Vulnerabilidade social e duplo constrangimento dos agricultores familiares no contexto das alterações climáticas em Moçambique

Autores

  • Henrique Cau Universidade Eduardo Mondlane
  • Patrício Langa Eduardo Mondlane University

DOI:

https://doi.org/10.14195/1647-7723_32-extra1_12

Palavras-chave:

Zona rural, zona urbana, migrações

Resumo

Em Moçambique, 66.6 % da população reside nas zonas rurais e desta, 99 % pratica agricultura familiar, sendo esta a principal fonte para a sua sobrevivência. A ocorrência de forma cíclica de eventos derivados das alterações climáticas começa a minar os meios de subsistência dos agricultores familiares, que acabam emigrando para zonas urbanas onde, as condições de vida tornam-se cada vez mais precárias, agravando a sua condição de vulnerabilidade social. Este artigo resulta de uma pesquisa mista onde o trabalho de campo foi realizado no Distrito de Barué, província de Manica e na cidade de Maputo em Moçambique. Os resultados revelam existir uma relação entre o meio rural, migrações e meio urbano e apontam para a dualidade dos constrangimentos derivados dos efeitos das mudanças climáticas nos dois meios. sugerimos a necessidade de adoção de políticas e medidas de mitigação, adaptação e resiliência às mudanças climáticas que olhem para as relações dialéticas entre as zonas rurais e as zonas urbanas. As medidas de resiliência devem ter uma abordagem integrada olhando para o rural e o urbano como espaços que estabelecem uma relação de interdependência.

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Publicado

2025-12-17