A possibilidade de uma leitura antepredicativa do pensamento noético de Plotino
DOI:
https://doi.org/10.14195/1984-249X_30_36Palavras-chave:
Plotino, Enéadas, Intelecto, antepredicatividadeResumo
A caracterização do pensamento como a reflexão de um sujeito sobre um dado objeto se expressa através de um enunciado de ordem predicativa. A introdução da possibilidade de um tipo de pensamento que não se constitua a partir desse pressuposto traz dificuldades, motivo pelo qual Lloyd (1970) tratou esse tema, a saber, o pensamento não discursivo, como um enigma da filosofia grega. Plotino parece estabelecer uma distinção entre pensamento racional e intelectual tendo como ponto de partida a definição sui generis de um pensamento que pensa o próprio pensamento. A natureza intrigante dessa descrição, isto é, do autopensamento como não discursivo, tem pautado estudos cujos objetivos são, em primeiro lugar, compreender e, depois, esclarecer o que significa adotar tal abordagem. Esse trabalho pretende analisar essa problemática à luz da antepredicatividade de Santos (2018). A hipótese é de que tal conceito pode contribuir para acrescer esclarecimento sobre a distinção entre razão e Intelecto no contexto do tratado V.3 [49] das Enéadas de Plotino. A natureza do pensamento intelectual seria antepredicativa e a do racional predicativa.
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