Políbio, o Mar do Ponto e a semântica do desastre socioambiental
DOI:
https://doi.org/10.14195/1984-249X_35_10Palavras-chave:
Políbio, Mar do Ponto, Desastre Socioambiental, Historiografia Antiga, ÉticaResumo
O antigo Mar do Ponto, hoje conhecido como Mar Negro, é um dos mais importantes da história. No período helenístico, ficou conhecido o argumento segundo o qual ele se tornaria um pântano raso, dado o seu aluvionamento e a ignorância com relação a esse processo. Ao propormos um diálogo da História Antiga com a História Ambiental, partimos do conceito recente de desastre socioambiental e o aproximamos à tipologia do desastre nas Histórias de Políbio (c. 200 – c. 117 A.E.C.) e à sua investigação sobre o Mar do Ponto. O nosso objetivo é compreender a semântica dessa experiência e de refletir sobre a historicidade da consciência humana de sua dependência do ambiente. Por isso recorremos à linguagem na qual essa experiência se conceptualiza na medida em que as ações humanas e o destino do mar são temporalmente articulados pelo autor. Concluímos, enfim, que há similaridades expressivas entre a semântica contemporânea e a antiga, dado que Políbio advogava por uma ética consequente do ser humano de investigar para melhor se adaptar ao ambiente. Esperamos, igualmente, que este seja um ensejo para fortalecer os laços entre História Antiga e História Ambiental.
Downloads
Referências
ABURTO, L. L-.; PIÑA, F. M-. (2020). La geografía en la historiografía helenística. El concepto de oikoumene en las Historias de Polibio. Byzantion Nea Hellas, n. 39, p. 101-124.
ANDREOTTI, G. C. (2004). Geografía e historiografía clásica: el ejemplo de Polibio. Revista de Historiografía, n. 1, p. 60-70.
BAILLY, M. P. (2020). Dictionnaire grec-français Paris, Gérard Gréco.
BEKKER, I. (ed). (1831). Aristóteles. Μετεωρολογικῶν Berolini, Academia Regia Borussica.
BIAZOTTO, T. do A. (2023) Temporada de caça: recepções e adaptações de cenas de caça ao leão no repertório helenístico (séculos IV - III a.C.) Tese (Doutorado em História) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2023.
CHAKRABARTY, D. (2013). O clima da história: quatro teses. Sopro 91, p. 02-22. (1ª ed. 2009).
CLARKE, K. (1999). Between Geography and History: Hellenistic Constructions of the Roman World New York, Oxford University Press, 1999.
ESPINDOLA, H. S.; NODARI, E. S.; SANTOS, M. A. dos. (2019). Rio Doce: riscos e incertezas a partir do desastre de Mariana (MG). Revista Brasileira de História 39, n. 81, p. 141-162.
FERREIRA-PEREIRA, L. C.; VIEIRA, A. V. G.; MELO, F. S. de. (2014). A União Europeia como Ator na Vizinhança do Leste: o caso da Ucrânia. Contexto Internacional 36, n. 2, p. 487-517.
FILHO, L. D. M. (2020). Veganismo como προαίρεσις: uma leitura a partir da Ética Nicomaquéia. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
FRANCISCO, G. da S. Haiganuch Sarian e os Estudos Clássicos no Brasil. (2023). In: MOERBECK, G.; FRIZZO, F. (orgs.). Pesquisadores da Antiguidade: a formação de um campo interdisciplinar no Brasil Serra, Editora Milfontes, p. 95-122.
GADAMER, H-. G. (1999). Verdade e método Tradução de Flávio Paulo Meurer. 3ª ed. Petrópolis, Vozes.
GODLEY, A. D. (1920). Herodotus. The Histories (tradução). Cambridge, Harvard University Press. Edição bilíngue.
GRINEVETSKY, S. R.; ZONN, I. S.; ZHILTSOV, S. S.; KOSAREV, A. N.; KOSTIANOY, A. G. (2015a). The Black Sea Encyclopedia Berlin, Heidelberg; Springer.
GRINEVETSKY, S. R.; ZONN, I. S.; ZHILTSOV, S. S.; KOSAREV, A. N.; KOSTIANOY, A. G. (2015b). The Introduction. In: GRINEVETSKY, S. R.; ZONN, I. S.; ZHILTSOV, S. S.; KOSAREV, A. N.; KOSTIANOY, A. G. The Black Sea Encyclopedia . Berlin, Heidelberg; Springer , p. 1-5.
GUARINELLO, N. (2013). História Antiga São Paulo, Contexto.
GUELFUCCI, M-. R. (2018). Polybe, la Τύχη et la marche de l’histoire. In : FRAZIER, F. ; LEÃO, D. F. (orgs.). Tychè et pronoia : la marche du monde selon Plutarque Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, p. 141-167.
