A comida como elemento na construção da identidade da sociedade representada no romance O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo

Resumo

O Tempo e o Vento, escrito por Érico Veríssimo (Brasil, 1905-1975), é uma trilogia formada pelas obras O Continente, O Retrato e O Arquipélago, publicadas entre 1949 e 1962, e que conta a trajetória da família Terra Cambará durante 150 anos da história do Rio Grande do Sul e do Brasil. A nossa análise incide em três livros dessa trilogia: O Continente (volumes 1 e 2) e O Retrato (volume 1). Questiona-se, neste estudo, qual o contributo das práticas alimentares descritas para a construção da sociedade retratada nas obras, sendo que os objetivos são: identificar as práticas alimentares representadas e analisar como as mesmas influenciaram na construção da identidade da sociedade retratada nos romances. Este trabalho de investigação está estruturado em quatro partes. As duas primeiras correspondem, respectivamente, à introdução da proposta de estudo e a uma breve apresentação literária do romance. Nas terceira e quarta partes, discutimos a importância do consumo de carne como marca identitária dessa sociedade e estabelecemos o contraponto frente à introdução de novas práticas alimentares, concluindo-se com as considerações finais. A metodologia utilizou a investigação em referencial bibliográfico disponível sobre o tema. Da análise feita, concluiu-se que as práticas alimentares descritas contribuíram para a construção da identidade da sociedade retratada, sendo a criação de animais e o consumo de carne fortes marcas identitárias, e a tentativa de introdução de alimentos elitizados mostrou que os mesmos não foram reconhecidos como comida, contraponto que reforçou a afirmação da cultura alimentar local como marca identitária.