Previsão do comportamento de aberturas subterrâneas em maciços rochosos
DOI:
https://doi.org/10.14195/2184-8394_53_1Resumen
Os maciços rochosos assumem toda uma diversidade de feições, que vão desde os meios homogéneos e intactos até às zonas de falhas preenchidas com materiais argilosos, apresentando numerosas descontinuidades e intenso esmagamento, passando pelos conjuntos de blocos em que as descontinuidades estão mais ou menos regularmente espaçadas. Um breve exame do comportamento das aberturas efectuadas nesses meios - tais como furos de sondagem, túneis e grandes escavações mineiras - aponta algumas tendências consistentes. Crê-se que os mecanismos fundamentais de rotura e as necessidades de sustimento são sempre fortemente influenciados pelas variações volumétricas associadas à potencial rotura. Mesmo meios não-diaclasados eventualmente romperão por superfícies tais como fracturas por tracção ou por corte. Pode não existir propriamente uma zona "plástica", já que a rocha entre as superfícies de rotura pode estar intacta e sob tensões relativamente menores. Como as variações volumétricas que acompanham a rotura são em grande medida determinadas pela dilatação (ou contracção) ao longo dessas superfícies de rotura ou descontinuidades preexistentes, o conhecimento destas últimas é fundamental para prever o comportamento de aberturas subterrâneas.
A fim de demonstrar algumas das variações volumétricas que ocorrem quando os maciços rochosos são submetidos a crescentes tensões de corte, pode recorrer-se a medições cuidadosas sobre modelos de meios diaclasados. As componentes da deformação das descontinuidades - fecho e dilatância induzida pelo corte - determinam o tipo de resposta de cada maciço. Procura-se obter uma descrição unificadora da resistência ao corte dos maciços rochosos a partir do comportamento do meio descontínuo.
Nesta comunicação utiliza-se, com esse fim, quer o sistema Q quer o índice JRC/JCS de caracterização das descontinuidades. O critério proposto contrasta com o de Hoek e Brown, que descreve principalmente a resistência da rocha intacta, embora com ajustamentos para aplicação a meios diaclasados ou esmagados.
Apresentam-se exemplos de modelação de escavações em meios diaclasados, usando modelos físicos e numéricos. Dá-se especial importância à discrepância entre o comportamento de meios diaclasados e as tentativas da sua simulação por modelos de meio contínuo. Como razões para a discrepância citam-se a abertura das descontinuidades por tracção e a histerese na descarga associada ao corte. Descrevem-se estudos recentes em modelo, em que foi utilizado o método UDEC (Código Universal de Elementos Discretos) para exemplificar a previsão das variações de permeabilidade na zona alterada na vizinhança de túneis.
Descargas
Citas
BANDIS, S. (1980) - Esperimental studies of scale effects on shear strength, and deformation of rock joints. Ph. D. Thesis, Dept. of Earth Sciences, Univ. of Leeds, Inglaterra.
BANDIS, S. e F. NADIM (1985) - Stability of deviated wellbore. Relatório de estudo do NGI. BANDIS, S. (1987) Comunicação pessoal.
BANDIS, S., J. LINDMAN e N. BARTON (1987) - Three-dimensional stress state and fracturing around cavities in overstressed weak rock. Proc. of 6th ISRM Congress, Montreal, Canadá, Vol. 2, pp. 769-775.
BARTON, N., R. LIEN e J. LUNDE (1974) - Engineering classification of rock masses for the design of tunnel support. Rock Mechanics, Vol. 6, No. 4, pp. 189-236.
BARTON, N. (1976) - The shear strength of rock and rock joints. Int. Jour. Rock Mech. Min. Sei. and Geomech. Abstract., Vol. 13, No. 9, pp. 255-279. Também NGI-Publ. 119, 1978.
BARTON, N. e V. CHOUBEY (1977) - The shear strength of rock joints in theory and practice. Rock Mechanics, Springer, Vienna, No. 1/2, pp. 1-54. Também NGI-Publ. 119, 1978.