HEINEN, H. (1984). The Syrian-Egyptian Wars and the New Kingdoms of Asia Minor. In: WALBANK, F. W.; ASTIN, A. E.; FREDERIKSEN, M. W.; OGILVIE, R. M. (orgs.) The Cambridge Ancient History: The Hellenistic World v. VII. 2ª ed. Cambridge, Cambridge University Press, p. 412-445.
HERZFELD, M. (2005). Practical Mediterraneanism: excuses for everything, from epistemology to eating. In: HARRIS, W. V. (org.). Rethinking the Mediterranean New York, Oxford University Press , p. 45-63.
HISTORICAIR. (2007). Blank map of South Europe and North Africa. Wikimmedia Commons Disponível em: https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:Blank_map_of_South_Europe_and_North_Africa.svg Acesso em: 04 mar. 2025.
» https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:Blank_map_of_South_Europe_and_North_Africa.svg
HORDEN, P.; PURCELL, N. (2006). The Mediterranean and the New Thalassology. The American Historical Review 111, n. 3, p. 722-740.
HORDEN, P.; PURCELL, N. (2000). The Corrupting Sea: A Study of Mediterranean History Oxford; Massachusetts, Blackwell.
HORNBORG, A. (2010). Toward a truly Global Environmental History: a review article. Review 33, n. 04, p. 295-323.
HUGHES, J. D. (2014). Environmental Problems of the Greeks and Romans: Ecology in the Ancient Mediterranean 2ª ed. Baltimore, JHU Press.
HUNT, L. (2014). Writing History in the Global Era New York, W. W. Norton & Company.
JOURNAL of Mediterranean Studies. About Disponível em: https://www.psupress.org/Journals/jnls_MediterraneanStudies.html Acesso em: 16 dez. 2024.
» https://www.psupress.org/Journals/jnls_MediterraneanStudies.html
KLANOVICZ, J. (2013). História Ambiental e desastres: encontros entre política, tecnologia e sociedade. História Unisinos 17, n. 03, p. 293-302.
KOSELLECK, R. (2014). Estratos do tempo: estudos sobre história Tradução de M. Hediger. Rio de Janeiro, Contraponto; PUC-Rio.
KOSELLECK, R. (2020). Histórias de conceitos: estudos sobre semântica e a pragmática da linguagem política e social Trad. M. Hediger. Rio de Janeiro, Contraponto.
LATOUR, B. (1994). Jamais fomos modernos: Ensaio de antropologia simétrica Rio de Janeiro, Editora 34. (1ª ed. 1991).
LOPES, A. R. S.; JUNIOR, M. M. V. (2020). O antropoceno como regime de historicidade. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais 12, n. 23, p. 9-24.
MALHADAS, D.; DEZOTTI, M. C. C.; NEVES, M. H. de M. (coord.). (2022). Dicionário grego-português 2ª ed. Cotia/SP, Ateliê Editorial; Araçoiaba da Serra/SP, Editora Mnema.
MARTINS, P. R. (2019). O vegetarianismo na Antiguidade como campo de pesquisa interdisciplinar. Mare Nostrum 10, n. 1.
MARQUES, L. (2015). Capitalismo e colapso ambiental Campinas, Editora da Unicamp.
McNEILL, J. R.; MAULDIN, E. S. (2012). Global Environmental History: an introduction. In: McNILL, J. R.; MAULDIN, E. S. (orgs.). A companion to Global Environmental History Chichester, Wiley-Blackwell, p. xvi-xxiv.
MEDITERRANEAN Studies Society. Conferences Disponível em: https://www.mediterraneanstudies.org/conferences.html Acesso em: 16 dez. 2024.
» https://www.mediterraneanstudies.org/conferences.html
MEINEKE, A. (ed.) (1877). Strabo. Geographica Leipzig, Teubner.
MENESES, U. B. de. (1983). A cultura material no estudo das sociedades antigas. Revista de História 115, p. 103-117.
MENESES, U. B. de. (2011). Entrevista com Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses. Entrevistadores: Luciana Quillet Heymann e Aline Lopes de Lacerda. Estudos Históricos 24, n. 48, p. 405-431.
MORALES, F.; GEBARA da SILVA, U. (2020). História Antiga e História Global: afluentes e confluências. Revista Brasileira de História 40, n. 83, p. 126-150.
MORETTO, S. P.; NODARI, E. S. (2011). O meio ambiente como tema da história. In: FLORES, M. B. R.; BRANCHER, A. L. (orgs.). Historiografia: 35 anos Florianópolis, Letras Contemporâneas, p. 93-109.
OLIVER-SMITH, A. (1999). “What is a Disaster?”: Anthropological Perspectives on a Persistent Question. In: HOFFMAN, S.; OLIVER-SMITH, A. The Angry Earth: Disaster in Anthropological Perspective New York, Routledge, p. 18-34.
