de Autor (c) https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17734 O processo de formação heterogênea da sociedade são-tomense na literatura de Olinda Beja https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17730 <p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo busca analisar como a literatura de Olinda Beja, autora de São Tomé e Príncipe, aborda o processo de formação da sociedade são-tomense, articulando ficção à história do arquipélago. A partir da leitura dos contos </span><em><span style="font-weight: 400;">A lenda do precipício</span></em><span style="font-weight: 400;"> e </span><em><span style="font-weight: 400;">Gratidão</span></em><span style="font-weight: 400;">, ambos da obra </span><em><span style="font-weight: 400;">Chá do Príncipe</span></em><span style="font-weight: 400;">, investigam-se os processos pelos quais a escritora representa tensões étnicas, sociais e econômicas que se consolidaram ao longo da história do país, projetando-se desde a estrutura pautada pelo tráfico negreiro no século XIX até meados no século XX. Para isso, será trabalhada uma perspectiva que alia o estudo literário à experiência histórica, contando com o apoio de estudos de cultura (com destaque ao conceito de Heterogeneidade, de Antonio Cornejo Polar) e de especialistas de São Tomé e Príncipe. Assim, o objetivo é compreender as diferenças e semelhanças literariamente constituídas a partir dos elementos ficcionais, pautados, por sua vez, em traços históricos estruturais da sociedade são-tomense, capazes de desvelar a persistência de desigualdades sociais e identitárias.</span></p> Vinícius Ferreira Modena Direitos de Autor (c) https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17730 THE PORTRAIT OF THE ISLANDS AND INSULARITY IN CAPE VERDEAN LITERATURE https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17728 <p>&nbsp;</p> <p><strong>RESUMO</strong>:</p> <p>A palavra insularidade vem de ilha<em>, insula</em> isolada no meio do mar. As ilhas ocupam um lugar de destaque na imaginação geográfica. São locais com uma poética especial, como dizia Bachelard (1957), e isso explica que circulem na sociedade tantos pressupostos e ideias feitas a respeito da insularidade. Por isso, são também objetos de escrita muito recorrentes na literatura que nunca deixou de fascinar o leitor viajante. Suas representações são múltiplas em narrativas ficcionais: espaço de isolamento e reconstrução; um lugar acolhedor e materno de sobrevivência ou um lugar de perda, inóspito e prisional, tornando a insularidade um tema nodular na literatura. Nessa senda, e a partir dos diferentes olhares e interpretações de viajantes e aventureiros que circulam pelas Ilhas de Cabo Verde, pela atração pelo “outro lugar”, assim como pela busca de inspiração literária, este artigo tem como objetivo apresentar&nbsp; a imagem das ilhas e da insularidade na literatura cabo-verdiana a partir da visão de escritores como&nbsp; Dina Salústio, Eileen Barbosa, José Luís Hopffer Almada e Vera Duarte.</p> <p><em>&nbsp;</em></p> <p><em>Palavras-chave</em>:&nbsp; Narrativas, Cabo Verde, Ilhas, Insularidade,&nbsp; Literatura.</p> Geni de Brito Direitos de Autor (c) https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17728 THE PORTRAIT OF THE ISLANDS AND INSULARITY IN CAPE VERDEAN LITERATURE https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17727 <p><strong>ABSTRACT</strong></p> <p>The word insularity comes from island, an isolated island in the middle of the sea. The islands occupy a prominent place in the geographical imagination. They are places with a special poetics, as Bachelard (1957) said, and this explains why so many assumptions and ideas about insularity circulate in society. For this reason, they are also very recurrent objects of writing in literature that has never ceased to fascinate the traveling reader. Its representations are multiple in fictional narratives: space of isolation and reconstruction; a welcoming and maternal place of survival or a place of loss, inhospitable and prisony, making insularity a nodular theme in literature. In this way, and from the different perspectives and interpretations of travelers and adventurers who circulate through the Islands of Cape Verde, by the attraction for the "other place", as well as by the search for literary inspiration, this article aims to present "the image of the islands and insularity" in Cape Verdean literature from the perspective of writers such as Dina Salústio,&nbsp; Eileen Barbosa, José Luís Hopffer Almada and Vera Duarte.</p> <p><em>Keywords</em>: Narratives, Cape Verde, Islands, Insularity, Literature.</p> Geni de Brito Direitos de Autor (c) https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/17727