O tabuleiro como expressão de resistências das negras quitandeiras no Brasil (século XIX):
Uma revisão bibliográfica
DOI:
https://doi.org/10.14195/2976-0232_2_1Palavras-chave:
Alimentação brasileira, Colonialismo, Quitandeiras, Resistência alimentarResumo
Quitandeiras eram chamadas as mulheres africanas e afro-brasileiras, escravizadas, escravizadas ao ganho, libertas e livres, que incorporaram a venda de gêneros alimentícios diversos como ofício no Brasil oitocentista. Estando inseridas em um sistema-mundo organizado a partir de ideais brancos e racializantes, este exercício significou uma possibilidade de resistir ao racismo, abuso e exploração experimentados por essas mulheres. Dessa forma, a fim de garantir que a colonialidade seja questionada e não reproduzida neste artigo, a decolonialidade e o questionamento da branquitude abarcam a metodologia de pesquisa utilizada, além da história social da alimentação. Assim, dois títulos formam o tripé desta revisão bibliográfica, sendo eles a dissertação Das kitandas de Luanda aos tabuleiros das Terras de São Sebastião: conflito em torno do comércio das quitandeiras negras no Rio de Janeiro do século XIX, do mestre em Planejamento Urbano e Regional Fernando Vieira de Freitas; e a tese ‘Um pé na cozinha’: uma análise sócio-histórica do trabalho de cozinheiras negras no Brasil, da doutora em Sociologia Taís de Sant’Anna Machado. Em suma, o uso da história social da alimentação, da decolonialidade e o questionamento da branquitude como pressupostos teóricos nas análises das relações de poder e subalternização estabelecidas na sociedade colonial brasileira possibilitam a compreensão das diversas formas de resistências socioculturais, intelectuais e alimentares exercidas pelas quitandeiras no século 19.
