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  • Humanidades Digitais na América Latina
    Vol. 10 N.º 1 (2023)

    O conceito de “Humanidades Digitais”, apesar de frequente no vocabulário académico há mais de uma década, tem sido usado até hoje com distintos significados. Ao mesmo tempo que designa uma comunidade de práticas, também pode ser entendido como os discursos sobre essas práticas, um conjunto de atividades transdisciplinares ou um campo de conhecimento. Um consenso em torno desse conceito, entretanto, ainda que não tenha encontrado estabilidade crítica nem um campo unificado, é a ideia de que ele representa um forte elo entre as Ciências Humanas e Sociais e um conjunto de práticas de produção e validação de conhecimento relacionadas a sociedades cada vez mais dependentes das tecnologias digitais.

    A existência de histórias e tradições regionais e nacionais diversas não pode ser ignorada nesse contexto, considerando que as sociedades não se encontram nos mesmos estágios de produção tecnológica e de democratização do acesso às tecnologias. Como as HD muitas vezes reproduzem e reconfiguram as assimetrias e desigualdades económicas, e diante de uma corrida global para a institucionalização do campo e da acentuada competição por financiamentos, continua sendo importante reivindicar modelos metodológicos que fujam à hegemonia dos paradigmas criados pelos eixos anglo-americano e do norte da Europa, que desde o início caracterizam a investigação acerca das novas tecnologias nas Humanidades.

    Por isso, este número da MATLIT pretende reunir artigos que reflitam sobre formulações conceituais, práticas e métodos das Humanidades Digitais no contexto de países latino-americanos. Procura-se, assim, ampliar o debate sobre a geopolítica do campo e oferecer uma imagem diversificada de suas práticas e tradições em espaços culturais diversos. Desde uma perspectiva situada, que articula um contexto específico de desenvolvimento tecnológico à produção do conhecimento humanístico, é possível dar maior visibilidade a abordagens que não apenas pressupõem o digital como ferramenta de investigação nas Humanidades, mas que elegem o digital —e as suas ferramentas— como objeto de investigação.

    Manaíra Aires Athayde (University of California, Santa Barbara)
    Rejane C. Rocha (Universidade Federal de São Carlos)

  • Fotolivros de Literatura: Teoria e História
    Vol. 9 N.º 1 (2021)

    Fotolivros de literatura são frequentemente descritos como casos paradigmáticos de intermidialidade. Autores definiram intermidialidade como “intertextualidade que transgride as fronteiras da mídia” e “relações intermodais na mídia”. Nos fotolivros de literatura, pelo menos dois sistemas estão densamente relacionados – sistema verbal e fotografia. A palavra parece estar ligada à imagem fotográfica em uma interação bidirecional, envolvendo influências mutuamente modulatórias conectando palavra e imagem fotográfica. Criam um sistema acoplado que pode ser descrito como um novo sistema ou um novo gênero. Projetado e produzido desde o final do século XIX, este tipo de experimento multimodal (ou gênero literário intermídia), tem atraído escritores, fotógrafos e designers dos mais diversos domínios literários e artísticos. Nas últimas décadas, este fenômeno tem-se tornado cada vez mais popular, conforme testemunhado por meio de antologias e séries de livros em catálogos de muitas editoras. O desenvolvimento tecnológico dos processos de edição e publicação, a impressão digital, com gráficas menores e mais baratas, o surgimento de editoras independentes com novos canais de distribuição, incluindo a internet, contribuíram para o surgimento e consolidação do fotolivro como um gênero contemporâneo significativo. Este número reune especialistas de diferentes áreas de pesquisa (história e crítica literária, fotografia, semiótica, estudos de mídia, estudos de intermídia e multimodalidade), interessados no fotolivro como gênero literário específico.

