“Nós matamos o Cão Tinhoso” e Monólogos com a História: entre a literatura e o cinema
reescritas e memórias moçambicanas
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_13_9Palavras-chave:
memórias, reescrita, adaptação, Luís Bernardo Honwana, Sol de CarvalhoResumo
Esta investigação parte de imagens simbólicas recorrentes na literatura e no cinema produzidos durante o período do colonialismo tardio e também no pós-independência que interpelam o projeto de nação que se ambicionou para Moçambique. Pretende-se, portanto, revelar tais imagens e responder à indagação: como este projeto aparece questionado, nas obras artísticas de autores moçambicanos, que compõem o corpus deste estudo, por meio de reescritas e memórias? Remetendo-se ao passado colonial e revolucionário, os contos e o filme analisados refletem múltiplas motivações, por vezes sobrepostas, como a atualização, a contemporização, ou ainda a contraposição. Identificaram-se diálogos entre memórias, a literatura e o cinema, na busca por possíveis interpretações e (re)leituras do passado e da História, no presente. O conto fundacional “Nós matámos o Cão-Tinhoso” (2008[1964]), de Luís Bernardo Honwana, é retomado por Hélder Faife na narrativa “O Cão Tinhoso” (2013). Monólogos com a História (2019), do cineasta Sol de Carvalho, foi realizado sob a inspiração do conto “Um diálogo à beira duma sepultura” (2011), de Aldino Muianga. As figuras dos espectros e das ruínas, em relação com o mundo dos vivos, são frequentes nas obras literárias e no filme referidos, constituindo as categorias de análise que o artigo propõe desenvolver.
Downloads
Referências
Álvares, Cristina, et. al. (Orgs.) (2019). Cães e imaginário: literatura, cinema, banda desenhada (pp. 7-13). V. N. Famalicão: Húmus. http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/61700
Araújo, Alberto Filipe (2019). “O simbolismo do cão em drácula de Bram Stoker. Um estudo mito-crítico”, in Cristina Álvares et. al. (Orgs.) Cães e imaginário: literatura, cinema, banda desenhada (pp. 33-48). V. N. Famalicão: Húmus. http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/61700
Butler, Judith (2000). “Restaging the universal hegemony and the limits of formalism”, in Judith Butler et. al. (Eds.). Contingency, hegemony, universality: contemporary dialogues on the left (pp. 11-43). London and New York: Verso.
Chaves, Rita (2020). “História, memória e ficção em textos e contextos africanos: notas sobre Moçambique”. EXILIUM Revista de Estudos da Contemporaneidade, 1(1), 151-177. https://doi.org/10.34024/exilium.2020.v.11282
Couto, Mia (2005). Pensatempos. Lisboa: Caminho.
Coelho, João Paulo Borges (2016). “Memória das guerras moçambicanas”, in António Sousa Ribeiro e Margarida Calafate
Ribeiro (Orgs.). Geometrias da memória: configurações pós-coloniais (pp. 327-337). Coimbra: Edições Afrontamento.Coelho,
João Paulo Borges (2019). “Política e História Contemporânea em Moçambique: dez notas epistemológicas”. Revista De História, (178), 1-19. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.146896
Craveirinha, José (2002). “Prefácio à edição portuguesa”, in Mia Couto. Vozes anoitecidas (pp. 9-12). 7ª edição, Lisboa: Caminho [1987].
Custódio, Nuno Pinto (s/d.). “Nós matámos o cão tinhoso!”, disponível em https://www.buala.org/pt/palcos/nos-matamos-o-cao-tinhoso [consultado em 28 de abril de 2023].
de Miranda, Maria Geralda (2015). “Cinema africano em foco: entrevista com o cineasta Sol de Carvalho”. Revista Mulemba, 7(12), 21-28. https://doi.org/10.35520/mulemba.2015.v7n12a5020
Faife, Hélder (2013). “O Cão Tinhoso”. Pandza!, 7-8. Maputo: Alcance Editores.
Gross, Ricardo (2022). Entrevista com Isabela Figueiredo - "O criador está inteiramente na sua obra, seja ela o que for", disponível em https://www.agendalx.pt/2022/12/17/isabela-figueiredo/ [consultado em 28 de abril de 2023].
Honwana, Luís Bernardo (2008). Nós matámos o Cão-Tinhoso. Lisboa: Edições Cotovia [1964].
Honwana, Luís Bernardo (2017). A velha casa de madeira e zinco. Maputo: Alcance Editores.
Hutcheon, Linda (2013). Uma teoria da adaptação. Trad. André Cechinel. 2ª edição, Florianópolis: Ed. da UFSC.
