Edições Anteriores

  • A forma dos media
    N.º 16 (2023)

  • 60º Aniversário de Strukturwandel der Öffentlichkeit
    N.º 14 (2022)

    Assinala-se, em 2022, o 60º aniversário da publicação de Strukturwandel der Öffentlichkeit (1962), obra de referência das ciências sociais do século XX e que é, ainda hoje, objeto de intensa reflexão. Trabalho seminal de Jürgen Habermas, com uma influência determinante no conjunto da sua extensa obra, como o próprio autor afirma no célebre prefácio à 17.ª edição alemã do livro (1990), ao reconhecer que toda a evolução da sua teoria está “menos nos seus traços fundamentais do que no seu grau de complexidade”.

  • Representações do jornalismo e dos jornalistas
    N.º 13 (2021)

    Sendo uma atividade muitas vezes sujeita à crítica social, o jornalismo é genericamente reconhecido como uma atividade essencial à promoção de informação de qualidade, num compromisso com a verdade dos factos e com o interesse público. A esta ideia de virtudes está associada também uma certa visão romântica do jornalista, como uma espécie de profissional ao serviço de um princípio de revelação, de descoberta e de desocultação. Daí que, não raras vezes, o jornalismo seja descrito como uma vocação que exige competências particulares como curiosidade, espírito crítico, precisão e rigor, integridade, astúcia e tenacidade na tarefa de observação e interpretação da atualidade.

     A representação social do jornalismo e dos jornalistas tem sido, no entanto, relativamente ambígua ao longo da história. Para alguns intelectuais dos séculos XVIII e XIX, o jornalismo era uma espécie de sub-literatura e os jornalistas atores coniventes com interesses políticos e económicos. Balzac, por exemplo, chegou a referir-se aos jornalistas como “escrevinhadores”. E, n’Os Maias, de Eça de Queirós, a personagem João da Ega apelidava-os de “escória da sociedade”. Com a expansão dos meios de comunicação social e a profissionalização do jornalismo, tornou-se ainda mais exigente o escrutínio público dos jornalistas. Dominique Wolton considerou-os, num texto de 2003, publicado na revista Hermès, “heróis frágeis da modernidade”.

    A forma como representamos o jornalismo é o resultado de uma construção social complexa, onde intervêm os jornalistas, as organizações mediáticas, a sociedade em geral, os públicos em particular, as instituições sociais, políticas, culturais e económicas. Nas últimas duas décadas, o papel de charneira que o jornalismo tinha na mediação da comunicação pública foi enfraquecendo. Hoje, o jornalista disputa o seu reconhecimento social no meio de contextos sociais e de poderes que ora o elogiam ora procuram confundir-se com ele, concorrer com o seu poder mediático, por vezes mesmo destruí-lo, descredibilizando-o.

    Que imagem temos, afinal, do jornalismo e dos jornalistas? Num contexto de fluxos de informação global, como entendemos a(s) função(ões) do jornalismo? Como tem sido interpretada a condição de jornalista tanto do ponto de vista normativo-legal como do ponto de vista social? Que representações do jornalismo e dos jornalistas são produzidas ou reproduzidas por outras produções mediáticas como o cinema? Como se autopercecionam os próprios jornalistas e se representam socialmente? Que ideia veicula o próprio jornalismo acerca do jornalismo e dos jornalistas, quando faz da atividade e dos profissionais notícia ou objeto de opinião?

