Ligando mundos: uma reflexão teórica sobre algumas precondições para realizar colaborações etnográficas em medicina de precisão
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7982_36_8Palavras-chave:
Medicina personalizada, medicina de precisão, laboratórios biotecnológicos, deep play, observação participante, colaborações etnográficasResumo
A medicina de precisão ou personalizada (MP) é uma abordagem biomédica inovadora que pretende prever, prevenir e tratar doenças estudando, à escala individual, o potencial patogénico da associação de fatores genéticos e ambientais. A MP é gerada no laboratório e os seus impactos serão observados fora do laboratório, designadamente, na alteração dos padrões de uso e de acesso aos cuidados de saúde por parte das populações. Tomando a MP como objeto de estudo, os antropólogos são instados a realizar uma dupla reflexão. A primeira consiste em perceber quais deverão ser as peculiaridades de uma etnografia capaz de captar e descrever os modos de conhecer e fazer dos bioengenheiros e de outros especialistas da biotecnologia dentro do laboratório. A segunda, de ordem mais analítica, consiste em identificar os indicadores revelados por essa etnografia que podem promover a interpretação da forma como esses modos de conhecer e fazer se apresentam, simultaneamente, como espelhos e caixas de ressonância de um dado arbítrio cultural situado a montante e a jusante do laboratório — de e para fora dele. O propósito deste artigo é refletir sobre a hipótese de a participação em projetos colaborativos poder fornecer as condições para a realização de tal etnografia.
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