A Perspetiva Polemológica Quinhentista da Arenga Militar
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-1718_74_5Palavras-chave:
arte militar, retórica, arenga militar, século XVIResumo
Na Antiguidade, os grandes generais viram na exortação das tropas um poderoso aliado contra o inimigo, como o comprovam os tratados militares de Onassandro ou Vegécio. Pelas suas qualidades impressivas, os historiógrafos greco-romanos inseriram a arenga militar nos seus relatos, reelaborando-a retoricamente, num tempo em que a historiografia se aproximou da retórica. Em pleno século do Renascimento, tempo marcado pela pirobalística e pela crescente profissionalização dos exércitos, os tratados militares coevos continuam a propor aos comandos militares o recurso à exortação e à motivação das tropas. Se assinalar este facto já seria importante, a verdade é que a perspetiva polemológica militar quinhentista da arenga militar surge enriquecida com os contextos de pronunciação e os topoi retóricos consagrados pela tradição literária clássica. Assim, neste artigo e de forma transversal, identificamos os tópicos retóricos que os tratados militares escritos por Maquiavel, Fernando Oliveira e Scarion de Pavia prescrevem aos generais antes ou durante uma batalha, inserindo-os na respetiva filiação retórico-historiográfica. Procuraremos demonstrar que a arenga militar, nestes tratados, estará, nos tópicos e nos contextos de pronunciação, mais comprometida com a historiografia clássica do que com a coeva tratadística antiga. Originária do meio castrense, reelaborada retoricamente no silêncio do gabinete do historiógrafo, regressa, no século XVI, ao seu ambiente original, enriquecida e adaptada a diferentes contextos bélicos. É um estudo inédito da importância que a arte militar do século XVI conferia ainda à pronunciação de uma arenga militar, como forma de galvanização dos soldados para a guerra.
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