O CORPO REINVENTADO E A PARÁBOLA DO BESTIÁRIO HUMANO NOS MOSAICOS DA ANTIGA HISPÂNIA

Autores

  • Cátia Mourão FCSH/UNL

DOI:

https://doi.org/10.14195/2182-844X_2_8

Palavras-chave:

Híbridos, Monstros, Mosaicos romanos

Resumo

As imagens fantasiosas do corpo humano surgem em todas as manifestações da cultura material,
civilizações e geografias. Especialmente recorrentes na Literatura e nas Artes Plásticas da Antiguidade
Clássica, denunciam uma prática contrária à mimesis praxeos physeos, pois embora partam da
referenciação em modelos reais de norma ou exceção, envolvem um processo de enfatização e
recombinação das suas partes, amiúde conjugadas com elementos de outras espécies.
Mais do que simples reconfigurações anatómicas que provam a dimensão ficcional do paganismo,
estas reinvenções antropomorfizadas revelam a predisposição para as auto-representações expressivas
(caricaturais ou idealizadas) decorrentes de exercícios de auto-crítica e promoção (numa estreita relação
psicossomática), denunciam a aspiração do Homem a demiurgo de novas formas e vidas, e atestam o
desejo de ultrapassar as próprias limitações físicas e cognitivas, bem como de superar a condição mortal e
terrena.
Neste texto debruçamo-nos sobre essas recriações na musivária romana peninsular e realçamos o seu
valor como elementos-chave para o conhecimento da cultura coeva e para a interpretação do sentido
metafórico das narrativas mitológicas.As imagens fantasiosas do corpo humano surgem em todas as manifestações da cultura material,
civilizações e geografias. Especialmente recorrentes na Literatura e nas Artes Plásticas da Antiguidade
Clássica, denunciam uma prática contrária à mimesis praxeos physeos, pois embora partam da
referenciação em modelos reais de norma ou exceção, envolvem um processo de enfatização e
recombinação das suas partes, amiúde conjugadas com elementos de outras espécies.
Mais do que simples reconfigurações anatómicas que provam a dimensão ficcional do paganismo,
estas reinvenções antropomorfizadas revelam a predisposição para as auto-representações expressivas
(caricaturais ou idealizadas) decorrentes de exercícios de auto-crítica e promoção (numa estreita relação
psicossomática), denunciam a aspiração do Homem a demiurgo de novas formas e vidas, e atestam o
desejo de ultrapassar as próprias limitações físicas e cognitivas, bem como de superar a condição mortal e
terrena.
Neste texto debruçamo-nos sobre essas recriações na musivária romana peninsular e realçamos o seu
valor como elementos-chave para o conhecimento da cultura coeva e para a interpretação do sentido
metafórico das narrativas mitológicas.

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Publicado

2015-04-14

Edição

Secção

II - Entre Deuses e Demónios