Das lágrimas de Aiti aos diversos sonhares do povo Tuxá: mito, resistência, conflitos e territorialidade no contexto do rio São Francisco no nordeste brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7982_41_1Palavras-chave:
Povos indígenas, etnologia, direitos humanos, etnopsicologia, antropologia social, Mapas Subjetivos TerritoriaisResumo
Mediante o mito vivo referente ao nascimento do rio São Francisco, que decorreu em tempos primordiais, devido à tristeza e às lágrimas copiosas derramadas pela indígena Aiti, este artigo propõe uma reflexão a respeito da relação sociocultural-subjetiva entre o rio São Francisco e os povos indígenas. Realizou- -se, para tanto, um estudo etnográfico na aldeia mãe do povo Tuxá, no nordeste brasileiro, sobre os diversos conflitos ocasionados por políticas estatais de desenvolvimento socioeconómico que vêm, historicamente, impactando na inter-relação dos povos indígenas e o rio São Francisco. Este estudo revelou um novo entendimento do significado do mito nas sociedades ameríndias, desnudando-o do valor semântico da sociedade ocidental de “fábula”. O mito não cumpre a função restrita de explicação do surgimento dos fenómenos naturais, ele faz parte de uma cosmovisão ameríndia do religioso, pela qual se conectam seres espirituais com elementos da natureza; ao contrário do Estado, que tem negligenciado veementemente a cosmologia ameríndia e os sistemas ecológicos, nessa perspetiva, desenvolvendo megaprojetos como usinas hidrelétricas e de transposição do rio com o único objetivo de promover o desenvolvimento económico.
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