Idílio 11 de Teócrito

amor, cegueira e glória

Autores

  • Loukas Papadimitropoulos Universidade de Atenas

DOI:

https://doi.org/10.14195/2183-1718_81_4

Palavras-chave:

Teócrito, Idílio 11, cegueira, glória

Resumo

A maior singularidade do Idílio 11 de Teócrito encontra-se provavelmente no facto de o poeta helenístico ter escolhido uma criatura mitológica marcada pelo barbarismo e pela desumanidade para validar a tese segundo a qual a poesia se apresenta como o único bálsamo para o amor – a mais nobre e humana das emoções. O objetivo deste artigo é demonstrar que Teócrito escolheu Polifemo como exemplum da sua premissa por esta criatura ter sido constantemente associada na mitologia à cegueira. A intenção do poeta é a de revelar, através de uma elaborada rede de repetições verbais interrelacionáveis e de alusões literárias que funcionam como um subtexto do seu trabalho criativo, que o amor, pelo menos tal como é experienciado pelo protagonista do Idílio, é uma forma de cegueira autoinflingida, que, apesar de tudo, encerra uma espécie de glória pessoal.
Embora Galateia não responda ao apelo erótico de Polifemo, o canto incessante do amador incorpora-a involuntariamente na sua vida; mesmo ausente, Galateia está sempre presente. Apesar do seu falhanço erótico, o Ciclope triunfa artisticamente. Este jogo de opostos está no âmago da medicina proposta por Teócrito: ele deseja continuar apaixonado e, através da sua arte, este sentimento passa a fazer parte do seu quotidiano. Essa é a única maneira de controlar o amor. Fiel à tradição helenística, o seu propósito não é o de alcançar a gratificação erótica, mas sim o sucesso poético. E o amor exacerbado, mas controlado pelo canto, o amor condenado ao incumprimento é o principal móbil nesta tarefa. É a cegueira que o leva à glória.

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Publicado

2023-06-20

Edição

Secção

Artigos