  • 50 Anos de Estudos sobre o agendamento
    N.º 10 (2020)

    Com o presente número da revista Mediapolis pretendemos marcar os 50 anos decorridos sobre o seminal estudo de Chapel Hill, que deu origem a uma das áreas mais consistentes de estudos das Ciências da Comunicação, realizados sobre os media: a teoria do agenda setting ou do agendamento. O início desta história teve origem quando Maxwel McCombs e Donald Shaw, então dois jovens investigadores, decidiram analisar como, a propósito das eleições presidenciais norte-americanas de 1968, que opuseram Hubert Humphrey e Richard Nixon, os media poderiam, de algum modo, influenciar a opinião pública. Para o efeito, realizaram um estudo tendo por base 100 eleitores indecisos, residentes em Chapel Hill, na Carolina do Norte, acabando por encontrar um coeficiente muito forte de correlação entre a agenda mediática e a agenda dos eleitores. A agenda setting, numa fase inicial, começou por afirmar que pessoas acabam por conhecer determinados assuntos pelo efeito da seleção realizada pelos media que, deste modo, transforma temas, pessoas e acontecimentos em matéria privilegiada do debate público, marcando um paralelismo entre a agenda dos media e a agenda da opinião pública.

  • Reinventando Pactos Globais para a Ética da Comunicação e do Jornalismo
    N.º 9 (2019)

    É uma evidência que as tecnologias da era digital estão ainda longe de ter cumprido as suas melhores promessas, sobretudo agora que dela já conhecemos alguns dos seus efeitos perversos. A tal ponto esta realidade se coloca nos nossos dias que, por vezes, parece que a reflexão acerca dos desafios do jornalismo, da comunicação e da esfera pública no mundo contemporâneo mais não faz do que revisitar paradigmas do passado, numa espécie de passeio teórico-saudosista. O equívoco suscitado por esta primeira observação resulta, em grande medida, da constatação das rápidas transformações que  as tecnologias de comunicação e da informação estão a produzir nas sociedades e à escala global, não obstante as suas diferentes e paradoxais formas de recetividade, de utilização e de apropriação.

  • Media, comunicação e desporto
    N.º 8 (2019)

    O desporto continua (ainda) a ser refém de diversos estigmas e a sofrer de um certo isolamento académico quando se cruza com as ciências sociais e humanas. Dedicar um número da revista Mediapolis à relação entre desporto, mediae comunicação é, em si mesmo, uma aposta audaz, sobretudo no contexto académico português. De um lado continuamos a ter uma academia herdeira de uma tradição dos estudos anglo-saxónicos sobre desporto, cristalizados nas décadas de 60, 70 e 80 do século XX, acostumada a associá-lo aos conceitos de ordem, disciplina e alienação das massas. O desporto ficaria assim “arrumado” epistemologicamente nos campos do tempo livre e do lazer, passando a ser entendido como um tema marginal, afastado das temáticas importantes que regem a vida social. Por outro lado, no campo ocupado pelos media, jornalismo e comunicação assistimos a um crescimento exponencial ao longo dos séculos XX e XXI, muito embora se persista em olhar o desporto como um assunto menor em termos informativos quando comparado com temas considerados socialmente mais relevantes, como a política, a economia ou a diplomacia, por exemplo. As largas audiências geradas pelo desporto – e a própria massificação (popular e mediática) que lhe está associada – levou ao afastamento de uma parte da comunidade intelectual, avessa a este género de fenómenos, apelidados, tantas e tantas vezes, de forma pejorativa, como de “massas” e “baixa cultura”.

    O desafio deste número é precisamente o de demonstrar, mais uma vez, o quanto o desporto pode e deve constituir-se num objeto de pesquisa e investigação no âmbito académico e científico, dada a sua plasticidade social e apelo a abordagens interdisciplinaridades e/ou multidisciplinaridades. Fenómeno nascido no século XIX e popularizado no século XX, o desporto chegou ao novo milénio como elemento criador de modas e comportamentos à escala global, assumindo-se como um “facto social total” digno de reflexão por parte das Ciências Sociais e Humanas, e das Ciências da Comunicação.

