A Necrópole de Alapraia: o local do sono eterno de uma população humana. O que os restos ósseos humanos nos revelam sobre ela…
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7982_36_6Palavras-chave:
Necrópole de Alapraia, Neolítico final, espólio ósseo humano, gruta artificial II, Calcaneum secundarium, cúspide de talon, patologia traumáticaResumo
A Necrópole de Alapraia (Cascais), datada do Neolítico final, é constituída por quatro grutas artificiais escavadas entre os anos de 1889 e 1943. Restos ósseos humanos foram recuperados das grutas II, III e IV. Este espólio acabou por ficar esquecido e depositado no Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais, sem nunca ter sido estudado de modo aprofundado. Nos finais da década de 2000, foram localizados restos ósseos humanos da gruta II no antigo Museu Antropológico da Universidade de Coimbra e no Museu dos Serviços Geológicos, em Lisboa, o que levou ao estudo de todo o espólio ósseo humano recuperado da referida Necrópole. A maioria do espólio ósseo humano provém da gruta II. Nesta, foram depositados no mínimo 49 indivíduos, de ambos os sexos, dos quais 22 faleceram com menos de 15 anos. Destaca-se a presença de um osso supranumerário do pé, o calcaneum secundarium (2/8), e de uma cúspide acessória num incisivo lateral superior esquerdo (cúspide de talon), constituindo esta última o caso mais antigo documentado para o atual território português. Entre as patologias observadas, evidenciam-se as lesões traumáticas, todas remodeladas. Estas incluem uma fratura por depressão num crânio de um indivíduo adolescente, nas diáfises de um 5.º metacarpiano esquerdo, 4.º metatarsiano, falange distal do pé, além de um bloco (anquilose) de duas vértebras torácicas de adultos. De salientar ainda a pesquisa em documentação antiga que se revelou extremamente útil para reconstituir o percurso deste espólio ósseo antigo entre diversas instituições.
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