Os arquivos como instrumentos de poder
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7974_38_1_1Palavras-chave:
Arquivos, Estado, Dominação, Administração, Dever de responsabilidadeResumo
Considerar os arquivos como instrumentos de poder, seja qual for a natureza deste, com ou sem ponto de interrogação, é provavelmente a mais clássica de todas suas as facetas. Os arquivos estão associados ao poder e, sobretudo, ao poder do Estado, ainda que o poder possa assumir diversas formas, sejam elas religiosas, económicas, sociais, de género, etc., seja ele exercido por um único indivíduo, por muitos, ou por todos, seja ele soberano, delegado ou relativo. Não é necessário considerar o poder de forma unívoca, mesmo quando é, por essência, confundido com dominação, força e constrangimento. O poder administra, informa, protege e serve, tanto quanto reprime, controla, ameaça ou escraviza. É o poder, a sua natureza e os seus objetivos, que influenciam o valor dos arquivos como instrumento, e não o contrário, embora a função libertadora e esclarecedora da palavra escrita continue a ser secundária e ambígua. A relação entre o poder e os arquivos pode ser interpretada de diversas formas, podendo ser vista como fundamental, instrumental ou antagónica. Ela pode ser sintetizada em algumas fórmulas simples: poder através dos arquivos, poder sobre os arquivos, poder dos arquivos. Em suma, a relação entre os arquivos e o poder possui três dimensões: funcional, simbólica e crítica. A responsabilidade social que o arquivista recentemente descobriu e assumiu não elimina a dimensão instrumental dos arquivos, nem apaga as suas dimensões funcional, simbólica e crítica; antes permite compreender com maior clareza o que os arquivos fazem pelo poder ou, por outras palavras, qual é o seu poder.
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