Chamada de artigos: (Des)informação em tempos de incerteza: jornalismo, democracia e redes sociais
Chamada de artigos: Mediapolis- Revista de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público
Título: (Des)informação em tempos de incerteza: jornalismo, democracia e redes sociais
Prazo de submissão: 2 de janeiro de 2020
Publicação: segundo semestre de 2020
As fake news e os processos de desinformação e manipulação mediática não são novos. Porém, nunca se falou tanto nos seus perigos e impactos. As recentes interferências em processos eleitorais, a escalada do discurso de ódio e intolerância e a preocupação com os dados pessoais trouxeram estes problemas para o centro da discussão pública. Além disso, o debate acerca da desinformação é hoje recentrado por três fatores fulcrais: a ascensão de novos protagonistas que agora dominam o espaço público mediatizado, o papel das redes sociais e da internet e a crescente sensação de que os factos nem sempre são inquestionáveis. A própria Comissão Europeia, alerta, aliás, para o facto de as fake news, hoje, serem apenas uma parcela do mais amplo problema da “desinformação”, que muitos vêm agora como um elemento intrínseco ao próprio ecossistema mediático.
Previsões feitas há mais de uma década, nos alvores das redes sociais, e talvez por esse motivo ainda enfeitiçadas pela novidade do fenómeno, viam nessas novas possibilidades de comunicação e sociabilidade trazidas pela rede, a possibilidade de mudanças tão grandes, que se antevia uma verdadeira revolução movida pelo conhecimento. No entanto, apesar de nunca ter existido tanta informação disponível como hoje, são cada vez mais visíveis traços de um obscurantismo que se reflete nos negacionismos, na crescente polarização ideológica e numa profunda desconfiança do outro. O jornalismo, constrangido pelas limitações económicas, seduzido pelos clickbaits e pela leveza de conteúdos, tem sido incapaz de remar contra a maré da infoxicação. Incapaz de informar para formar cidadãos emancipados, participativos e ávidos de saber.
É, pois, nesta sociedade permanentemente conectada, na qual a informação circula incessantemente, que se ergue um novo protagonista sobre as cinzas do antigo monopólio dos mass media. É o tempo em que um indivíduo sem formação específica na construção de informação, sem reputação e até sem grandes meios, pode difundir uma informação com o alcance outrora reservado às grandes corporações mediáticas. Não obstante este novo protagonismo individual, tal como aconteceu noutros momentos de mudança, o cidadão não está ainda capacitado para lidar esta realidade.
Não sendo, portanto, as fake news um fenómeno inteiramente novo, a sua discussão e análise ganhou, com o outro lado da mesma moeda que é a pós-verdade, uma renovada atualidade e relevância.
Neste número temático da Mediapolis pretendemos lançar um olhar alargado e diverso sobre estes tópicos, que inclua abordagens conceptuais e empíricas e que promova uma reflexão ampla sobre o significado e o valor da democracia e da informação.
Os editores deste número da Mediapolis convidam à submissão de artigos que, entre outros tópicos relacionados com este contexto, abordem:
- Pós-verdade, verdade e relativização dos factos
- Estudos de caso e tipologias de desinformação no contexto digital
- Taxonomia de conceitos nucleares para compreender a desinformação hoje
- Transparência, crise e confiança nos media e no jornalismo
- Algoritmos, filter bubbles e serendipidade online
- Processos de regulação e autorregulação
- A Influência da desinformação na democracia e, particularmente, em processos eleitorais
- A literacia mediática como resposta
- A verificação de factos e outras formas de combate à desinformação
- Desinformação, nacionalismos e populismos
- O papel do cidadão no ecossistema da pós-verdade
- Deep fake e novos processos de manipulação
- Compreender os processos de disseminação
- Processos cognitivos relacionados com a polarização, validação de crenças existentes e emoções
Os artigos devem ser submetidos até 2 de janeiro de 2020. No prazo máximo de um mês os respetivos autores serão informados acerca da aceitação dos artigos e/ou das eventuais correções a fazer.
Deverão seguir as normas de publicação da Mediapolis.