Não há planeta B: reflexões comparativas sobre engenharia hidráulica e epidemias zoonóticas no Vale do Jordão no Neolítico antigo e século XXI
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7982_40_1Palavras-chave:
ecossistema planetário, conhecimento humano, adaptação, construção de nicho, transição energéticaResumo
Este artigo debruça-se sobre a importância crítica do conhecimento, um traço fundamental da cultura humana, na coadaptação ambiental multiespécie e na coconstrução de nichos na história evolutiva humana. Baseia- -se em dois casos de engenharia hidráulica e epidemias zoonóticas associadas no Vale do Jordão, que tem feito parte da encruzilhada planetária da migração humana e do intercâmbio cultural (incluindo o intercâmbio de conhecimentos) desde tempos pré-históricos. O primeiro caso tem por base estudos arqueológicos da cidade neolítica de Jericó, tal como era há 10.000 anos, no que hoje conhecemos por Palestina, e o segundo baseia-se em trabalho de campo etnográfico por nós realizado num projeto de armazenamento hidroelétrico bombeado (PSH do inglês Pumped-Storage Hydropower) em construção desde 2017, a 110 km de distância de Jericó, localizado onde hoje se situa o Estado de Israel. Após observações recentes por parte de ecologistas de que a Terra se está a tornar num ecossistema único e no único nicho ecológico do ser humano, este artigo analisa comparativamente o conhecimento e o seu papel na construção de nichos às escalas local e planetária. Os habitantes neolíticos de Jericó eventualmente abandonaram a sua cidade devido a crises ecológicas e dispersaram-se em pequenas comunidades agro-pastoris para sobrevivência e readaptação. Hoje, como demonstrado no caso do PSH, os seres humanos não têm Plano(eta) B e devem adaptar-se a um ambiente em constante mudança através da inovação e da troca de conhecimentos. Apelamos para abordagens interdisciplinares no estudo de processos socioculturais de partilha e inovação de conhecimento que sejam adaptáveis às mudanças ecológicas atuais a nível planetário.
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