    Ana Luiza Fernandes (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) 
    Karl Erik Schollhammer (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
    João Queiroz (Universidade Federal de Juiz de Fora)

  • Ensino da Literatura Digital
    Vol. 8 N.º 1 (2020)

    No último quarto de século, a discrepância entre a investigação em literatura eletrónica e a que diz respeito ao seu ensino tem sido superada pela emergência de algumas abordagens importantes para a sua lecionação, especialmente no campo das humanidades digitais, mas também na sua introdução na educação formal: da educação infantil e do ensino básico aos ensinos secundário e superior. A atual investigação sobre o ensino da literatura eletrónica consiste em trazer estas obras para a sala de aula e proporcionar experiências de leitura literária digital aos estudantes. No entanto, estas práticas têm ainda pouca expressão nos diferentes níveis de ensino, talvez porque os responsáveis são os denominados imigrantes digitais, e não os nativos digitais e, por consequência, à exceção de algumas universidades, as escolas refletem escassamente os desafios educativos da literatura eletrónica.

    Com o estudo desta literatura não se pretende de forma alguma negar ou substituir a tradicional literatura impressa. Pelo contrário, esta área de estudos pretende abrir novos horizontes literários, através da leitura e da utilização de outros tipos de texto, por forma a desenvolver as competências literárias dos estudantes, melhorando igualmente a competência de leitura literária em meio impresso. A investigação sobre o ensino da literatura digital tem tido uma propensão mais analítica do que prática, o que torna importante a partilha de experiências didáticas e pedagógicas, bem como a demonstração de como estas têm de ser adaptadas tanto à literatura eletrónica e às próprias competências digitais.

    Alguns esforços têm sido efetuados no sentido de expandir a análise e a terminologia dos estudos literários e de criar uma e-literacia, ou seja, uma forma de olhar a literatura digital que vá além do modelo da literacia impressa. Estes esforços responderam a algumas das questões levantadas pela migração do impresso para o digital, mais especificamente preenchendo a lacuna de modelos críticos para a interpretação deste tipo de obras e de terminologia específica para analisar e ensinar a literatura eletrónica. Além do domínio da literatura digital e das suas características, importa indagar se professores e alunos deveriam ter conhecimentos de programação ou mesmo se é possível ensinar e compreender obras digitais, em profundidade, sem este conhecimento específico.

    Cumpre, pois,  discutir questões como: deveria o contexto educativo atual aproveitar o currículo oculto dos nativos digitais, explorando criticamente as possibilidades criativas, lúdicas e estéticas proporcionadas pelos objetos digitais? Poderão professores, bibliotecários, mediadores de leitura ou outros agentes educativos e literários ignorar a literatura digital infantil e juvenil, dado que ela propicia a participação mais lúdica dos jovens leitores e expande as suas competências criativas, imaginativas e críticas? Quão relevantes são estes artefactos, bem como as suas dimensões estética e expressiva para o desenvolvimento de uma literacia digital crítica? Estas são algumas das questões abordadas neste número da MATLIT, que contém uma selecção de artigos originalmente apresentados no colóquio internacional "Ensino da Literatura Digital", organizado pelo Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura e pelo Centro de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra nos dias 25 e 26 de julho de 2019.

    Ana Maria Machado (Universidade de Coimbra)
    Ana Albuquerque e Aguilar (Universidade de Coimbra)

  • Redes da Poesia Experimental: Circulações Materiais
    Vol. 7 N.º 1 (2019)

    As neovanguardas da década de 1950 experimentaram pela primeira vez com a produção de artefactos artístico-poéticos que transcenderam e desafiaram as definições e limites da literatura e das artes visuais. A poesia concreta tornou-se um movimento internacional que trabalhava com a herança da escrita experimental de ícones como Mallarmé, Joyce e Cummings, integrando práticas visuais e materiais na própria poesia. Durante as décadas de 1970 e 1980, a poesia experimental evoluiu enquanto prática internacional altamente colaborativa, integrando desde formatos visuais e sonoros até à instalação e à performance. A receção dessas práticas poéticas radicais oscilava também entre literatura e arte visual: poemas em formatos experimentais surgem frequentemente em revistas ou são apresentados em galerias como obras de arte, performances ou happenings.

