Documentos de arquitetura paisagista em arquivos pessoais, um desafio acrescido

o caso do arquivo Gonçalo Ribeiro Telles

Resumo

A incorporação de documentos de arquitetura em instituições de arquivos temáticos tem sido uma prática comum desde os anos 70 do século XX, recentemente acelerada no contexto português. A singularidade de certos documentos de arquitetura e coleções tem sido encarado como um desafio arquivístico, desde os anos 80, espelhada pelas tentativas de normalização da descrição de documentos técnicos. Apesar do reconhecido esforço desenvolvido por estas instituições na preservação de documentos, denota-se uma tendência para o enfoque em fragmentos de um sistema de informação, facto que pode ter efeitos perniciosos na compreensão dos arquivos.

Numa tentativa de intelecção da composição e organização de arquivos no âmbito da arquitetura paisagista, e como estas podem restringir ou distorcer a classificação arquivística, faz-se uma breve análise comparativa do corpus documental de três arquivos sob custódia de instituições especializadas. Para uma melhor compreensão, dá-se uma visão sumária da disciplina da arquitetura paisagística e do papel dos que nela trabalham. Da análise comparativa, tenta-se demonstrar como uma abordagem temática, com quebra de vínculos orgânicos, mesmo que de forma indelével, ou subestimando contextos ou atividades menos conhecidas de um produtor, pode restringir ou distorcer a classificação arquivística e o saber.

O enfoque no arquivo de Gonçalo Ribeiro Telles e sua organização em curso e análise de um desenho deste arquivo, tenta-se mostrar a necessidade de uma transição, da construção de coleções ou arquivos profissionais para um foco em arquivos pessoais, agregações orgânicas de indivíduos que durante as suas vidas legaram documentos relacionados com a arquitetura paisagística.