Vol. 6 N.º 3 (2018): Electronic Literature: Translations
ELO 2017
A ELO (Organização de Literatura Eletrónica) organizou a sua Conferência, Festival e Exposições de 2017, entre os dias 18 e 22 de julho, na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, bem como em vários outros locais no centro histórico da cidade do Porto. Intitulada “Literatura Eletrónica: Filiações, Comunidades, Traduções”, a ELO'17 propôs “uma reflexão sobre diálogos e histórias por contar da literatura eletrónica, proporcionando um espaço de debate sobre as relações, negociações e movimentos identificáveis no campo da literatura eletrónica”. Teve como objetivo “contribuir para deslocar e re-situar as visões e histórias estabelecidas da literatura eletrónica, a fim de alargar e expandir o seu campo, mapear relações textuais descontínuas entre histórias e formas, e criar aparatos produtivos e poéticos através de combinações inesperadas”. O Volume 6 da revista MATLIT: Materialidades da Literatura publica artigos selecionados da ELO 2017. Os artigos foram divididos em três números de acordo com os tópicos da conferência: 6.1 Filiações, 6.2 Comunidades e 6.3 Traduções. Ensaios e artigos de investigação são publicados na “seção temática”, enquanto textos sobre projetos artísticos e instalações surgem na secção “mediarama”.
Traduções
Citamos a partir da descrição original do tema Traduções: “A literatura eletrónica é uma transação entre linguagem e código. Contém muitas vozes. Queremos entender a literatura eletrónica como tradução no sentido mais amplo possível.” Começando pelo diagnóstico provocatório de Stuart Moulthrop sobre o estado da nação eletrónica, o sentido alargado de tradução refletido neste número estende-se à remediação ou apropriação de modernistas europeus como Raymond Roussel e Fernando Pessoa, e à recriação dos contos de fadas dos Irmãos Grimm. Outros tópicos incluem a relação entre cognição algorítmica e humana, a tradução de Inanimate Alice para português, a edição eletrónica da autocensura, uma revisitação dos efeitos da hiperficção sobre a leitura das crianças e uma reflexão sobre a criação de recursos digitais para a literacia literária no contexto brasileiro. O artigo de Simon Biggs sobre a sua instalação imersiva de rastreamento do movimento fornece ainda outra abordagem para a noção expandida de tradução enquanto mediação material corporizada.
Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa)
Manuel Portela (Universidade de Coimbra)