Os Sertões de Euclides da Cunha: a intervenção de uma "tecnografia" intermidiática e multimodal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14195/2182-8830_9-1_5

Palavras-chave:

Os Sertões, fotolivro de literatura, intermidialidade, co-localização

Resumo

Os Sertões de Euclides da Cunha são um projeto intermidiático e multimodal. Sua "tecnografia própria", como Euclides a projeta em carta a José Veríssimo, "corporifica-se" numa "transgressão de gêneros" (cf. Haroldo de Campos), e requer o uso de mapas e fotografias. Como fotolivro de literatura brasileira, trata-se de nosso mais notável experimento de "literatura expandida", híbrida. Há, em Os Sertões, ao menos dois níveis de descrição que não devem ser confundidos nas análises. Sua macroestrutura, concebida como um projeto intermidiático, que intercala, ao longo de mais de 600 páginas, imagens de cartógrafos-engenheiros, e fotos do acervo de Flávio de Barros. Essa arquitetura depende da microestrutura de interação local texto-imagem, uma propriedade que chamamos de co-localização. Nosso foco, neste artigo, concentra-se na macroestrutura da obra. Cinco edições foram diretamente comparadas (1902, 1903, 1905, 1933, 2016).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

João Queiroz, Universidade Federal de Juiz de Fora

João Queiroz is a professor at the Institute of Arts, Federal University of Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil, where he coordinates the Iconicity Research Group (IRG). He has been teaching courses on Cognitive Semiotics, Intermediality Studies, and supervised Ph.D. and Master students in the fields of Semiotics, Latin-American Art and Literature and Cognitive Aesthetics. He has several publications in international journals, books, and conferences, including the Commens Digital Companion to Charles S. Peirce, with M. Bergman and S. Paavola. Queiroz is a member of the International Association for Cognitive Semiotics (IACS), member of Group for Research in Artificial Cognition (UEFS, Brazil), and associate researcher of the Linguistics and Language Practice Department, University of the Free State (South Africa). 

Referências

ALMEIDA, Cícero Antônio (1997). Canudos: Imagens da Guerra. Rio de Janeiro: Lacerda Editores.

ALMEIDA, Cícero Antônio (1998). “O Álbum Fotográfico de Flávio de Barros: Memória e Representa-ção da Guerra de Canudos”. Revista História Ciência Saúde - Manguinhos 5: 305-315.

ALMEIDA, Cícero Antônio (2002). “O Sertão Pacificado ou o Trabalho de Flávio de Barros no front”. Eds. Antonio Fernando De Franceschi et al. Cadernos de Fotografia Brasileira. Rio de Janeiro: IMS. 270-299.

ANDRADE, Joaquim Marçal (2004). História da Fotorreportagem no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier.

ANDRADE, Olímpio de Souza (2009). Caderneta de Campo / Euclides da Cunha; Introdução, Notas e Comentário de Olímpio de Souza Andrade. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional.

ANDRADE, Oswald (2002 [1943]). “Feira das Sextas Atualidade d’Os Sertões”. Sala Preta 2: 206-208. https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57091 [28 março 2021].

AZEVEDO, Aroldo (1950). “Os Sertões e a Geografia”. Boletim Paulista de Geografia n.5: 23-44.

BOSI, Alfredo (2003). História Concisa da Literatura Brasileira. 41.ª edição. São Paulo: Cultrix.

BRAGANÇA, Aníbal (1997). “Lendo a História Editorial de Os Sertões de Euclides da Cunha: as Edições Laemmert”. Ed. Marcos Cezar de Freitas. Horizontes: Dossiê Me-mória Social da Leitura. Bragança Paulista: Universidade São Francisco. 155-179.

BRAGANÇA, Aníbal (1999). “Revisões e provas: notas para a história editorial de Os sertões de Euclydes da Cunha: as edições Francisco Alves”. Revista de História das Ideias. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. v.20: 337-352.

BURGI, Sérgio (2015). “Guerra de Canudos pelo fotógrafo Flávio de Barros”. Enciclopédia Itaú Cultural. http://brasilianafotografica.bn.br/?tag=euclides-da-cunha [28 março 2021].

