Edições Anteriores
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A Sátira: Teorias & Práticas
Vol. 7 (2017)De acordo com uma política editorial que adotou desde a sua criação, a Revista de Estudos Literários do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra publica números temáticos que privilegiem matérias com inquestionável relevância, no campo da Humanidades e das literaturas de língua portuguesa. A questão da sátira é aquela que agora nos ocupa. Conforme assinalam Marta Teixeira Anacleto e Maria João Simões, responsáveis pela organização deste número, a abordagem da sátira permite “a constatação das suas simultâneas autonomia e contiguidade formais, relativamente a outras categorias literárias e plásticas, como o belo, o sublime, o trágico, o grotesco, o humorístico, o caricatural, e, num outro limiar de funcionamento, a ironia e a paródia”. Deste ponto de vista, a sátira aproxima-se daquilo a que Roman Ingarden chamou essencialidades da literatura, numa época em que a reflexão teórica se desenrolava predominantemente em torno do fenómeno literário. Não acontece assim nos nossos dias. De acordo com as organizadoras deste volume, “pela sua versatilidade constitutiva e teórica, pelo seu caráter proteico, [a sátira] pode ser permeável a mecanismos de metarreflexividade e de autorreflexividade que alargam o seu espetro de intervenção política e social, gradualmente acentuado e diferentemente trabalhado, ao longo dos séculos.”. O elenco de ensaios aqui publicados confirma, de forma muito expressiva, aquele alargamento, tanto no plano diacrónico como no plano diatópico e ainda no respeitante a práticas transliterárias, em situações e em linguagens que a isso se adequam. A poética do satírico e a sua questionação como problema estético, a representação da sátira em autores tão distanciados no tempo como Diogo Bernardes e Mário de Carvalho, a modulação satírica em contexto musical pop-rock são, entre outras, manifestações claras da pertinência deste tema.
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Eça e Machado: Diálogos Transatlânticos
Vol. 6 (2016)O presente número da Revista de Estudos Literários é consagrado, na sua secção mais alargada, a Eça de Queirós e a Machado de Assis, congraçados por uma designação sugestiva: diálogos transatlânticos. Resulta esta secção temática de um colóquio internacional que teve lugar, de 22 a 24 de outubro de 2015, em Indiana University, com organização de Kathryn Bishop-Sanchez, de Luciana Namorato e de Estela Vieira. O referido colóquio reuniu, no belo campus de Bloomington, um conjunto alargado de especialistas nas obras queirosiana e machadiana, que ali reabriram a questão do diálogo entre os dois grandes escritores. Não, esclareça-se, nos termos estafados que, durante anos, se fixaram na questão das “influências”, mas antes procurando linhas de afinidade e de divergência, de confluência e de diferenciação entre os dois maiores romancistas da língua portuguesa. Este número da Revista de Estudos Literários completa-se com uma secção não-temática, com outra de recensões críticas e com um arquivo em que se regressa às relações Eça-Machado. As duas cartas insertas no mencionado arquivo dizem alguma coisa acerca daquela espécie de diálogo tácito que ligou dois escritores que se admiravam mutuamente.
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Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Vol. 5 (2015)O número da Revista de Estudos Literários que agora se publica contempla, na sua secção temática, um domínio de estudos que nos últimos anos tem conhecido um desenvolvimento acelerado, em vários planos. Um desenvolvimento que, não há que escondê-lo, não é imune a vontades e a projetos políticos, com marca ideológica indisfarçável. Aquilo a que, para a conceção e organização deste número, chamamos Literaturas Africanas de Língua Portuguesa corresponde a uma área muito ampla de produção literária, com manifestações desiguais em países que resultaram, enquanto Estados independentes, da descolonização portuguesa subsequente a 1974.
