Caderno Temático "Imaginação, atividades criadoras e deficiência"
Caderno Temático Imaginação, atividades criadoras e deficiência
Coordenação: Daniele Nunes, Marina Costa e Fabricio Abreu
Prazo para submissão: 31 Μarço 2023
Contacto: cadernotematico2023@gmail.com
A proposta desse caderno temático busca problematizar as questões que versam sobre a imaginação e a deficiência a partir da Teoria Histórico-Cultural, cujo principal expoente é L. S. Vigotski (1889-1934). Ainda que o termo imaginação seja utilizado nos campos pedagógicos e psicológicos, os processos criadores a ela associados, muitas vezes, aparecem vinculados as feitos extraordinários e obras exitosas. Todavia, a Teoria Histórico-Cultural defende que as atividades imaginativa e criadora são inerentes a gênero humano. A necessidade e, portanto, a intencionalidade de imaginar e criar para além das condições determinadas objetivamente relaciona-se às experiências ontológicas do ser social. É possível observar que o ser humano conserva as experiências anteriormente vividas, contudo também desenvolve a capacidade de imaginar e criar distintas possibilidades de atuar no meio circundante, agindo sobre ele, os outros e si mesmo. Não se trata de uma mera adaptação, mas de uma potência ativa para a criação da sua própria história, ao mesmo tempo em que se é determinado por ela. Seja na filogênese ou na ontogênese, a vida é marcada or criações (técnicas, artísticas ou científicas) produzidas pelos indivíduos. A criação, imaginação cristalizada, como diria Vigotski, refere-se às condições específicas da existência em uma determinada historicidade. Em se tratando da pessoa com deficiência, há muitos questionamentos sobre sua possibilidade imaginativa e criadora. Ainda persiste a crença de a capacidade cognitiva dessas pessoas ser simbolicamente reduzida, quando não ausente. Buscando responder a essas incompreensões, este trabalho coloca em evidência estudos que se debruçam sobre as atividades criadoras de pessoas, comumente denominadas de deficientes, com trajetórias desenvolvimentais não ditas normais e/ou hegemônicas. A proposta geral consiste em apresentar as diferentes formas de expressão e elaboração criadora dessas pessoas e o que elas revelam sobre a diversidade que compõe a expressividade humana. Afinal, quais e como se configuram os seus processos imaginativos e criadores? De que forma se reverberam no desenvolvimento da pessoa com deficiência? Para respondermos a essas indagações, convidamos pesquisadores a área da educação e da psicologia de diferentes instituições brasileiras, para debater sobre essas temáticas, enfatizando a importância dessas discusses para a efetivação do paradigma anticapacitista em nossa sociedade ainda excludente.