Chamada de artigo: Olimpismo. Contributos a partir dos estudos sobre media, jornalismo e comunicação (NOVAS DATAS)
Coordenadores do número: Francisco Pinheiro (CEIS20-UC) e Rita Nunes (Comité Olímpico de Portugal)
Na linha de continuidade dos números 8 e 15 da revista Mediapolis, dedicados ao desporto e ao futebol, respetivamente, na sua relação com os media, abrimos este novo número aos estudos sobre olimpismo, mais uma vez na sua interação com os media, o jornalismo e a comunicação.
Recordamos que em 2024 se realizam os Jogos Olímpicos de Paris, precisamente num ano em que se comemora o centenário do Jogos Olímpicos de Paris de 1924, que tiveram um enorme impacto na imprensa portuguesa e internacional, contribuindo decisivamente, por exemplo, para a criação do primeiro jornal diário desportivo português, o Diário de Sport, nesse mesmo ano.
Mais uma vez, como assinalámos no número 15, acreditamos que dedicar um número desta revista à relação entre olimpismo, media, jornalismo e comunicação é, em si mesmo, uma aposta ousada, sobretudo no contexto académico e científico português, onde se revela um paradoxo: o desporto é um dos mais representativos fenómenos da cultura popular mas tem uma mitigada atenção académica, sobretudo a partir do enfoque científico das humanidades e das ciências sociais. O mesmo sucede ao nível do próprio jornalismo português, em que o jornalismo desportivo (muitas vezes secundarizado) tem um papel hegemónico, embora de cariz enviesado, com o futebol a dominar a narrativa mediática sobre desporto. Salientamos também que do ponto de vista comemorativo se justificava esta temática em 2024, ano olímpico e ano do centenário da histórica edição dos Jogos Olímpicos de Paris de 1924, com um incontornável impacto na história dos media, do jornalismo e da comunicação.
Acentuamos mais uma vez que do ponto de vista científico, por um lado ainda continuamos a ter uma academia herdeira da tradição dos estudos anglo-saxónicos sobre desporto, envolvendo o próprio movimento olímpico, cristalizados nas décadas de 60, 70 e 80 do século XX, acostumada a associá-lo aos conceitos de ordem, disciplina, corpo, alienação e cultura de massas. O desporto e o olimpismo ficam, assim, alinhados epistemologicamente nos campos do lazer e do tempo livre, entendidos como temas menores, afastados das grandes temáticas, como podem ser a política ou a economia, por exemplo, que regem as dinâmicas internacionais e a ideia de tempo presente. Por outro lado, no campo ocupado pelos media, jornalismo e comunicação assistimos a um crescimento exponencial do fenómeno desportivo ao longo dos séculos XX e XXI, com o olimpismo a desempenhar um papel fundamental nesse processo. Porém, ainda persiste um certo olhar sobre o fenómeno desportivo como um assunto secundário tematicamente, em termos informativos, quando comparado com temas considerados socialmente mais relevantes.
As extensas e imbatíveis audiências globais geradas pelos Jogos Olímpicos, cada quatro anos – e a própria massificação (popular e mediática) que lhe está associada nesse período – levou a algum afastamento da comunidade intelectual, avessa a este género de fenómenos, apelidados, tantas e tantas vezes, de forma pejorativa, como de “massas” ou de “baixa cultura”. Porém, ao contrário do futebol, muito mais popular, o movimento olímpico beneficiou de um certo elitismo relacionando com os seus praticantes, assim como com os ideais olímpicos e as suas múltiplas dimensões políticas, económicas e sociais, amplamente analisadas à luz de disciplinas como a história, a sociologia, a filosofia, as relações internacionais, o direito, a educação física ou o desporto, entre outras. O movimento olímpico, nascido em finais do século XIX e popularizado no século XX, chegou ao novo milénio como elemento criador de modas e comportamentos à escala global, assumindo-se como um “facto social total” e complexo, carente de reflexão e investigação por parte das humanidades e das ciências sociais, assim como do enfoque disciplinar do jornalismo e das ciências da comunicação. O desafio deste número é demonstrar, mais uma vez, o quanto o olimpismo pode e deve constituir-se num objeto de pesquisa e investigação no âmbito académico e científico, dada a sua plasticidade social e apelo a abordagens interdisciplinaridades e/ou multidisciplinaridades.
A Mediapolis inclui, deste modo, o olimpismo como tema central, demonstrando também ela o seu carácter vanguardista, plural e interdisciplinar – em linha com os pressupostos do grupo (GICJEP) e do centro de investigação (CEIS20) que lhe estão na génese. Como se trata da primeira incursão desta revista a um tema tão complexo, o desafio é abrir e criar um espaço de reflexão e discussão sobre o olimpismo na sua relação com os media, jornalismo e comunicação, preferencialmente alimentado por investigações empíricas originais e inovadoras, alargadas a múltiplas visões e temas, que questionem e pensem o olimpismo e as suas intersecções com os media, o jornalismo e a comunicação.
Aceitamos contributos em vários domínios, incluindo:
1) Teorias e metodologias;
2) História, megaeventos, violência, discriminação, racismo;
3) Sexualidade, género, celebridades, público;
4) Ciberespaço, redes sociais e videojogos;
5) Audiências e espetacularização;
6) Política, nação e identidades;
7) Relações internacionais e soft power;
8) Estética, cultura e ideais olímpicos;
9) Cinema, fotografia e publicidade;
10) Ética e deontologia;
11) Transformações informativas e tecnológicas.
Os artigos devem ser submetidos até 10 de março de 2024, para integrar este número da Mediapolis, referente ao segundo semestre de 2024.
Deverão seguir as normas de publicação que podem ser consultadas no seguinte link: https://impactum-journals.uc.pt/mediapolis/about/submissions