Rio de Onor 1963-1965
DOI:
https://doi.org/10.14195/1647-8681_2_4Palavras-chave:
CODA, Arquitectura Popular, Rio de OnorResumo
Uma relativa abertura resultante da conjuntura mundial do pós II Guerra irá permitir que a acção dos arquitectos, em óbvio contraponto aos modelos oficiais, pugne, e se afirme, por uma nova arquitectura que, aberta a valores de carácter internacional, se revê na produção do que se convencionou designar por Movimento Moderno. Os seus paradigmas serão tão rápida com acriticamente assimilados. Na defesa da autenticidade de uma arquitectura moderna devidamente legitimada, levantam-se vozes autorizadas como as de Keil do Amaral, que, em 47, lança a ideia da ”…recolha e classificação de elementos peculiares à arquitectura portuguesa nas diferentes regiões do país… fontes mais puras e coerentes para a formação de uma arquitectura moderna portuguesa”, ou de Távora que, na mesma data, nos Cadernos de Arquitectura, dirá: “ A casa popular fornecer-nos-á grandes lições quando devidamente estudada pois ela é a mais funcional e menos fantasiosa…aquela que está mais de acordo com as novas intenções.” Dez anos mais tarde, pela voz de Nuno Portas, na revista Arquitectura, dir-se-á ser necessário “…aprofundar as condições sociais, as realidades humanas do meio a que se dirige o trabalho dos arquitectos…”.
Está reposta a questão da identidade em termos que se pretendem de rigor. A concretização do Inquérito à Arquitectura Popular, iniciado no fim da década de 50 e publicado em 61, conduzirá, não só a uma profunda revisão dos parâmetros que condicionavam, em termos de linguagem e, até, do uso de recursos técnicos inadequados ou economicamente incomportáveis, como a uma visão mais ampla e mais incisiva do homem, em Portugal.
É nesse contexto que decorre a experiência de Rio de Onor, trabalho académico cujo desígnio inicial se limitava ao estudo da arquitectura local na tentativa de verificação de como poderia um arquitecto agir, dentro das suas atribuições disciplinares, em ambiente de quase total isolamento e, como consequência, de permanência dos modelos e de tecnologias ancestrais.
A hipótese de se construir um equipamento de interesse para a comunidade, veio, de certo modo, confirmar o objectivo inicial. A vivência prolongada, na aldeia, permitiu identificar os seus sistemas de funcionamento, muitas das suas carências e os seus legítimos desejos de promoção. Identificados com a sua realidade, facilmente se estabeleceram relações que nos foram revelando realidades distantes da nossa condição citadina.
As possibilidades de intervir disciplinarmente em interacção com a população, resultaram praticamente nulas, dadas as condições políticas da época. Estamos certos, no entanto, que essa experiência viria a abrir caminho para o nosso modo de agir em comunhão com os moradores em luta, nos centros urbanos, no imediato pós 25 de Abril, em condições sócio políticas totalmente distintas.
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