DOS SANTOS OLIVEIRA, R. (2022). O cita nômade como estereótipo na Antiguidade: Heródoto, Hipócrates e a gênese de uma concepção. Romanitas, n. 19, p. 20-40.
PÁDUA, J. A. (2010). As bases teóricas da história ambiental. Estudos Avançados 24, n. 68, p. 81-101.
PATON, W. R. (1925). The Histories (tradução). 6 v. Londres, William Heinemann; New York, G. P. Putnam’s Sons. Edição bilíngue grego-inglês.
PÉDECH, P. (1964). La méthode historique de Polybe Paris, Les Belles Lettres.
PEREIRA, E. M.; LOPES, A. R. S. (2024). A última catástrofe planetária? História Ambiental e História do Tempo Presente, uma aproximação necessária. Tempo 30, n. 01, p. 01-18.
RECORT, M. B. (1981). Polibio. Storie (tradução). 3 v. Madrid, Editorial Gredos.
LEFEBVRE, R. (orgs].). (2013). Les animaux et l’éthique. Archai: Dossiê, n. 11.
SANTOS, D. (2023) Eurípides Simões de Paula: pioneiro na formação da área de História Antiga no Brasil. In: MOERBECK, G.; FRIZZO, F. (orgs.). Pesquisadores da Antiguidade: a formação de um campo interdisciplinar no Brasil . Serra, Editora Milfontes , p. 31-52.
SEBASTIANI, B. B. (2013). A política da errância de Odisseu no livro 34 de Políbio. In: VENTURA da SILVA, G.; LEITE, L. R. (orgs.). As múltiplas faces do discurso em Roma: textos, inscrições, imagens Vitória, EDUFES, p. 45-55.
SEBASTIANI, B. B. (2016). Políbio. História pragmática: livros I a V (tradução). São Paulo, Perspectiva; Fapesp.
SCOPACASA, R. (2018). Hegemonia romana e transformações culturais no mediterrâneo (séculos IV - II a.C.): novas perspectivas da história global. Revista História, n. 177, a04917.
SANTOS, D.; SILVA, D. (2022). A historiografia antiga e a consciência do método da investigação histórica: uma leitura das Histórias de Políbio de Megalópolis. História da Historiografia 15, n. 40, p. 162-185.
SOARES, C.; DIAS, P. B. (orgs.). (2012). Contributos para a história da alimentação na Antiguidade Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra .
SPINELLI, M. (2009). Sobre as diferenças entre éthos com epsílon e êthos com eta. Trans/Form/Ação 32, n. 2, p. 9-44.
THOMMEN, L. (2012) An Environmental History of ancient Grece and Rome Cambridge, Cambridge University Press . (1ª ed. 2009).
THONEMANN, P. (2016). The Hellenistic Age Oxford, Oxford University Press.
THORNTON, J. (2020). Polibio: Il politico e lo storico Roma, Carocci.
TRABULSI, J. A. D. (2014). Ecologia e Antiguidade: Resenha da obra de: THOMMEN, L. (2012). An Environmental History of ancient Grece and Rome Cambridge: Cambridge University Press, 2012. Phoînix 20, n. 02, p. 152-160.
TSETSKHLADZE, G. R.; AVRAM, A.; HARGRAVE, J. (orgs.). (2021). The Greeks and Romans in the Black Sea and the Importance of the Pontic Region for the Graeco-Roman World (7TH Century BC-5th Century AD): 20 years On (1997-2017) Oxford, Archaeopress Archeology.
TURIN, R. (2023). Antropoceno e futuros presentes: entre regime climático e regimes de historicidade potenciais. Topoi 24, n. 54, p. 703-724.
VARGAS, A. Z. (2017). Uma ambiguidade retórica tucidideana. In: SILVA, G. J. da; SILVA, M. A. de O. (orgs.). A ideia de história na Antiguidade Clássica São Paulo, Alameda, p. 61-89.
WALBANK, F. W. (1958). A historical commentary on Polybius, v. 1. Oxford, Claredon Press.
WOBST, T. B-. (ed) (1985). Polybii. ἱστορίαι 4 v. Sttutgart, Teubner.
WORSTER, D. Para fazer história ambiental. (1991). Tradução de José Augusto Drumond. Estudos Históricos 4, n. 8, p. 198-215.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Dyel da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Dado o acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista. O conteúdo das publicações é de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
1. Os autores autorizam a publicação do artigo na revista.
2. Os autores garantem que a contribuição é original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
3. Os autores garantem que a contribuição que não está em processo de avaliação em outras revistas.
4. Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License-BY.
5. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line após a publicação na revista.
6. Os autores dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
7. É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.