Conhecimento e virtude no Mênon de Platão

Autores

  • Franco Ferrari Università degli Studi di Salerno, Salerno, Itália

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_12_8

Palavras-chave:

virtude, conhecimento, mestres de virtude, opinião

Resumo

O tema da natureza da virtude e de sua transmissi-bilidade atravessa quase todos os diálogos da juventude de Platão, isto é, os considerados “diálogos socráticos”. Este adquire uma relevância central no Protágoras e no Mênon, o qual se abre exata-mente com a interrogação acerca da maneira de adquirir a virtude. No curso do diálogo, a arete assume um significado eminentemente político: Mênon pergunta a Sócrates como se pode obter sucesso no campo político, como se pode adquirir reconhecimento social. A tese em torno a qual se desenvolve a conversação assume a identidade de virtude e conhecimento (episteme). Todavia, a consequência que deriva da assunção desta tese, isto é, o prin-cípio com base no qual a virtude, enquanto conhecimento, seja ensinável, é refutado por meio do célebre “argumento empírico”: a ausência de homens capazes de transmitir a sua virtude aos filhos demonstra que essa não é ensinável, e ,portanto, não é conhecimento. Sócrates propõe, então, situar na opinião correta (orthe doxa) a fonte da virtude política. Todavia, a validade do argumento empírico resulta muito incerta, uma vez que parece fundar-se na ambiguidade do significado do termo didakton, que quer dizer seja “ensinável” seja efetivamente “ensinado”. Também a tentativa de fundar a virtude na theia moira deve ser tratada com certo ceticismo. Na realidade, Sócrates alude, no fim do diálogo, à possibilidade de que exista um homem que seja virtuoso e que seja também capaz de ensinar a virtude a outro homem: este homem extraordinário é naturalmente o próprio Sócrates.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARNES, J. (1991) Enseigner la vertu? Revue philosophique de la France et de l’Étranger,n. 116, p. 571 - 589.BLÖSSNER, N. (2011) The Unity of Plato’s Meno. Reconstructing the Author’s Thoughts, Philologus, n. 155, p. 39 - 68.BRUNSCHWIG, J. (1991) Pouvoir enseigner la vertu? Revue philosophique de la France et de l’Étranger,n.116, p. 591 - 602.BONAZZI, M. (2010) Platone, Menone.Torino, Einaudi. CAMBIANO, G. (1971) Platone e le tecniche, Torino, Einaudi.CHARLES, D. (2006) Types of Definition in the Meno. In: JUDSON, L & KARASMANIS, V. (eds.), Remembering Socrates. Oxford, Clarendon Press, p. 110 - 128.DEVEREUX, D. (1978) Nature and Teaching in Plato’s Meno. Phronesis, n. 23, p. 118 - 26.DIMAS, P. (2007) Teachers of Virtue. Ancient Philosophy,n. 27, p. 1 - 23.ERLER, M. (1991) Il senso delle aporie nei dialoghi di Platone. Esercizi di avviamento al pensiero filosofico, Milano, Vita e Pensiero, Milano, (orig. Berlin-New York 1987).FRONTEROTTA, F. (2011) Υπόθεσις e διαλέγεσθαι. Metodo ipotetico e metodo dialettico in Platone. In: LONGO, A. (ed.), Argument from Hypothesis in ancient Philosophy, Napoli, Bibliopolis, p. 43 - 74.IONESCU, C. (2007) Plato’s ‘Meno’. An Interpretation. New York, Toronto, Roman & Littlefield Publishers, Lanham.KAHN, C. (2008) Platone e il dialogo socratico. L’uso filosofico di una forma letteraria. Milano, Vita e Pensiero, (orig. Cambridge 1996).NEHAMAS, A. (1985) Meno’s Paradox and Socrates as a Teacher. OSAPh, n. 3, p. 1 - 30.PERIN, C. (2012) Knowledge, Stability, and Virtue in the Meno.Ancient Philosophy, n. 32, p. 15 - 34.SCOTT, D. (2006) Plato’s Meno. Cambridge, Cambridge University Press.SHARPLES, R. W. (1985) Plato, Meno, edited with Translation and Notes, Warminster, Aris & Phillips Publishers.WEISS, R. (2001) Virtue in the Cave. Moral Inquiry in Plato’s ‘Meno’. Oxford,Oxford University Press.WILKES, K.V. (1979) Conclusions in the Meno. AGPh, n. 61, p. 143 - 153.

Downloads

Publicado

2025-11-29

Como Citar

Ferrari, F. (2025). Conhecimento e virtude no Mênon de Platão . Revista Archai, (12), 77. https://doi.org/10.14195/1984-249X_12_8