Publicidade para além da esfera pública

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14195/2183-6019_14_6

Palavras-chave:

Publicidade, esfera pública, imaginários sociais, público

Resumo

Este artigo afirma que o conceito de “esfera pública” representa uma abordagem restritiva da ação pública. Apesar do desenvolvimento disfórico da esfera pública nas sociedades pós-modernas, a ação pública e a atividade comunicativa podem ser facilmente discernidas se se reconhecer que a deliberação racional-crítica não é o meio exclusivo para a exercer.
Proponho que se separe o que é uma construção histórica e idealizada – a esfera pública – do princípio sócio-antropológico – a publicidade.
A primeira consubstancia um princípio normativo específico da legítima tomada de decisões políticas, bem como um espaço peculiar de comunicação e um conjunto de públicos específicos. O segundo não pode ser reduzido à formulação estrita da esfera pública. A publicidade é, antes de mais, uma questão de coesão e consenso de valores numa sociedade, alcançada através de um processo comunicativo que ocorre em quase todas as interações sociais. Não depende absolutamente de um Público sujeito ou de um modelo de esfera pública para emergir e ser sentido por todos os membros de uma sociedade.
Ao traçar um brevíssimo panorama dos três principais modelos da esfera pública (Habermas, Arendt, Negt e Kluge), o trabalho sugere que se vá além da esfera pública, perspetivando a publicidade como um princípio sócio-antropológico caracterizado como sendo uma realidade empírica, como sendo pré-política e pré-institucional, bem como um processo profundamente ligado aos imaginários sociais.

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Publicado

2022-01-20