BARTON, N. e H. HANSTEEN (1979) - Very large span openings at shallow depth: Deformation magnitudes from jointed models and F. E. analysis. Proc. 4th Rapid Excavation and Tunneling Conference. Atlanta, Ch. 77, pp. 1331-1353.
BARTON, N., F. LOSET, R. LIEN e J. LUNDE (1980) - Application of the Q-system in design decisisons concerning dimensions and appropriate support for underground instalations. Int. Conf. on Sub-surface Space, Rockstone, Stockholm, Sub-surface Space, Vol. 2, pp. 553-561.
BARTON, N. e B. KJAERNSLI (1981) - Shear strength of rockfill. J. of the Geotech. Eng. Div., Proc. of ASCE, Vol. 107, No. GT7, Proc. Paper 16374, Julho, pp. 873-891.
BARTON, N. e BANDIS, S. (1982) - Effects of Block Size on the Shear Behaviour of Jointed Rock. Keynote Lecture, 23rd U. S. Symposium on Rock Mechanics, Berkeley, California.
BARTON, N. e BAKHTAR, K. (1983) - Rock Joint Description and Modelling for the Hydrothermo mechanical Design of Nuclear Waste Repositories. Terra Tek Engineering TRE 83-10, Apresentado a CANMET Mining Research Laboratories, Ottawa.
BAKHTAR, K. e BARTON. N. (1984) - Large Scale Static and Dynamic Friction Experiments. Proc. 25th US Rock Mechanics Symp. Northestern Univ. Illinois.
BARTON, N., A. MAKURAT, M. CHRISTIANSON e S. BANDIS (1987) - Modelling Rock Mass Conductivity Changes in Disturbed zones. Proc. 28th U. S. Rock Mech. Symp. Tucson, Arizona, pp. 563-574.
CECIL, O. S. (1975) - Correlations of rock bolt-shotcrete support and rock quality parameters in Scandinavian tunnels. Swedish Geotechnical Institute, Proceedings No. 27, Stockholm.
CUNDALL, P., M. VOLGELE e C. FAIRHURST (1975) - Computerized design of rock slopes using interactive graphics for the input and output of geometrical data. Proc. 16th U. S. Symp. on Rock Mech., Minnesota (Publ. by ASCE, New York, 1977) pp. 5-14).
CUNDALL, P. A. (1980) - A generalized distinct element program jór model/ing jointed rock. Report PCAR-1-80, Contract DAJA37-79-C-0548, European Research Office, US Army. Peter Cundall Associates.
HOEK, E. e E. T. BROWN (1980) - Underground excavations in rock. Institution of Mining and Metallurgy.
ISRM (1978) - Suggested methods for the quantitative description of discontinuities in rock masses. (Coordenador, N. Barton). Int. J. Rock Mech. Sei. and Geomech. Abstr., Vol. 15, pp. 319-368, Pergamon.
LEPS, T. M. (1970) - Review of Shearing Strength of Rockfill. Journal of the Soil Mechanics and Foundation Division, ASCE, Vol. 96, No. SM4, Proc. Paper 7394, Julho.
MAKURAT, A., N. BARTON, M. CHRISTIANSON, P. CHRYSSANTHAKIS e G. VIK (1987) - Fjellingen tunnel behaviour predictions using distinct element computer modelling. Relatório de estudo do NGI (em norueguês).
MAURY, V. (1987) - Observations, researches and recent results about failure mechanisms around single galleries. ISRM commission report, Proc. of 6th ISRM Congress, Montreal, Vol. 2, pp. 1119-1128.
ORTLEPP, W. D. e N. C. GAY (1984) - Performance of an experimental tunnel subjected to stresses ranging from 50 MPa to 230 MPa. Proc. of ISRM Symp. "Design and Performance ofUnderground Excavations", Publ. British Geotechnical Society, Londres, pp. 337-346.
WAGNER, H. (1987) - Design and support of underground excavations in highly stressed rock. Keynote paper, Proc. of 6th ISRM Congress, Montreal.