CAMPOS, Augusto de (1997). “Transertões”. Eds. Augusto de Campos e Haroldo de Campos. Os Sertões dos Campos: Duas vezes Euclides. Rio de Janeiro: Livraria Sette Letras. 11-34.

CAMPOS, Haroldo de (1997). “Da Transgermanização de Euclides: uma Abordagem Preliminar”. Eds. Augusto de Campos e Haroldo de Campos. Os Sertões dos Campos: Duas vezes Euclides. Rio de Janeiro: Livraria Sette Letras. 51-68.

CHAVES, Flávio Loureiro (1966). “Os Sertões: da Crise à Tragédia”. Eds. Guilhermino Cesar, Donaldo Schuler e Flávio Loureiro Chaves. Euclides da Cunha. Porto Ale-gre: UFRGS, Faculdade de Filosofia.

CLUVER, Claus (2007). “Intermediality and Interarts Studies”. Eds. Jens Arvidson, Mikael Askander, Jørgen Bruhn e Heidrun Führer. Changing borders: Contemporary Positions in Intermediality. Lund: Intermedia Studies Press 1. 19-37.

COUTINHO, Afrânio (1995 [1952]). “Os Sertões: Obra de Ficção”. Ed. Afrânio Coutinho. Euclides da Cunha, Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. v.2: 57-62.

CULLER, Jonathan (1999). Teoria Literária: Uma Introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais.

CUNHA, Euclides (1902). Os Sertões 1.ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C. – Editores.

CUNHA, Euclides (1903). Os Sertões 2.ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C. – Editores.

CUNHA, Euclides (1905). Os Sertões 3.ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C. – Editores. https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5351 [28 março 2021].

CUNHA, Euclides (1933). Os Sertões 12.ª edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves.

ELLESTROM, Lars (2019). “As Modalidades das Mídias: um modelo para compreensão das relações intermidiáticas”. Eds. Ana Cláudia Domingos et al. Midialidade: Ensaios sobre Comunicação, Semiótica e Intermidialidade. 49-100.

ERMAKOFF, George (2001). Juan Gutierrez: Imagens do Rio de Janeiro 1892-1896. Rio de Janeiro: Capivara.

ETCHEVERRY, Carolina (2016). “Depois da Fotografia: uma Literatura fora de si, Natalia Brizuela”. História: Debates e Tendências 16: 497-500.

FREITAS, Leopoldo (1904 [1902]). “Os Sertões”. Juízos Críticos: Juízos Críticos sobre Os Sertões. 8-9.

GALVÃO, Walnice (1977). No Calor da Hora: a Guerra de Canudos nos jornais, 4.ª expedição. 2.ª edição. São Paulo: Ática.

GALVÃO, Walnice (1985). Os Sertões: Edição Crítica de Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Brasi-liense.

GALVÃO, Walnice (2001). O Império de Belo Monte: Vida e Morte de Canudos. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo.

GALVÃO, Walnice (2016a). Os Sertões Campanha Canudos: Edição Crítica e Organização Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Ubu Editora / Edições Sesc São Paulo.

GALVÃO, Walnice (2016b). Variantes e Comentários Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Ubu Editora / Edições Sesc São Paulo.

GALVÃO, Walnice, e Oswaldo Galotti (1997). Correspondência de Euclides da Cunha. São Paulo: Edusp.

GUTIÉRREZ, Rafael (2015). “Formas Híbridas na Literatura Latino-americana Contemporânea”. Revista Landa 3: 94-115.

HACKING, Ian (2009). Ontologia Histórica. Vale do Rio dos Sinos: Editora Unisinos.

HICKS, Wilson (1952). Words and Pictures: An Introduction to Photojournalism. Nova Iorque: Harper & Brothers.

JÚNIOR, Araripe (1904). “Os Sertões (Campanha de Canudos por Euclydes da Cunha)”. Juízos Críticos: Juízos Críticos sobre Os Sertões. 33-71.

KIDDER, Daniel Parish, e James Cooley Fletcher (1857). Brazil and the Brazilians Por-trayed in Historical and Descriptive Sketches. Filadélfia: Childs & Peterson.

