Uma Hipótese para o Cinema-Escrita na Literatura Eletrónica
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-8830_6-2_3Palavras-chave:
literatura eletrónica, escrita digital, cinema digital, computação, escrita maquínicaResumo
O cinema computacional, enquanto manipulação digital de pixeis, fotogramas, planos e sequências, é um termo genérico para os diversos modos através dos quais a tecnologia digital pode afetar o cinema como um sistema de expressão. Se uma cena de filme exige uma tempestade de neve, as imagens geradas por computador (CGI) podem ser empregadas para criar uma tempestade de neve idealizada. A computação neste sentido é usada para controlar eficientemente as contingências (clima) e direcionar as intenções da “escrita” ou ideia preconcebida. Mas a computação pode também criar novas contingências que aumentam a apresentação do mundo, já por si complexa, operada pela câmara. O hipertexto multimédia e o cinema interativo, o vídeo generativo e recombinante, o datamoshing e o databending, todos introduzem formas de indeterminação no cinema digital. À medida que a escrita digital se torna ainda mais cinematográfica e imersiva, é importante revisitar as raízes da arte cinematográfica e procurar a sua relação tanto com a escrita quanto com o mundo. O ideal do “cinema-escrita”, ou cinécriture no contexto do cinema francês, é aquele que leva a máquina a sério como uma ferramenta para trazer o mundo ao pensamento e levar o pensamento ao mundo. Cinema e escrita juntos, tal como imaginado pelos primeiros praticantes e teóricos dessa arte, é uma forma de aproveitar a indexicalidade única da câmara; de estender o seu alcance espácio-temporal e direcionar a sua significação para a narrativa, mas também de beneficiar do seu realismo disperso, da sua opacidade e potencial para escapar completamente ao pensamento e ao fechamento da narrativa. Neste artigo, exploro as filiações entre arte do cinema e literatura eletrónica, com um foco particular na computação como extensão da escrita-cinema. Através de exemplos de literatura eletrónica cinematográfica, bem como de filmes e exemplos de videoarte, apresentarei estratégias para um cinema computacional que acolhe operações do acaso no processo de significação; que procura um “fora” dentro (e ao lado) da composição narrativa e da intenção autoral.
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