Political Spectacle, Folklorist Practices, Visual Representations, and Print Media at the 1940 Portuguese World Exhibition

Resumo

Sem ignorar o contexto teórico mais vasto que, desde Walter Benjamin, considera o “espetáculo político” como estetização da política, o presente ensaio procura recentrar a discussão na relação social mediatizada pelas imagens (Guy Debord, La Société du Spectacle, 1967) que a propaganda visual produz, enquanto espetáculo político e espectacularização da vida quotidiana. Para tal, o artigo discutirá os casos do Centro Regional da Exposição do Mundo Português de 1940 e a sua relação com o álbum ilustrado Vida e Arte do Povo Português (1940), uma publicação luxuosa sobre etnografia produzida pelo organismo de propaganda do regime, o Secretariado de Propaganda Nacional.
Procurando, analiticamente, aproximar dois dispositivos de propaganda – uma exposição e um livro ilustrado o qual reforça as mensagens da exposição – examinaremos o papel que ambos desempenharam enquanto propaganda visual. Exploraremos a interligação entre os dois suportes e com outras publicações, bem como a interação entre a visualidade da exposição e os arranjos gráficos que combinam desenhos, fotografias, textos e símbolos, a retórica da “portugalidade” e a coincidência desses discursos imagéticos. Por outras palavras, a forma como o espetáculo político foi formalmente reencarnado, como memória, instrumento e mediação de imagens, nesse processo transmediático