Alimentação e Paremiologia no Portugal Moderno: “O hóspede e o peixe aos três dias fede”
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-1718_73_7Palavras-chave:
Peixe; provérbios; Rafael Bluteau; António DelicadoResumo
Partindo do corpus paremiológico português da Época Moderna, designadamente das compilações de provérbios de António Delicado (1651) e de Rafael Bluteau (1712-1728), o presente texto procura responder à questão como foi entendido e representado o peixe, nos seus sentidos literal e figurado, no discurso proverbial de então, tendo em conta que os alimentos, além de apresentarem qualidades nutricionais muito variadas, evidenciam valores simbólicos diferenciados, de tal modo que se verificou sempre uma hierarquia de consumos relacionada diretamente com a raridade e com o preço dos géneros, tornando claro que determinados gastos eram socialmente prestigiantes. Para o efeito, recolheram-se todos os provérbios contidos nas fontes referidas, analisaram-se tendo em conta o contexto português da Época Moderna e fizeram-se as comparações consideradas pertinentes.
O resultado da investigação traduziu-se numa abordagem inovadora aos provérbios como fonte histórica, demonstrando que a escolha e a utilização do peixe, como de qualquer outro alimento, traduzem recursos naturais disponíveis, poder económico e práticas identitárias da sociedade portuguesa da Época Moderna. Neste sentido, o peixe esteve associado aos hábitos alimentares que fizeram parte de um sistema cultural repleto de símbolos e significados capazes de determinar o quê, quando e como um produto era tornado ou não comestível.
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