A representação do discurso jornalístico na literatura de José Saramago
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-5462_29_14Palavras-chave:
União Europeia, Portugal, Salazarismo, Romance, Jornalismo.Resumo
Pouco se fala sobre os intertextos literários do discurso jornalístico que se fazem presentes no romance português. Perpassando pela natureza dos poderes político-económicos que estão por trás dos instrumentos da comunicação, nossa atenção especial será dada à análise dos romances O ano da morte de Ricardo Reis e A jangada de pedra de José Saramago, de modo a enfatizar, respectivamente, o cenário do jornalismo impresso na Lisboa salazarista da década de 1930 e o jornalismo radiotelevisivo da década de 1980. Observaremos nesse artigo que, com a leitura desses dois romances, fica claro que ambas as fases do jornalismo português , antes e depois da revolução democrática do 25 de abril, sofrem um processo de interferência contínua de manipulação e dissimulação das notícias, o que contribuiu para proliferar no discurso da imprensa de certo “irrealismo”, nos preceitos de Eduardo Lourenço. Realizaremos, por fim, uma abordagem mais esclarecedora acerca desse irrealismo cultural constituído por muitas décadas de dissimulação comunicativa, evidenciando os processos literários através dos quais o discurso manipulador da mídia é representado. Tais processos serão reconhecidos no texto saramaguiano pela intertextualidade, em seu aspecto central, e pelos processos de alegoria e dialogismo.Downloads
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