  • Media, comunicação e género
    N.º 7 (2018)

    Nunca como hoje os territórios interdisciplinares da pesquisa em comunicação, media e género se intersetaram de forma tão significativa e profícua. Com raízes fora da academia, o investimento na compreensão e superação das desigualdades entre homens e mulheres coexiste, influencia e é influenciado pelo trabalho académico no domínio das minorias sexuais. Por sua vez, este traz à colação as pretensões de movimentos políticos que, tal como o feminista, se preocupam com as implicações da diferença na vida quotidiana dos indivíduos. O reconhecimento do género como uma construção social dinâmica e imersa em relações de poder (ex. Butler, 1990, 2004), por oposição ao essencialismo das conceções biológicas e estanques da identidade, tem permitido questionar como o género é representado, vivido e experienciado de formas muito diversas. São tanto formuladas questões a partir de posicionamentos comprometidos com a dissolução e desnaturalização da rigidez das categorias sociais culturalmente impostas, à semelhança do que fazem os estudos queer (ex. Warner, 1993), como tendo por base a procura de modelos e esquemas capazes de conduzirem a uma política de representação identitária mais justa. É sob este horizonte que se interrogam as condições do acesso aos media e ao espaço público mais amplo por parte das mulheres e de outros grupos com menor status (ex. Alwood, 1996; Gross, 2001; Carter, Steiner & McLaughlin, 2014; Lind, 2017).

  • Personagens mediáticas: teoria, problemas, análises
    N.º 6 (2018)

    O desenvolvimento que os estudos narrativos conheceram, nos últimos anos, baseou-se em relevantes contributos teóricos, em propostas de trabalho analítico e em mutações epistemológicas e operatórias que recuperaram, para o centro da análise, uma categoria descuidada durante décadas: a personagem. É sobretudo a partir de final da década de 90, quando o campo dos estudos narrativos se afasta da matriz estruturalista da narratologia, que se dá início a uma significativa produção em torno da personagem. Desde então, a área disciplinar dos Estudos Narrativos tem vindo a abrir gradualmente o seu campo de estudo, acompanhando a evolução tecnológica dos modos de produção narrativa bem como as alterações dos hábitos de consumo cultural. Se, durante décadas e sob o magistério de Gérard Genette, a narrativa literária foi o objeto principal da narratologia, com a valorização de outras formas narrativas e linguagens, a investigação tem vindo a dedicar-se a estes novos fenómenos culturais: do cinema à literatura digital, dos videojogos às reportagens multimédia, das radionovelas à fotografia, das telenovelas às narrativas transmedia. Estes novos olhares, sobretudo emergentes no final do século XX, são vistos como “a viragem narrativa das humanidades” por autores de referência como Martin Kreiswirth (1994).

  • Crises e os processos comunicativos
    N.º 5 (2017)

    O final da década de 2000 marcou o início de um processo de transformações e convulsões políticas, económicas e sociais que atravessaram fronteiras. Resultado do colapso dos mercados financeiros, por todo o mundo ficou clara uma célere profusão de cenários de falência empresarial, bancarrota de países e despedimentos coletivos. Como resposta, multiplicaram-se os contextos de contestação social, que conheceram novos modelos de ação e novos atores. Paralelamente, no Norte de África e Médio Oriente, o acordar de uma primavera de convicções e ideais foi acompanhado pelo despertar de novos grupos e pela promoção de novas tensões, cujo desfecho é patente na proliferação de contextos de conflito, na exterminação das bases culturais dos seus povos e na génese de uma crise humanitária paradigmática. Como corolário da promoção de tensões políticas, a América do Sul viu-se tomada por uma série de crises políticas que subsistem atualmente. Inserida num quadro de constante atualização tecnológica e, ela própria, refém de uma conjuntura de crise, a comunicação assumiu um papel central no desenrolar de cada um destes processos. Assumindo o papel central de narrativa dos acontecimentos, viu novos modelos de jornalismo tomar lugar e o surgimento de novas fontes e de novas práticas, na organização dos diferentes eventos; viu surgirem novas estratégias e novos meios; e, na contingência e resolução de riscos e ameaças, viu surgirem novas ferramentas e novas problemáticas.

