Platão como artista

Autores

  • Christian Viktor Hamm Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasi

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_12_6

Palavras-chave:

Platão, arte mimética, diálogo-dialética, dramaturgia, comédia

Resumo

Tendo em vista a postura crítica de Platão relativa-mente à arte “mimética”, pode causar surpresa que quase todos os diálogos dele se apresentem, não obstante a riqueza e a variedade do seu conteúdo doutrinal, também como criações literárias de caráter eminentemente artístico, ou seja, como produtos poeticamente bem organizados, e, enquanto tais, pertencentes exatamente àquela arte “mimética” que ele, Platão, considera tão nociva e perigosa que até recomenda proibir e bani-la da cidade. O que pode explicar essa aparente contradição é o fato de a crítica platônica visar não simplesmente qualquer forma de produção artística, mas, em primeiro lugar, o ofício duvidoso daquele tipo de artista que, por não ter acesso à esfera da verdade, trabalha como ilusionista e criador de meros fantasmas e, praticando esta “arte”, pretende fazer se passar por sábio e educador competente do povo. Para quem conseguiu, no entanto, diferentemente de tal “imitador de sombras”, deixar para trás o mundo da ilusão e encontrar, ou, como o filósofo, construir o caminho para o verdadeiro saber, a arte mimética representa um recurso absolutamente legítimo, já que ela, neste caso, não se realiza mais em forma de uma “imitação” enganadora de determinados objetos, mas como reprodução dos mesmos de forma mais “correta” e mais fiel possível, constituindo, assim, um importante recurso para preparar e familiarizar o leitor com um modo particular de pensamento filosófico, o que significa em Platão: demonstrar que, para ele, um dos motivos mais importantes consistiu em mostrar que Filosofianão se reduz ao mero conhecimento de certas doutrinas filosóficas, mas significa, em primeiro lugar, aprender filosofar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

APELT, O. (1912) Platonische Aufsätze, Leipzig, Teubner.BRÖCKER, W. (1999) Platos Gespräche. Frankfurt a.M., Vittorio Klostermann.GADAMER, H. (1985) “Plato und die Dichter”, In: _____. Gesammelte Werke, Band 5: Griechische Philosophie I, Tübingen, J.C.B. Mohr (Paul Siebeck), p. 187 - 211.GRASSI, E. (1962) Die Theorie des Schönen in der Antike. Köln, DuMont. GRASSI, E. (1980) Arte como Antiarte. São Paulo, Livraria Duas Cidades, [= Tradução (incompleta) de Die Theorie des Schönen in der Antike, Köln 1962].HALLIWELL, S. (1997) “The Republic ́s Two Critics of Poetry”, in: HÖFFE, Otfried (Hrsg.), Politeia. Berlin, Akademie Verlag, p. 313 - 332.LAMER, H. (1956) Wörterbuch der Antike. Stuttgart, Alfred Kröner Verlag.RITTER, J.; GRÜNDER, K.; GABRIEL, G. (Hrsg.) (1971) Historisches Wörterbuch der Philosophie. 13 Bde. Basel,Schwabe Verlag. WILAMOWITZ-MOELLENDORF, U. (s.d.) Observationes criticae in comoediam Graecam selectae . Berlin, Schade.

Downloads

Publicado

2025-11-29

Como Citar

Hamm, C. V. (2025). Platão como artista . Revista Archai, (12), 57. https://doi.org/10.14195/1984-249X_12_6