    De forma significativa, a poesia experimental proliferava em climas políticos adversos e procurava conexões à escala global. O fosso entre modernização tecnológica e desigualdade social era uma expressão visível dessas contradições, especialmente na América Latina. As sociedades eram invadidas por produtos industriais aos quais somente uma pequena parte da população tinha acesso. A rádio, a televisão e os meios impressos a cores incrementavam a circulação de informação embora os regimes repressivos em muitos países latino-americanos, na Península Ibérica e na Europa Oriental praticassem uma censura apertada. As práticas experimentais tornaram-se também uma corrente forte nos países democráticos da Europa Ocidental, como por exemplo em Itália, França e Países Baixos, onde o uso de materiais novos e o intercâmbio com colegas internacionais se tornou central.

    Durante esses anos, a poesia experimental coincidiu em grande parte com a arte postal e até estabeleceu os primeiros círculos de arte postal na América Latina. O entrosamento da poesia com os seus materiais e meios tecnológicos tornou-se uma característica essencial. A fotocopiadora, por exemplo, tornou-se um meio tecnológico importante nas práticas poéticas experimentais. A partir de meados da década de 1990, a poesia experimental passou progressivamente a explorar as possibilidades do digital. Todavia, ainda hoje encontramos práticas analógicas que intervêm sobre o material físico, de que são exemplo Manual da Pedra (2013), de Carlito Azevedo, ou Rodapé Literário (2013), de Daniel Monteiro.

    Pauline Bachmann (Universidade de Zurique)
    Jasmin Wrobel (Universidade Livre de Berlim)

  • Electronic Literature: Translations
    Vol. 6 N.º 3 (2018)

    ELO 2017

    A ELO (Organização de Literatura Eletrónica) organizou a sua Conferência, Festival e Exposições de 2017, entre os dias 18 e 22 de julho, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, bem como em vários outros locais no centro histórico da cidade do Porto. Intitulada “Literatura Eletrónica: Filiações, Comunidades, Traduções”, a ELO'17 propôs “uma reflexão sobre diálogos e histórias por contar ​​da literatura eletrónica, proporcionando um espaço de debate sobre as relações, negociações e movimentos identificáveis no campo da literatura eletrónica”. Teve como objetivo “contribuir para deslocar e re-situar as visões e histórias estabelecidas da literatura eletrónica, a fim de alargar e expandir o seu campo, mapear relações textuais descontínuas entre histórias e formas, e criar aparatos produtivos e poéticos através de combinações inesperadas”. O Volume 6 da revista MATLIT: Materialidades da Literatura publica artigos selecionados da ELO 2017. Os artigos foram divididos em três números de acordo com os tópicos da conferência: 6.1 Filiações, 6.2 Comunidades e 6.3 Traduções. Ensaios e artigos de investigação são publicados na “seção temática”, enquanto textos sobre projetos artísticos e instalações surgem na secção “mediarama”.

    Traduções

    Citamos a partir da descrição original do tema Traduções: “A literatura eletrónica é uma transação entre linguagem e código. Contém muitas vozes. Queremos entender a literatura eletrónica como tradução no sentido mais amplo possível.” Começando pelo diagnóstico provocatório de Stuart Moulthrop sobre o estado da nação eletrónica, o sentido alargado de tradução refletido neste número estende-se à remediação ou apropriação de modernistas europeus como Raymond Roussel e Fernando Pessoa, e à recriação dos contos de fadas dos Irmãos Grimm. Outros tópicos incluem a relação entre cognição algorítmica e humana, a tradução de Inanimate Alice para português, a edição eletrónica da autocensura, uma revisitação dos efeitos da hiperficção sobre a leitura das crianças e uma reflexão sobre a criação de recursos digitais para a literacia literária no contexto brasileiro. O artigo de Simon Biggs sobre a sua instalação imersiva de rastreamento do movimento fornece ainda outra abordagem para a noção expandida de tradução enquanto mediação material corporizada.

    Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa)
    Manuel Portela (Universidade de Coimbra)

  • Electronic Literature: Communities
    Vol. 6 N.º 2 (2018)

    ELO 2017

    A ELO (Organização de Literatura Eletrónica) organizou a sua Conferência, Festival e Exposições de 2017, entre os dias 18 e 22 de julho, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, bem como em vários outros locais no centro histórico da cidade do Porto. Intitulada “Literatura Eletrónica: Filiações, Comunidades, Traduções”, a ELO'17 propôs “uma reflexão sobre diálogos e histórias por contar ​​da literatura eletrónica, proporcionando um espaço de debate sobre as relações, negociações e movimentos identificáveis no campo da literatura eletrónica”. Teve como objetivo “contribuir para deslocar e re-situar as visões e histórias estabelecidas da literatura eletrónica, a fim de alargar e expandir o seu campo, mapear relações textuais descontínuas entre histórias e formas, e criar aparatos produtivos e poéticos através de combinações inesperadas”. O Volume 6 da revista MATLIT: Materialidades da Literatura publica artigos selecionados da ELO 2017. Os artigos foram divididos em três números de acordo com os tópicos da conferência: 6.1 Filiações, 6.2 Comunidades e 6.3 Traduções. Ensaios e artigos de investigação são publicados na “seção temática”, enquanto textos sobre projetos artísticos e instalações surgem na secção “mediarama”.

    Comunidades

    Citamos a descrição original do tema Comunidades: “A literatura eletrónica é global. Cria um fórum no qual os sujeitos da rede global agem, lutando para definir a sua localização e a sua situação. Este tópico tem como objetivo alargar o entendimento relativo às comunidades de literatura eletrónica e ao modo como a literatura é relatada no seio de diversas comunidades de prática”. A abordagem eco-social de Eugenio Tisselli à materialidade da luz, e a crítica de Matthew Kirschenbaum à fixação tecno-experimental da comunidade e-lit interrogam muitos dos nossos próprios pressupostos sobre os meios digitais de produção social e artística. Estas interrogações iniciais ecoam também nas práticas de cinema digital analisadas por Will Luers e nos projetos feministas descritos por Maria Angel e Anna Gibbs. A gravação de som e a perceção aural, os usos do som na literatura eletrónica e a literatura digital para crianças são alguns dos temas abordados em artigos que analisam diferentes comunidades de prática.

    Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa)
    Manuel Portela (Universidade de Coimbra)

  • Electronic Literature: Affiliations
    Vol. 6 N.º 1 (2018)

    ELO 2017

    A ELO (Organização de Literatura Eletrónica) organizou a sua Conferência, Festival e Exposições de 2017, entre os dias 18 e 22 de julho, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, bem como em vários outros locais no centro histórico da cidade do Porto. Intitulada “Literatura Eletrónica: Filiações, Comunidades, Traduções”, a ELO'17 propôs “uma reflexão sobre diálogos e histórias por contar ​​da literatura eletrónica, proporcionando um espaço de debate sobre as relações, negociações e movimentos identificáveis no campo da literatura eletrónica”. Teve como objetivo “contribuir para deslocar e re-situar as visões e histórias estabelecidas da literatura eletrónica, a fim de alargar e expandir o seu campo, mapear relações textuais descontínuas entre histórias e formas, e criar aparatos produtivos e poéticos através de combinações inesperadas”. O Volume 6 da revista MATLIT: Materialidades da Literatura publica artigos selecionados da ELO 2017. Os artigos foram divididos em três números de acordo com os tópicos da conferência: 6.1 Filiações, 6.2 Comunidades e 6.3 Traduções. Ensaios e artigos de investigação são publicados na “seção temática”, enquanto textos sobre projetos artísticos e instalações surgem na secção “mediarama”.