KITTLER, Friedrich (2002). Mídias Ópticas. Berlim: Merve Verlag.

MERQUIOR, José Guilherme (1979). De Anchieta a Euclides: Breve história da Literatura Brasileira I. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio.

OLIVEIRA, Franklin (1983). Euclides: A Espada e a Letra. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

OLIVEIRA, João Sócrates (2002). “Há 20 anos, a restauração por processo fotográfico ótico”. Eds. Antonio Fernando De Franceschi et al. Cadernos de Fotografia Brasilei-ra. Rio de Janeiro: IMS. 62-85.

PROENÇA, Manuel Cavalcanti (1971 [1966]). “O Monstruoso Anfiteatro”. Estudos Literários. Rio de Janeiro: José Olympio. 251-267.

QUEIROZ, João (2014). “Diagramas nos Sertões de Euclides da Cunha”. Colóquio v.187: 112-124.

RABELLO, Sylvio (1966). Euclides da Cunha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

RODRIGUES, Rogério Rosa (2008). “A Morte no front: Representações da Guerra na Fotografia''. Anais Eletrônicos do VIII Encontro Internacional da ANPHLAC. 1-11.

RODRIGUES, Rogério Rosa (2014). “Animatógrafo da Guerra: Canudos e Contestado e a Fotografia Militar no Brasil”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 9.2: 383-401.

SANTANA, José Carlos Barreto (1998). “Geologia e Metáforas Geológicas em Os Ser-tões”. Revista História Ciência Saúde - Manguinhos. v.5: 117-132. [28 março 2021].

SENA, Jorge (1963). “Os Sertões e a Epopéia no século 19”. O Estado de São Paulo. Su-plemento Literário. 4.

SILVA-FATH, Telma Cristina Damasceno (2016). “Os primórdios da foto-reportagem: a cobertura fotográfica da guerra de Canudos na Bahia”. Periódicos Estácio. http://periodicos.estacio.br/index.php/cienciaincenabahia/article/viewFile/2845/1259. [28 março 2021].

SIMON, Maria Lúcia (2002). “Características da Linguagem de Euclides da Cunha em Os Sertões”. Revista Philologus 23: 87-100.

SÜSSEKIND, Flora (1990). O Brasil não é longe daqui: o Narrador, a Viagem. São Paulo: Companhia das Letras.

TORAL, André (1999). Entre retratos e cadáveres: a fotografia na Guerra do Paraguai. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, no 38: 283-310.

VENTURA, Roberto (1998). “Visões do deserto: selva e sertão em Euclides da Cunha”. Revista História Ciência Saúde - Manguinhos 5: 133-147.

VENTURA, Roberto (2002). “Os Sertões Passo a Passo: Folha Explica Os Sertões”. Publifolha. https://feeds.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0112200212.htm [28 março 2021].

VENTURA, Roberto (2003). Euclides da Cunha: Esboço Biográfico. Orgs. Mario Cesar Carvalho e José Carlos Barreto de Santana. São Paulo: Companhia das Letras.

WANDERLEY, Andréa (2015). “Pequeno perfil de Flávio de Barros”. Revista Brasiliana. http://brasilianafotografica.bn.br/?p=3002 [28 março 2021].

WOLF, Werner (1999). The Musicalization of Fiction: A Study in the Theory and History of Intermediality. Amsterdã e Atlanta: Rodopi.

ZILLY, Berthold (1998). “Flávio de Barros, o ilustre Cronista Anônimo da Guerra de Canudos: As Fotografias que Euclides da Cunha gostaria de ter tirado”. Revista História Ciência Saúde - Manguinhos. 5: 316-317.

ZILLY, Berthold (2002). “A história encenada em Os Sertões de Euclides da Cunha”. Sala Preta 2: 193-205.

##submission.downloads##

Publicado

2021-11-17

Como Citar

Fernandes, Ana Luiza, e João Queiroz. 2021. «Os Sertões De Euclides Da Cunha: a intervenção De Uma "tecnografia" Intermidiática E Multimodal». Matlit: Materialidades Da Literatura 9 (1):79-102. https://doi.org/10.14195/2182-8830_9-1_5.

Edição

Secção

Secção Temática | Thematic Section