CORPOS IN E EX-SITU: PROBLEMÁTICAS DA CONTEXTUALIZAÇÃO DA IMAGEM

Resumo

Apresenta-se um breve exercício de reflexão sobre até que ponto o contexto, per si, determina e conduz o
observador na sua leitura da imagem de um corpo.
Este exercício baseia-se uma experiência que utiliza uma das imagens mais paradigmáticas do país, a
fachada poente da nave manuelina do Convento de Cristo, a mesma que serve de suporte à emblemática
Janela do Capítulo.
Decorrente de um conhecimento historiográfico e visual do objecto em análise, elencaram-se um conjunto
de questões:
Se retirarmos do contexto todos os corpos do seu suporte qual é o resultado que obtemos?
Qual a leitura a fazer a cada um dos corpos, de forma individual?
Será que o isolamento do corpo altera a sua imagem e, consequentemente, a mensagem que lhe está
subjacente?
Será que, quando isolados, nos é imediata a identificação desses corpos como pertencentes ao seu
contexto original?
Será que aqueles corpos que nunca foram excluídos do seu contexto original, foram alguma vez
percepcionados na sua totalidade individual?
E se o exercício consistir em inserir, virtualmente, esses mesmos corpos noutros contextos distintos? Será que a
sua imagem ou a mensagem captada se altera?
Formalizou-se, ainda, um outro exercício:
Como apreenderemos um qualquer contexto sem os corpos?
Será o suporte refém dos elementos que o constituem?
Partindo destas questões, e exemplificando-as com recurso à manipulação de imagens, propõe-se uma
reflexão sobre as problemáticas em questão, com o objectivo de mostrar o poder de mutação de um corpo
quando alterado o seu contexto. No extremo, e num percurso que avoluma as interrogações, detectar-se-á
um território de análise minado de conjecturas que podem interferir com linhas historiográficas montadas e
com a inteligibilidade dos objectos e do tempo cultural e artístico em causa.