FRONTEIRA INEXPUGNÁVEL. A HISPANOFOBIA DE FRANCO NOGUEIRA ENTRE O ESTADO NOVO E A DEMOCRACIA
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-8925_35_5Resumo
Na narrativa da nação portuguesa, a Espanha foi muitas vezes olhada como um perigoso «outro», uma ameaça que justificava a demonização do vizinho ibérico. Séculos de anti castelhanismo, ou de pura hispanofobia, constituíram assim um ingrediente definidor do nacionalismo português. Um dos mais fortes defensores deste discurso foi, na segunda metade do século XX, Alberto Franco Nogueira, ministro dos Negócios Estrangeiros do Estado Novo, entre 1961 e 1969, e conhecido crítico de qualquer amizade ibérica no quadro da Democracia e da Europa. Explorando os seus escritos sobre as relações luso-espanholas, e a forma como intransigentemente se opôs a qualquer abordagem política ou cultural de cariz hispanófilo, o objetivo deste texto é o de evocar uma disposição e discurso públicos que, longe de constituírem uma excentricidade individual, informaram muitas opiniões portuguesas anti cosmopolitas, criando ou reforçando uma noção de fronteira inexpugnável contra a Espanha, que foi tanto realidade física quanto, sobretudo, representação e barreira mental.
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