Uso e ocupação do solo e a relação com a fragilidade dos remanescentes florestais na bacia hidrográfica do Rio Cértima/Portugal
DOI:
https://doi.org/10.14195/0871-1623_40_3Palavras-chave:
fragilidade ambiental, análise de paisagem, Landscape Assessment ProtocolResumo
Em Portugal, à semelhança do que ocorreu em vastas áreas da Europa Mediterrânea, ocorreram importantes mudanças no uso e ocupação do solo, sobretudo após a segunda metade do século XX. Entre essas alterações destaca-se o abandono agrícola e a florestação de terras antes ocupadas com agricultura, em consequência do êxodo rural e também de políticas públicas adotadas. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso e ocupação do solo, os fatores físicos (climáticos, geomorfológicos e pedológicos) e históricos e as fragilidades identificadas nos remanescentes de vegetação autóctone existentes na Bacia do Rio Cértima em Portugal. Para tal, preliminarmente foi executado um diagnóstico geral da área de estudo a partir dos seguintes geoindicadores: Bioma; Clima; Geomorfologia; Geologia; Pedologia; Hipsometria e Declividade. Em seguida, foram calculadas as métricas de paisagem divididas em três categorias: tamanho, borda e forma; e são aplicadas à bacia, em geral, considerando os remanescentes florestais mapeados. Para avaliar a qualidade da vegetação florestal existente realizou-se uma análise em campo em locais selecionados da bacia do rio Cértima, por meio do método Landscape Assessment Protocol (LAP) - Protocolo de Avaliação da Paisagem. Desta forma pode-se observar que a grande parte da cobertura vegetal existente na bacia do rio Cértima é composta por eucaliptos, sendo que foram identificados um total 1220 remanescentes florestais, que ocupam uma área de 8.547,05 ha, equivalente a 15,89% da área da bacia.
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