GEOMETRIA, PERSPECTIVA E REPRESENTAÇÃO EM JOÃO DE RUÃO

Autores

  • Maria Craveiro FLUL

DOI:

https://doi.org/10.14195/2182-844X_EX2_13

Palavras-chave:

Escultura, Arquitetura, João de Ruão, Retabulária, Renascimento

Resumo

A grande diferença entre os procedimentos medievais e modernos reside sobretudo na captação de um carácter científico que se avoluma a partir da construção e divulgação dos textos que fundam na Antiguidade o pilar do conhecimento e de uma atitude que passará a nortear a encomenda e a produção oficinal. Sobretudo a partir do século XV, a literatura que iria formatar a produção artística e tornar-se a ferramenta imprescindível para execução do trabalho funcionaria também como indicador de erudição e, consequentemente, como ingrediente vital para a conquista do estatuto social do artista, colado ao conhecimento. O domínio da matemática, da geometria, das regras da perspectiva e da proporção, aliadas à perícia no tratamento de anatomias e paisagens dentro da consciência iconográfica da representação religiosa, faria assim o êxito de uma produção oficinal com maior ou menor capacidade de implantação no mercado laico e eclesiástico.

É neste universo científico, extraído de referências múltiplas, que opera João de Ruão. As suas composições retabulares, invocando sempre a presença da arquitetura na formulação de uma atmosfera ideal, dirigem-se tanto à obediência da iconografia religiosa, como ao rigor da construção matemática e geométrica na ordenação compositiva, como ao equilíbrio de uma representação que tem por missão a sondagem ao papel do humano na sua relação com Deus. O retábulo da Misericórdia de Coimbra (MNMC) oferece exatamente essa dimensão relacional que, neste caso concreto e de forma inusitada, se transmuta, pervertendo a leitura e a compreensão do ciclo teológico aqui em causa.

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Publicado

2020-03-26

Edição

Secção

Artigos