A medievalização da memória. O Mosteiro da Batalha e a Primeira Guerra Mundial
DOI:
https://doi.org/10.14195/0870-4147_56_11Palavras-chave:
Primeira Guerra Mundial, Soldado Desconhecido, Lugares de Memória, Medievalização, Mosteiro da BatalhaResumo
Erigido para celebrar Aljubarrota, recontro militar decisivo para a manutenção da independência portuguesa (1385), o mosteiro da Batalha tornou-se o panteão da Dinastia de Avis (ligada ao expansionismo marítimo). Neste sentido, durante os séculos XIX e XX, a Batalha foi um gerador de memórias nacionalistas, uma vez que o edifício seria um símbolo da Idade do Ouro portuguesa. Alexandre Herculano escreveu mesmo um conto intitulado A Abóbada, no qual romantizava uma certa Idade Média, com base num episódio da construção desse edifício.
Em 1921, o regime anticlerical da Primeira República concebeu uma espécie de aproximação com a religião católica (e cívica), através da inumação de dois soldados desconhecidos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Sepultados na Sala do Capítulo de um mosteiro medieval, os soldados desconhecidos seriam doravante guardados pela “chama eterna” do lampadário desenhado por António Gonçalves e executado por Lourenço Chaves de Almeida, uma obra também com claras conotações medievalistas. O processo foi complementado com o surgimento de diversas peças de teatro e poemas que interligavam passado e presente, e com a adição mais tardia da estátua do Cristo das Trincheiras.
Este artigo pretende analisar como a Primeira Guerra Mundial foi memorializada em Portugal através de uma lente medievalizante, tendo o Mosteiro da Batalha como o seu ponto focal.
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