A UE e as outras Europas
DOI:
https://doi.org/10.14195/1647-6336_28_20Resumo
Para a generalidade dos europeus, a União Europeia é vista de forma positiva. Nos países mais ricos ou nos mais pobres. A Norte e a Sul, a Leste como a Ocidente. Continua a ser esta a sua grande força. Estas eleições europeias não são, no entanto, iguais a todas as outras. A Europa atravessa uma crise existencial profunda, porventura a mais séria desde a sua fundação. A razão, todos nós a conhecemos: uma guerra de grandes dimensões no continente europeu, pela primeira vez desde a II Guerra. Poder‑ se á argumentar que houve uma guerra trágica nos Balcãs na última década do século XX com a desagregação da Jugoslávia. Mas essa guerra foi uma “guerra civil” que nunca ameaçou a segurança europeia. Assistimos posteriormente a sucessivas agressões militares da Rússia de Putin a alguns Estados independentes que emergiram da implosão da União Soviética. Na Geórgia, em 2008, ou na própria Ucrânia, com a anexação da Crimeia e a intervenção no Donbass, em 2014. Foi, precisamente, porque Paris e Berlim não quiseram ver a verdadeira natureza do regime russo que hoje estamos confrontados com a guerra na Ucrânia. Já toda a gente reconheceu isso mesmo, incluindo as duas capitais. Foi um erro que convém não repetir.
Esta guerra é diferente. É a invasão de um país soberano com o propósito de dominá‑ lo e de lhe impor um regime pró russo. Envolve centenas de milhares de soldados russos. Implica a transformação da Rússia numa economia de guerra, preparada para combater na Ucrânia ou para além da Ucrânia. Na Europa, já ninguém tem dúvidas sobre a natureza e as intenções do novo imperialismo russo e da ameaça que representa para a segurança europeia.
São estas as condições em que vamos votar para o Parlamento Europeu. Absolutamente excecionais. Com um impacte enorme na forma como a União olha para si própria, para o mundo que a rodeia. A União Europeia deixou de poder ser um “projeto de paz e de prosperidade” rodeado por um mundo em turbulência, cada vez mais perigoso. Está obrigada a alterar as suas prioridades. A defesa e o rearmamento subiram para o primeiro lugar na sua agenda política.
É uma transformação tão radical, caro leitor, cara leitora, que não tem um caminho fácil. Como fazer convergir os interesses de 27 países com histórias e experiências diferentes para uma estratégia de sobrevivência e de afirmação internacional comum? É um enorme desafio.
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