O(s) Contexto(s) do Arquivo
sistemas de arquivamento e a historiografia desde o final da Idade Média
DOI:
https://doi.org/10.14195/2182-7974_38_1_4Palavras-chave:
Contexto histórico, Contexto arquivístico, Historiografia, Arquivos europeusResumo
Tanto os historiadores como os teóricos dos arquivos utilizam o conceito de “contexto”, mas com aplicações significativamente diferentes. O contexto histórico refere-se geralmente às circunstâncias que envolvem os acontecimentos ou os atores em questão, abrangendo desde pormenores de ocorrências locais até tendências globais. O contexto arquivístico, por outro lado, foi rigorosamente definido com a emergência da teoria canónica dos arquivos ocidentais no século XIX, referindo-se a conjuntos de documentos criados por um ator (individual ou coletivo), no exercício da sua atividade, que devem ser preservados de acordo com os princípios da proveniência e da ordem original. O presente artigo defende que o contexto arquivístico tem, ele próprio, uma história e que a versão canónica, associada à modernidade e a uma economia política capitalista, foi precedida, na Europa, por uma conceção particularista, baseada na pertinência do contexto arquivístico, que emergiu da economia política do privilégio, entre o final da Idade Média e o início da Época Moderna. Além disso, está a surgir, atualmente, uma compreensão pós-moderna do contexto arquivístico, consubstanciada no modelo de records continuum, que se articula com uma economia política da informação mercantilizada. Este ensaio apresenta casos históricos e reflexões comparativas para esclarecer esta trajetória. Dá especial atenção ao contexto nas teorias históricas e arquivísticas, analisando como o pensamento arquivístico e o pensamento histórico se entrelaçaram ao longo do tempo, o que oferece uma nova perspetiva para compreender tanto as estruturas profundas do passado quanto as tendências atuais. O objetivo dos estudos académicos é, por um lado, atribuir sentido às provas que nos rodeiam de acordo com as normas das disciplinas e, por outro, refletir sobre as condições desse processo de construção de sentido: as limitações, as questões não levantadas, os padrões não percebidos. O olhar do historiador sobre os regimes arquivísticos – dado que os historiadores atuais estão profundamente dependentes dos arquivos – pode adicionar uma perspetiva contínua e dinâmica aos modelos de mudança transformadora de longa duração.
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