Educação para prevenção de desastres: a persistência do conhecimento tecnocientífico e da individualização do risco
DOI:
https://doi.org/10.14195/1647-7723_25-2_2Palavras-chave:
Educação, prevenção, risco, desastre, causas profundasResumo
A recente Política Nacional de Proteção e Defesa Civil Brasileira (Lei n’ 12.608/2012) ressaltou a cultura de prevenção e sua inserção no currículo escolar nacional. Este artigo apresenta os resultados da pesquisa, exploratória e qualitativa, sobre o estado da arte de conteúdos e abordagens educativas para a prevenção de desastre no Brasil. Os dados foram obtidos por pesquisa bibliográfica, documental e observação participante, a partir de 3 recortes: temático (inundações/enchentes e deslizamentos), temporal (de 2011 a 2014) e geográfico (região metropolitana do ABC Paulista). O corpus foi composto por materiais impressos/digitais e atividades de informação/capacitação. Por meio do método da análise de conteúdo, identificamos dois conteúdos (conhecimentos tecnocientíficos e comportamentos/atitudes de prevenção e auto-proteção) e duas abordagens (transmissão-assimilação e individualização do risco), que perpetuam uma “inquestionabilidade do risco”, alheia às causas profundas do risco, o que fragiliza as ações de redução de risco baseada na comunidade.
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