Otzi, a múmia glaciar e as suas sobrevidas: a personagem nas novas narrativas de ciência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14195/2183-6019_6_2

Palavras-chave:

personagem, narrativa de ciência, storytelling, rádio, polifonia

Resumo

Propõe-se, neste artigo, mostrar como a personagem é um elemento estruturante na comunicação narrativa, fundamental para a construção de laços com a instância da receção. Dentro dos modelos teóricos sobre a categoria personagem, Ralph Schneider, adotando o modelo cognitivo e partindo do pressuposto da natureza dupla da personagem – ou seja, ela é simultaneamente baseada em pessoas “reais” e resulta de um processo compósito de construção – concebe a personagem como um modelo mental que o leitor / espectador / ouvinte ativa com base em informações imanentes ao texto, combinando-as com a informação mental e cognição social (Schneider, 2001, p. 608). Este modelo teórico parece, neste contexto, muito pertinente, pois poderá responder à hipótese de trabalho inicial: a saber, a de que a personagem é a categoria indispensável para a construção da sedução pela narrativa. A identificação gerada na instância recetora – a que alguns autores preferem chamar de empatia – passa necessariamente pelas emoções envolvidas no ato de receção. Tomar-se-á como estudo de caso uma narrativa de rádio em podcast (http://www.radiolab.org/story/ice-cold-case/) que constrói uma história à volta de um achado arqueológico – uma múmia glaciar da Idade do Bronze – com vista a transmitir conteúdos científicos a um público não especializado. Situamo-nos, portanto, no âmbito da comunicação de ciência, em que o storytelling (Dahlstrom, 2014) e, dentro dele, a figuração da personagem (Reis, 2015), são expedientes nucleares de sedução do público ouvinte e ‘facilitadores’ da comunicação.

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Publicado

2018-03-05