Desigualdades sociais em saúde: o exemplo da obesidade infantil

Autores

  • Helena Nogueira Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)
  • Ana Lourenço Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
  • Augusta Gama Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)
  • Isabel Mourão Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)
  • Vitor Rosado Marques Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)
  • Cristina Padez Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)

DOI:

https://doi.org/10.14195/0871-1623_33_12

Palavras-chave:

Obesidade infantil, Estatuto socioeconómico, Ambiente residencial percepcionado, Desigualdades sociais, Coimbra

Resumo

O aumento da prevalência de obesidade tem sido explicado por mecanismos ambientais obesogénicos, possivelmente associados ao estatuto socioeconómico: indivíduos de baixo estatuto socioeconómico são mais propensos a viver em áreas desfavorecidas, onde escasseiam os recursos e as oportunidades que poderiam propiciar e apoiar uma vida saudável. Esta associação constitui a ideia central dos modelos de “amplificação da privação”, uma versão particular dos modelos de “injustiça ambiental”. Neste estudo observam-se 1885 crianças em idade escolar residentes no distrito de Coimbra. Utilizando modelos logísticos ordenados, analisam-se as associações entre o seu índice de massa corporal, a sua atividade desportiva, o ambiente construído e social dos seus locais de residência – avaliado pela perceção dos pais – com o seu estatuto socioeconómico. Os resultados mostram que crianças de menor estatuto socioeconómico são mais propensas a ser obesas e têm menor probabilidade de participar em atividades desportivas extracurriculares do que as de elevado estatuto socioeconómico. Revelam, ainda, que estas crianças têm menor probabilidade de viver numa área cujo ambiente construído seja percecionado de forma positiva pelos seus pais. Estes resultados evidenciam um gradiente socioeconómico no acesso a recursos e facilidades materiais locais, que se sobrepõe ao estatuto socioeconómico individual, originando clusters de fatores prejudicais à saúde, concluindo-se pela existência (e relevância) de um modelo ambiental de amplificação da privação que penaliza as crianças mais vulneráveis.

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Publicado

2015-06-01