Cantando alegremente em parques

encontros, apropriações e contradições na dinâmica da governança estatal na China urbana

Autores

  • Jun Zhang City University of Hong Kong

DOI:

https://doi.org/10.14195/2182-7982_39_5

Palavras-chave:

Não-movimento social, vidas mundanas, cultura pública, prática corporizada, política do espaço

Resumo

Cidadãos mais velhos que se envolvem em práticas casuais de canto coral em parques públicos — uma forma de “não-movimento social” — podem se tornar num ponto de enfoque para mostrar como as estratégias culturais e espaciais da governança estatal se enredam uma na outra, não sem atrito, numa cidade chinesa. Marginalizados pela nova economia urbana, os participantes nestas práticas de canto coral estão a apropriar-se de uma forma socialista mais antiga de cultura pública orquestrada pelo estado — que moldou os seus hábitos corporais durante os estágios iniciais de suas vidas — por razões de diversão e socialização. Por sua vez, o governo central apropria-se desta forma de lazer para tentar reanimar a cultura pública do Partido como meio de fortalecer a sua legitimidade política e promover uma sociedade harmoniosa. A reanimação desta cultura pública do estado, com a sua ordem espacial implícita, justifica a realização de reuniões em massa em espaços públicos e legitima a reivindicação do espaço público pelos participantes nos coros, apesar da economia urbana pós-socialista ter dado origem a uma nova ordem espacial que marginaliza tais atividades. Este artigo mostra como diferentes estratégias de governança estatal desenhadas para governar diferentes aspetos da vida com diferentes preocupações formuladas em diferentes momentos se cruzam entre si e com as práticas quotidianas dos cidadãos comuns. Tais encontros de estratégias de governança criam um espaço, ainda que vulnerável, para a criatividade no quotidiano do comum.

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Publicado

2022-12-12