    Filiações

    Citamos a descrição original do tema Filiações: “Este tópico aborda várias perspetivas diacrónicas e genealógicas da literatura eletrónica, proporcionando espaço para estudos comparativos; arqueologias e transações por contar entre a literatura eletrónica e outras práticas expressivas e materiais”. Começando com a análise que Friedrich Bloch faz da construção paratextual do campo, os artigos reunidos neste número abordam diversos contextos históricos e práticas literárias relevantes para a compreensão da literatura eletrónica. Estes incluem a história inicial dos textos gerativos e combinatórios, a reinvenção da poética espacial de Mallarmé, a relação entre poesia concreta e poesia computacional, mas também a heterogeneidade das práticas digitais quando consideramos a semiótica social e as especificidades tecnológicas de localizações geográficas e tradições literárias distintas.

    Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa)
    Manuel Portela (Universidade de Coimbra)

  • Vox Media: O Som na Literatura
    Vol. 5 N.º 1 (2017)

    No cruzamento das vanguardas históricas com as mudanças nas tecnologias de comunicação, a literatura abriu-se às materialidades do som, da voz e da performance, num processo que a mediação e reprodução técnica não deixou de acelerar e dramatizar, até à revolução digital (e à especificidade histórica e tecnológica da situação pós-digital). Este processo sofreu ainda a sobreposição do fenómeno da massificação, operando em grande medida num cenário de «re-oralização», embora já nos termos históricos de uma «oralidade secundária». Dos ambientes mais vanguardistas aos mais massificados, da Poesia Sonora à Spoken Word ou à Slam Poetry, sem esquecer esse vasto território intermédio ocupado pelas «leituras (ou récitas) de poesia», a consciência de que o planeta da literatura abarca também essas dimensões é hoje crescente: poesia fonética, poesia sonora, gravação de textos literários (pelos seus próprios autores ou por outros leitores), musicalização de poemas (sobretudo nos casos em que a voz não chega ao canto e se sabota a forma canção), leituras ao vivo, spoken word, slam poetry, rap

    O volume 5 de MATLIT explora, pois, aquilo a que chamamos a literatura enquanto VOX MEDIA: a voz enquanto meio da literatura e as perturbações que o meio sofre pelo efeito combinado da performance e das tecnologias de mediação, representação e reprodução, sem esquecer a tensão entre corpo e tecnologia, entre a audibilidade/inaudibilidade do texto, entre o som e o sentido, entre a presença física ou a ausência do autor, etc. A intenção é, não apenas, a de produzir o catálogo e compêndio dos efeitos contemporâneos da VOX MEDIA sobre a noção de literatura, mas a de produzir uma arqueologia da VOX MEDIA e de todos os fenómenos recalcados pela sua invisibilidade histórica.

    Osvaldo Manuel Silvestre (CLP, Universidade de Coimbra)
    Felipe Cussen (IEA, Universidade de Santiago do Chile)

  • MatLit_4.2_Cover

    Estudos Literários Digitais 2
    Vol. 4 N.º 2 (2016)

    A secção temática de MATLIT 4.2 é composta por uma seleção de artigos baseados nas comunicações apresentadas no colóquio internacional Estudos Literários Digital | Digital Literary Studies”, que teve lugar a 14 e 15 de maio de 2015 na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o colóquio foi uma organização conjunta do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, do Arquivo LdoD e do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, tendo reunido 60 investigadores, oriundos de 17 países, representando 42 instituições de ensino e investigação. Este é o segundo de um conjunto de dois números com origem no colóquio (Vols. 4.1 e 4.2).