  • Comunicação e transformações sociais
    N.º 4 (2017)

    Sócrates inquietou-se com os efeitos da invenção da escrita sobre a memória e a discussão dialógica; Milton preferia a leitura individual de textos impressos à pregação realizada em círculos fechados; Mallesherbes sublinhou a inconsistência e os efeitos contraproducentes da censura prévia face aos desenvolvimentos da imprensa do seu tempo; Victor Hugo asseverou que a imprensa iria acabar com a arquitectura (“Le livre va tuer l’édifice”); Walter Benjamin refletiu acerca das alterações da fotografia sobre a nossa conceção da arte; McLuhan sustentou que o medium era a mensagem; Debray e os Mediologues preocuparam-se com as funções simbólicas das mediações, dando particular atenção às questões técnicas… A relação entre a comunicação e as transformações sociais tem raízes profundas na História do pensamento social e os desenvolvimentos verificados neste domínio, nas últimas décadas, vieram ampliar consideravelmente a sua importância e a necessidade de continuar essa reflexão. Experimentamos hoje transformações profundas no nosso mundo e nas nossas vidas, numa escala e a uma velocidade sem precedentes. Desde a economia à política, da tecnologia à cultura ou às organizações, dos nossos hábitos ao modo como nos relacionamos uns com os outros, todos os domínios da vida social se encontram hoje marcados por mudanças.

  • O Ensino do Jornalismo no século XXI
    N.º 3 (2016)

    A missão da Universidade e o exercício do Jornalismo intersetam-se de uma forma clara em dois momentos: a investigação sobre o Jornalismo e a formação de jornalistas. Ambas assumem uma dimensão pública que apela a uma corresponsabilidade social a que nem o Jornalismo nem a Universidade se devem esquivar. Na perspetiva com que assumimos esta discussão, em causa está a responsabilidade que a Universidade e o Jornalismo têm para com os seus públicos, a responsabilidade para com a democracia e a responsabilidade para com o exercício dos cidadãos dos seus Direitos, Liberdades e Garantias consagrados constitucionalmente. Se, de uma forma geral, as Ciências da Comunicação têm visto a sua investigação ser constantemente aprofundada e alargada, o mesmo não se pode dizer acerca dos estudos sobre a formação e o ensino do Jornalismo que, em resultado da sua especificidade e autonomia, surgem, tendencialmente, em contextos mais circunscritos, mais fechados e nem sempre suficientemente escrutinados. À autonomia científica e pedagógica de que dispõem, legitimamente, os sistemas de ensino superior, junta-se também a autonomia socioprofissional do Jornalismo. Na perspetiva como a vemos, a autonomia destes dois campos são condição essencial da sua liberdade, mas também de exigência do desenvolvimento dos seus distintos pressupostos normativos de responsabilidade social.

  • Os Desafios dos Media de Serviço Público
    N.º 2 (2016)

    Os Media de Serviço Público tendem a viver num estado de crise cíclica. Independentemente das suas diferentes incidências e declinações, essas crises desenvolvem-se sob o pano de fundo de um questionamento permanente da sua legitimidade. As razões desse questionamento residem nas alterações verificadas no sistema mediático que, de forma crescente, se sucederam na segunda metade do século xx. Desde essa altura que os pressupostos do papel do Estado no setor dos media se alteraram profundamente. Esses pressupostos começam por ser de ordem tecnológica, económica e política: 1) a escassez do espectro radioelétrico; 2) os investimentos envolvidos quer na criação de um sistema de rádio e de televisão, quer na sua atividade regular; 3) e as responsabilidades do Estado em assegurar um serviço universal e regular de comunicação e informação, formação e entretenimento, enquanto elementos estruturantes do funcionamento de uma democracia participativa e dos valores e da identidade nacionais.

  • Os media e a construção de personagens
    N.º 1 (2015)

    A Mediapolis – Revista de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público é uma revista do Grupo de Investigação de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público (GICJEP), do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra. Com a presente edição, pretendemos dar relevo público a um projeto de investigação que reúne um grupo de investigadores de várias áreas disciplinares, mas que encontram nas Ciências da Comunicação o seu pólo comum de estudo e pesquisa.