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Personagem e Figuração
Vol. 4 (2014)O presente número da Revista de Estudos Literários procede à publicação das intervenções do quarto colóquio “Figuras da Ficção”, realizado a 4 e 5 de novembro de 2013, na Faculdade de Letras de Coimbra. Com uma exceção, nele participaram já ou continuam a participar os autores dos textos que adiante podemos ler, distribuídos por três secções, a saber: em “Teoria, figuração, interpretação” encontram-se três das conferências apresentadas no colóquio “Figuras da Ficção 4”, tratando de questões de teoria, de análise interdisciplinar e transnarrativa, bem como de exegese renovada, à luz da problemática da figuração; em “Figuração literária: estudos de personagem” a questão da figuração (uma questão que é axial, tendo em vista as bases e os objetivos do projeto) orienta-se para a análise de casos específicos; em “Figurações transmediáticas” são inseridos aqueles textos que, confirmando o potencial de diversificação dos estudos narrativos e dos estudos de personagem, abordam narrativas do chamado universo mediático, em que a figuração e a figura ficcional conhecem também um destaque apreciável: no discurso de imprensa, na banda desenhada, no cinema, no relato televisivo e no universo digital.
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Ensino da Literatura
Vol. 3 (2013)Encontrando-se em evidente situação de perda, o Ensino da Literatura vê-se hoje cada vez mais questionado na Escola e na Universidade. Inquirir as razões do fenómeno e saber como é que ele pode ser enfrentado no plano institucional e no plano das práticas concretas constitui o objetivo do número 3 da Revista de Estudos Literários. Neste sentido, o volume equaciona problemas de caráter geral como a questão do ensino da língua e da literatura ou o testemunho que professores-escritores legaram da sua experiência, contrariada, relutante ou entusiasta. Numa perspetiva mais prática, analisa-se o programa de Português do ensino básico, em vigor desde 2009, destacando o reforço do espaço concedido ao texto literário, de complexidade e extensão varíavel, clássico e contemporâneo, e ensaiam-se propostas didáticas iluminadoras de um cânone que continua a suscitar fé inabalável, desde a epopeia ou a verve parodística, que ambiguamente reescreve modelos consagrados, à adaptação neutralizadora da opacidade do clássico, para consumo escolar. Num registo menos endógeno, sugere-se o diálogo interartes, integrador do texto literário num concerto de afinidades ou a instigação ética como forma de explorar o potencial formativo da literatura. Já fora do âmbito da formação académica obrigatória, discutem-se ainda as virtualidades didáticas da literatura na lecionação do Português como língua estrangeira, envolvendo a candente questão da interculturalidade, e na formação superior em Jornalismo.
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Literatura no Século XXI
Vol. 2 (2012)O foco de atenção deste volume dirige-se para os aspetos tecnológicos e materiais que têm transformado as práticas de criação, comunicação e leitura literária, e cujos efeitos se fazem sentir transversalmente na cultura atual. Esta cultura tem sido descrita cada vez com mais frequência como uma cultura do software, isto é, como uma cultura cujas práticas e formas são mediadas e determinadas por programas digitais. A ubiquidade da mediação digital significa que se torna hoje difícil circunscrever práticas e formas artísticas que não tenham, em menor ou maior grau, integrado as novas condições materiais de produção nos seus processos. No caso particular da arte literária, a alteração em curso da ecologia medial implica a reconfiguração da relação entre o impresso e o digital, num processo que não é apenas de concorrência, mas também de cooperação e de retroalimentação. Considerar o tema "literatura no século XXI" significa, neste caso, pensar a textualidade digital e a presença crescente do computador e da programação nas práticas literárias pós-World Wide Web.
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Os Estudos Literários em Portugal no Século XX
Vol. 1 (2011)Enquanto objecto de investigação e área específica de ensino, a Literatura é hoje muitas vezes questionada nos seus fundamentos e até na sua relevância social e institucional. Sabemos que boa parte dessa desconfiança resulta da crise que afecta as Humanidades no seu todo. Mas, sem que isso seja posto em relevo, uma outra parcela desse cepticismo deriva também do rumo que os estudos literários têm assumido nos últimos tempos. Assim entendemos começar: com a consciência das nossas limitações, porque é sabido que uma parte considerável dos problemas que os estudos literários e humanísticos hoje enfrentam é de carácter exógeno; mas também com a determinação forte de querer contribuir para superar uma situação menos favorável, naquilo que nela também existe também de endógeno e de, por isso mesmo, mais facilmente remediável. A estrutura habitual da revista será aquela que neste primeiro número se define. Existirá sempre um núcleo temático central, que, no presente caso, são os estudos literários em Portugal no Século XX.