    A digitalização de artefactos e práticas literárias, a adoção de métodos computacionais para modelação, edição e análise de texto, bem como o desenvolvimento de formas colaborativas de investigação e ensino através de plataformas e redes de telecomunicação são três dimensões da relocalização da literatura e dos estudos literários no meio digital. O objetivo do volume 4 é contribuir para o mapeamento de práticas materiais e processos interpretativos de estudos literários numa ecologia medial em mudança. Entre os temas abordados neste número, destacamos a análise literária computacional (TEI e anotação semântica, TEI e Linked Open Data, corpora e análise estilística, teoria literária e teoria de rede, macroanálise e visualização), a edição crítica digital, a escrita computacional (escrita descriativa e geração automática de texto, internet e micronarrativa), assim como o ensino e a divulgação de formas e práticas literárias digitais. Este número contém uma amostragem de métodos, objetos e projetos em curso no campo dos estudos literários digitais.

    Manuel Portela (CLP, Universidade de Coimbra)
    António Rito Silva (INESC-ID, Universidade de Lisboa)

  • MatLit_4.1_(capa)

    Estudos Literários Digitais 1
    Vol. 4 N.º 1 (2016)

    A secção temática de MATLIT 4.1 é composta por uma seleção de artigos baseados nas comunicações apresentadas no colóquio internacional Estudos Literários Digital | Digital Literary Studies”, que teve lugar a 14 e 15 de maio de 2015 na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o colóquio foi uma organização conjunta do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, do Arquivo LdoD e do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, tendo reunido 60 investigadores, oriundos de 17 países, representando 42 instituições de ensino e investigação. Este é o primeiro de um conjunto de dois números com origem no colóquio (Vols. 4.1 e 4.2).

    A digitalização de artefactos e práticas literárias, a adoção de métodos computacionais para modelação, edição e análise de texto, bem como o desenvolvimento de formas colaborativas de investigação e ensino através de plataformas e redes de telecomunicação são três dimensões da relocalização da literatura e dos estudos literários no meio digital. O objetivo do volume 4 é contribuir para o mapeamento de práticas materiais e processos interpretativos de estudos literários numa ecologia medial em mudança. Entre os procedimentos explorados neste número, destacam-se a análise literária computacional (narratologia computacional, corpora e tradução, macroanálise e visualização) e a escrita computacional (geração automática de texto, bem como narrativa hipertextual e intermédia em diferentes plataformas). Os limites do processamento digital e da dadificação das formas artísticas são ainda analisados a partir da história da estética informacional. Este número constitui uma pequena amostra de métodos, ferramentas, objetos e práticas digitais no campo dos estudos literários.

    Manuel Portela (CLP, Universidade de Coimbra)
    António Rito Silva (INESC-ID, Universidade de Lisboa)

  • MatLit_3.1 (cover)

    Artes, Média e Cultura Digital
    Vol. 3 N.º 1 (2015)

    A secção temática de MATLIT 3.1 é composta por uma selecção de artigos apresentados ao colóquio ActaMedia XI: Simpósio Internacional de Artemídia e Cultura Digital, que teve lugar em 2014 nas cidades de Lisboa (Palácio Foz, 14-15 de novembro), Coimbra (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; 18-19 de novembro) e São Paulo (Centro Cultural de São Paulo, 3-4 de dezembro). Tratou-se de um evento que congregou investigadores vinculados ao COLABOR/Centro de Pesquisas em Linguagens Digitais (ECA-USP), ao Programa Interunidades de Pós-Graduação em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo (PGEHA/USP), ao Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura e ao Centro de Literatura Portuguesa (CLP) da Universidade de Coimbra. Assim, os artigos agora reunidos, dando continuidade ao regime de colaboratório do simpósio, incidem sobre diferentes temas – no sentido de ‘problemas’ – referentes a materialidades e valores que se associam à mediação digital, prestando atenção crítica às novas tecnologias e às figuras da chamada ‘realidade virtual’, interrogando diferentes objectos no quadro dos estudos interartísticos, da transversalidade intermedial e das Humanidades Digitais. Estes trabalhos de investigação são complementados por uma entrevista a Eduardo Kac e, na secção ‘Mediarama’, pela apresentação de projetos de artistas portugueses e brasileiros que têm explorado expressivamente o meio digital. A secção temática visa, assim, contribuir para uma reflexão sistemática e teoricamente fundamentada sobre o meta-meio digital – as suas determinações materiais, as suas simbolizações culturais, os desafios que supõe para o pensamento, a imaginação e o fazer coisas.

