Turismo rural regenerativo e resiliente: o caso da Aldeia de Travancinha, Portugal

Resumo

Num passado recente, Portugal sofreu os efeitos devastadores dos fogos rurais, particularmente nas zonas do interior do país o que, de acordo com os dados sobre alterações climáticas, sugere um risco acrescido para as zonas fustigadas. Os fatores de risco comprometem as condições de vida destas regiões e afastam os visitantes. De qualquer forma, embora em pequena escala, os projetos de turismo rural podem contribuir para mudar a gestão da paisagem regional e potenciar a resiliência comunitária. O objetivo principal deste estudo é: a) analisar a importância da prevenção na resposta aos desafios impostos pelas alterações climáticas em territórios de baixa densidade, especificamente associados aos incêndios rurais no interior de Portugal; e b) explorar de que forma o turismo rural pode contribuir para a resiliência e regeneração do destino em situações pós-incêndio. Com base num estudo qualitativo construtivo-interpretativo, a partir do caso da aldeia de Travancinha, foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas em profundidade a agentes de locais de turismo, autoridades locais e agentes de desenvolvimento turístico. Foram também analisados documentos e dados secundários, nomeadamente estatísticas do turismo e documentos políticos relativos a medidas de prevenção, combate e mitigação dos riscos das alterações climáticas. Com base nesses dados, foi realizada uma análise comparativa entre os períodos pré- e pós-incêndio de 2017 e 2022 e foi feita a respetiva análise de conteúdo. Os resultados revelam a importância da resiliência comunitária em territórios rurais e de baixa densidade, no caso analisado, e propõe-se um modelo de turismo regenerativo, baseado na resiliência comunitária. São também identificadas algumas condicionantes do sucesso deste modelo.