Poesia a abater na década de 1950
Os casos de “Cancioneiro Geral”, Egito Gonçalves e Bernardo Santareno
DOI:
https://doi.org/10.14195/2183-847X_13_12Palavras-chave:
Poesia portuguesa do séc. XX, Censura ao livro no Estado Novo, Censura literária, Poesia e reescrita, memória literáriaResumo
Este artigo aborda a poesia portuguesa censurada na década de 1950, tendo em conta um estudo preliminar sobre a biblioteca de referência dos Serviços de Censura da ditadura salazarista. Desta biblioteca, resgataram-se logo em 1974 cerca de 1 000 exemplares com carimbos, selos e cortes. Contudo, estes livros foram revelados ao público apenas em 2022, na exposição inédita Obras Proibidas e Censuradas no Estado Novo, na Biblioteca Nacional de Portugal. Deste modo, a análise parte de uma seleção de 10 livros recuperados para se focar na coleção “Cancioneiro Geral” (1950-58), com a qual o Centro Bibliográfico moldou a segunda vaga neorrealista; no penúltimo livro desta coleção, A viagem com o teu rosto (1958), de Egito Gonçalves; e noutra obra que também sofreu cortes severos, Romances do mar (1955), de Bernardo Santareno. Consideram-se questões de memória literária, impacto e legado censório, investigando se houve alterações provocadas pela atuação dos Serviços de Censura, ou mesmo reescrita, nas edições posteriores de Gonçalves e Santareno durante e após a ditadura.
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