Elogium de Pompeia, Livineius Regulus e os motins de 59 d. C.
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-1718_84_4Palavras-chave:
Pompeia antiga, elogium, motins pompeianos, Livineius RegulusResumo
O presente artigo discute a identidade da figura homenageada no monumento funerário redescoberto em 2017 perto da Porta di Stabia em Pompeia, a par com o texto do elogium encontrado no túmulo. A análise do conteúdo do elogium — apresentado na sequência dos motins de 59 d.C. e no contexto mais amplo dos munera da Campânia enquanto tal — facilita a identificação do benfeitor pompeiano como Livineius Regulus, um homem que patrocinou o malogrado espectáculo nesse ano. Tanto as circunstâncias do envolvimento de Livineius Regulus nos motins, como o seu exílio serão examinados e discutidos à luz da complexidade textual do elogium, que sugere que o perdão parcial concedido pelo imperador Nero pode ter levado a uma reviravolta na carreira do senador caído em desgraça. A leitura do elogium confirma que, apesar das condições tumultuosas que envolveram a proibição de dez anos imposta à organização de espectáculos de gladiadores pelos pompeianos, na sequência dos desacatos, a cidade de Pompeia conseguiu, muito provavelmente, que a sua punição fosse revogada. Os pormenores do texto do elogium colocam em evidência a relevância de possuir uma família de gladiadores, o exílio dos lutadores de Pompeia e, finalmente, o seu regresso bem-sucedido a casa. Este último aspeto, assume no elogium um valor crucial, ainda que simbólico, na vida do benfeitor, que comunicava tanto a reintegração dos seus próprios gladiadores em Pompeia como, mais importante, o restabelecimento do seu estatuto no seio da elite local da cidade.
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