    Paulo Silva Pereira (CLP, Universidade de Coimbra)
    Pedro Serra (Universidade de Salamanca)

  • MATLIT_2.1(capa)

    Livro e Materialidade
    Vol. 2 N.º 1 (2014)

    Parece ter passado o sobressalto a respeito do destino do livro causado em vagas sucessivas pelos familiar e reiteradamente chamados “novos meios”. Que o livro não morreu, que o livro até ganhou nova vida, que o livro afinal é insubstituível, que o livro é um instrumento aperfeiçoado e aperfeiçoável, são formulações hoje tão vulgares como as que lhe anunciavam a morte próxima por anacronismo ou desnecessidade. Por outro lado, o debate continua em torno da ideia de reedição do livro: quanto dos novos meios é afinal reedição do livro clássico? Quanto do livro clássico é afinal antecipação dos novos meios? Este número de MATLIT pretende intervir nesse debate centrando-o no problema da materialidade, sugerindo um percurso de regresso a partir da pergunta “o que ensinam os novos meios a respeito da materialidade do livro?”

    Dessa pergunta se podem deduzir os tópicos do debate que MATLIT pretende prosseguir neste número.

    Abel Barros Baptista (Universidade Nova de Lisboa)

  • MatLit_1.2 (2013)

    Escrita e Cinema
    Vol. 1 N.º 2 (2013)

    Na sequência final de Un chien andalou (1929) de Luís Buñuel, o casal passeia pela praia de mãos dadas, no que seria um Happy End perfeito, não fora o último plano, situado na Primavera seguinte, em que do casal parecem restar apenas reproduções em cartão, arruinadas pela natureza. O filme termina pois em pleno imaginário romanesco (melodrama, final duplo, falso happy end), o que ajuda a perceber que, como nota Robert Short, o surrealismo não abandonou a narrativa nem virou costas à «arte de massas», aliás uma boa definição para o cinema nascente, quer em Hollywood quer em boa parte da Europa de então. Un chien andalou, lembre-se, começa com o intertítulo «Il était une fois», e o filme afasta-se das tentativas anteriores da vanguarda Dada ou surrealista no cinema (Man Ray, Desnos, Artaud) justamente por não destruir a produtividade da ideia de «contar uma história». O problema reside aqui mesmo, pois ao recusar a pura experimentação formal que definira até aí a vanguarda, Buñuel não recupera porém aquela versão oitocentista da literatura enquanto «arte de contar histórias para a burguesia», versão contra a qual se virá a erguer o movimento moderno. Lembremos aquele disclaimer de Mallarmé, figura maior da crítica da representação que alimentará a literatura moderna, segundo o qual versos não se fazem com ideias mas com palavras (ou aqueloutro de Valéry, incapaz de escrever frases como «A marquesa saiu às cinco horas»).

