Cristãos-Novos da cidade de Viseu e A Devassa Inquisitorial: Entendimentos Sobre Uma Comunidade Específica (Sécs. xvi- xvii)
DOI:
https://doi.org/10.14195/0870-4147_47_3Palavras-chave:
Cristãos-novos; Viseu; Inquisição; Sistema clientelar; ÊxodosResumo
Nos finais de Quatrocentos, após a conversão forçada das minorias religiosas em território nacional, prosperava na cidade de Viseu uma certa comunidade que descende do velho credo mosaico. Muitos tinham vindo de Castela, beneficiando da regularidade dos fluxos pela raia. Dotados de singular aptidão para o saber e para a ciência, revelando históricas capacidades de pragmatismo e adaptação, ocupam uma posição central na geografia e dinamismos locais, como rendeiros, físicos e advogados, proprietários rurais mas, sobretudo, mercadores transfronteiriços. Guiadas por uma ética singular fundada na preservação da memória, estas famílias conversas participam num equilíbrio mais geral, estruturado no sistema clientelar do tempo e por isso transversal a cristãos-novos e velhos. Porém, a emergência de novas dinâmicas de poder e lógicas integracionistas sacodem violentamente a cidade e alteram a equação de forças em que se ancorava a vida em comunidade. A devassa inquisitorial irá afetar profundamente os ritmos e a sobrevivência do seu núcleo central, às voltas com acusações heréticas. Uns sucumbem na prisão, outros pelo fogo ou pelo garrote. Muitos fogem, tentando salvar a vida e a fazenda. A cidade sofre irremediavelmente pela sangria de gente que lhe acrescentara vigor mas nem por isso supera o estigma do “sangue impuro”.
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