Jenny, Laurent (1979). “A estratégia da forma”. Poétique, 27. Coimbra: Almedina.
Khan, Sheila (2018). “Entre realidades e cenários: Dever e Autoridade de narrar a nação entre imagens”, in Ana Mafalda Leite et. al. (Eds.). Nação e Narrativa Pós-Colonial III (pp. 65-77). Lisboa: Editora Colibri.
Khan, Sheila (2022). “Uma etnografia de ausências: Moçambique, História e Uma Memória em três atos” in Moisés de Lemos Martins et. al. (Orgs.). Portugal e Moçambique – Travessias identitárias e imaginários do passado e do presente (pp. 91-105). V. N. Famalicão: Húmus/CECS. https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/80870
Kristeva, Julia (2005). Introdução à semanálise. Trad. Lúcia Helena França Ferraz. 2ª edição, São Paulo: Perspectiva.
Levi, Primo (1997). O dever de memória. Trad. Esther Mucznik. Porto: Civilização.
Lovegrove, Sofia (2021). “Ciclo perpétuo”: memórias (re)aparecidas e práticas decoloniais no Tarrafal, Cabo Verde”. Memoirs Newsletter, (134), 1-5. http://hdl.handle.net/10316/95962
Macedo, Lurdes, Almeida, Viviane e Zanete, Renata Flaiban (2022). “Temporalidades sobrepostas. Notas sobre re-existir para além de resistir em Luís Bernardo Honwana”, in Moisés de Lemos Martins et. al. (Orgs.). Portugal e Moçambique – Travessias identitárias e imaginários do passado e do presente (pp. 223-242). V. N. Famalicão: Húmus/CECS. https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/80870
Machado, Arlindo (2003). “O Filme-Ensaio”. Concinnitas, 2(5): 63-75. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/view/42804
McMillin, Divya C. (2009). Mediated Identities. Youth, Agency & Globalization. New York: Peter Lang Publishing.
Muianga, Aldino (2011). “Um diálogo à beira duma sepultura”, in Aldino Muianga, Mitos, estórias de espiritualidade (pp. 9-11). Maputo: Alcance Editores.
Neves, Márcia (2016). Zooficções. Lisboa: IELT-FCSH/NOVA. https://ielt.fcsh.unl.pt/3d-flip-book/zooficcoes/
Ondjaki (2007). “Nós choramos pelo Cão Tinhoso”, in Ondjaki, Os da minha rua. (pp. 123-128). Lisboa: Caminho.
Pereira, Ana Cristina Ribeiro (2019). Alteridade e identidade na ficção cinematográfica em Portugal e em Moçambique. Tese de Doutoramento. Braga: Universidade do Minho. http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/65858
Ribeiro, António Sousa (2022). "Contingências de um conceito – A pós-memória da primeira geração". Revista de Letras, III(4): 13-21. Disponível em http://hdl.handle.net/10316/103975 [consultado em 10 de março de 2023].
Ribeiro, Margarida Calafate (2016). “A casa da Nave Europa – miragens ou projeções pós-coloniais?”, in António Sousa Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro (Orgs.). Geometrias da memória: configurações pós-coloniais (pp. 15-42). Coimbra: Edições Afrontamento.
Sarlo, Beatriz (2005). Paisagens imaginárias: intelectuais, arte e meios de comunicação. São Paulo: Edusp [1997].
Sarmento, João (2019). “The aesthetics of ruins: failure, decay, planning and poverty”. Finisterra, 53(109), 171–175. https://doi.org/10.18055/Finis11806
Sarr, Felwine (2019). Afrotopia. São Paulo: N-1 edições.
Vecchi, Roberto (2018). “Depois das testemunhas, as sobrevivências”. Memoirs Newsletter, 18: 18. https://issuu.com/_albertopereira/docs/memoirs_encarte_web?utm_medium=referral&utm_source=memoirs.ces.uc.pt
Filmes
Caminhos da Paz. Dir. Sol de Carvalho, Promarte e Filmwork, Moçambique, Itália, Estados Unidos da América, 2012. 90 min.
Monólogos com a História (Trailer). Dir. Sol de Carvalho, Real Ficção, Moçambique, 2019. 1 min. 28 seg.
Monólogos com a História. Dir. Sol de Carvalho, Real Ficção, Moçambique, 2019. 18 min.
Entrevista
Sol de Carvalho, realizada pelas autoras, via plataforma zoom, em 08 de março de 2023.
##submission.downloads##
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 Revista de Estudos Literários

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Os autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.