    O que fica então da narrativa em Un chien andalou? A sabotagem do mecanismo da causa-efeito e, logo, da sequência narrativa, mas ao mesmo tempo a narrativa como teleologia (ou pulsão). Assim como da literatura fica um certo número de tropos – acima de todos a metonímia que nos dá a ver o trabalho do inconsciente – e um famoso efeito de assinatura produzido logo a abrir pelo autor-realizador ele-mesmo por meio de uma navalha de barba. A complexidade com que o filme inaugural de Buñuel aborda as relações entre escrita e literatura, de um lado, e cinema, do outro, situa-se pois muito para lá do quadro tradicional em que os estudos literários conceptualizam essa relação, quase sempre sob a égide da figura da «adaptação», com todas as suas noções de referência (precedência, traduzibilidade, fidelidade, etc.). Inversamente, é possível afirmar que o cinema tende a confundir a literatura, e em especial o romance, com a história, esquecendo ou menorizando as «palavras», para regressar a Mallarmé, e optando pelas «ideias». Contudo, não há cinema, mesmo no precedente histórico do mudo, sem escrita, da pré-produção (o argumento) à pós-produção (que pode ir da crítica à novelização do argumento, como ocorre em vários dos filmes UFA de Fritz Lang ou nos de Spielberg e George Lucas, mas também nos livros que o Godard tardio edita a partir dos textos – ou melhor: das frases – que escreve para os seus filmes) ou ainda à inscrição no corpo do filme de subtítulos, separadores, citações, etc. (pense-se nos casos maiores de, de novo, Godard, ou Greenaway). E há toda uma tipologia de «inscrições» da escrita em filmes: a produzida pela carta, pelo diário ou pela poesia, no momento da escrita ou da leitura, em tratamento ficcional ou documental. Refira-se ainda um género tão singular como o «filme ensaio», cuja ascendência literária é denunciada logo na sua designação, e cujo procedimento formal herda a inquirição do ensaio enquanto escrita híbrida e epistemologicamente vacilante.

    O Volume 1.2 de MATLIT aborda uma gama alargada de ocorrências da materialidade e reflexividade da escrita no cinema, tentando reflectir sobre (i) a relação entre escrita e imagem fílmica, as possibilidades de descrição/ tradução mútua e os limites semióticos dessa descrição; (ii) a escrita no cinema, como tema e como inscrição; (iii) o cinema como escrita e linguagem e a linguagem e a escrita como analogias dos processos de significação no cinema; (iv) a forma como a materialidade da escrita no cinema nos ajuda a pensar a literatura como inscrição mais do que como ontologia. Este segundo número resulta de um esforço conjunto entre o Programa de Doutoramento «Estudos Avançados em Materialidades da Literatura» e o projecto FCT «Falso Movimento – Estudos sobre Escrita e Cinema» (PTDC/CLE-LLI/ 120211/2010).

    Osvaldo Manuel Silvestre (CLP, Universidade de Coimbra)
    Clara Rowland (CEC, Universidade de Lisboa)

  • MatLit_1.1 (2013)

    Estranhar Pessoa com as Materialidades da Literatura
    Vol. 1 N.º 1 (2013)

    Este número inaugural da revista MATLIT dedica a sua secção temática ao colóquio «Estranhar Pessoa com as Materialidades da Literatura», realizado a 25 de maio de 2012 no Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra. Este colóquio foi organizado pelo Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, pelo Centro de Literatura Portuguesa (CLP) da Universidade de Coimbra e pelo Laboratório de Estudos Literários Avançados (ELAB) da Universidade Nova de Lisboa. Os artigos apresentados foram produzidos no âmbito de dois projetos de investigação em curso dedicados à obra de Fernando Pessoa: Nenhum Problema tem Solução: Um Arquivo Digital do Livro do Desassossego (CLP, 2012-2015) e Estranhar Pessoa: Um Escrutínio das Pretensões Heteronímicas (ELAB e IFL, 2013-2015).

    This inaugural issue of MATLIT dedicates its thematic section to the conference «Estranging Pessoa with the Materialities of Literature», which took place on May 25, 2012, at the Center for Portuguese Literature, University of Coimbra. This one-day conference was jointly organized by the Doctoral Program in Materialities of Literature, the Center for Portuguese Literature (CLP) at the University of Coimbra, and the Laboratory of Advanced Literary Studies (ELAB) at the New University of Lisbon. The selected papers are the result of two ongoing research projects about Fernando Pessoa's work: No Problem Has a Solution: A Digital Archive of the Book of Disquiet (CLP, 2012-2015) and Estranging Pessoa (ELAB and IFL, 2013-2015).

    Manuel Portela (CLP, Universidade de Coimbra)
    Osvaldo Manuel Silvestre (CLP, Universidade de Coimbra)